Chegamos bravamente ao número 300 do Misturinha, colecionamos amigos, uma lista enorme de simpatizantes e colaboradores e nada disso seria possível sem o apoio e a presença constante (nos bastidores) do Fabio Zero. Parceiro do Efeito Coletivo e um artista brilhante.
Jenner: Você originalmente tocava bateria… é isso mesmo ?
FZero: Na verdade não, eu comecei tocando computador usando Scream Tracker no DOS. A bateria veio muito depois.
Jenner: Conta um pouco da sua historia do Gerador Zero e como foi o início…
FZ: No começo era eu e um 486 nos idos de 1994. Eu fazia música para mim usando trackers e trocava arquivos com um pessoal que fazia o mesmo através de canais de IRC na época da internet a manivela. Como os trackers são basicamente samplers com um sequencer bem simples, desde o começo o que eu fazia era picotar músicas para criar outras. De uma saía o kick, de outra os hi-hats, timbres de baixo e por aí vai. Até hoje eu ainda trabalho melhor assim, catando sons legais de outras músicas e transformando em outras coisas. Não costumo pegar loops inteiros, só sons isolados mesmo. Eu não tocava de verdade nessa época, mas isso mudou em 1998 quando o Marcelo Rosauro - um designer carioca - me chamou para fazer um evento para lançar um CD-ROM de tipografia. Na época não existiam os termos “live PA” ou mesmo “vj”, mas o que nós fizemos foi exatamente isso: enquanto ele projetava os visuais do CD-Rom num telão, eu tocava música eletrônica ao vivo. Logo depois do show começaram a perguntar se eu tinha um CD com as músicas para vender. Foi aí que a coisa começou a ficar séria e o Gerador Zero nasceu, com o primeiro CD-R demo lançado em 1999 pelo selo Hipocampo.
Jenner: O Gerador Zero em 2003 tocou no Free Jazz abrindo pro ColdCut e Front 242 - entre os trabalhos de musica eletronica do Rio de Janeiro foi o que teve mais destaque…
FZ: O GZ já teve várias formações. Começou só comigo, mas já chegou a ter cinco pessoas. Na época em que pintou a proposta para tocar no Tim Festival nós éramos três: Eu, Sandro Rib e Mary Fê, ambos nas guitarras. Nós conhecemos o pessoal do Coldcut que conversou bastante com a gente - inclusive tanto eles quanto nós fomos pioneiros no uso de Ableton Live para fazer shows. O Front 242 tocou no mesmo dia, mas eles são mais fechadões, não chegou a rolar um papo mais extenso. Também fizemos amizade com o Phillipe do Gotan Project, que tocou no mesmo festival em outro dia. Good times.
Jenner: Em 2004, criamos o Efeito Coletivo (um coletivo dos 5 trabalhos de e-music mais importantes do Rio): Gerador Zero, Ouvintes, John Merrick Experience, Flu e Voz Del Fuego e começamos a produzir shows, festas e o programa da Radio Viva Rio onde lançamos muita gente nova no rádio…
FZ: Eu sempre quis ter um programa de rádio, então quando o Nervoso chamou a gente para ocupar uma hora do América Perdida eu não quis deixar a oportunidade passar. Estava pouco ligando se a rádio tinha pouca audiência ou se eu estava trabalhando em algo que nunca daria lucro: ERA UM PROGRAMA DE RÁDIO DE VERDADE! Eu brincava disso quando era criança, gravando músicas em fitas cassete e falando em cima. Quando a rádio fechou nós resolvemos continuar por conta própria, afinal dá para transmitir na internet de graça e com mais flexibilidade, certo? E foi bem legal até cada um querer seguir o seu caminho, alguns com seus próprios podcasts. A cena na época do Efeito Coletivo estava meio estagnada. Não é como agora, com vários projetos brasileiros fazendo sucesso no exterior. Para se ter uma idéia, o MySpace ainda não era isso tudo e o Orkut ainda tinha gente que sabia escrever - ou seja, foi há muito tempo atrás. :-). O Efeito Coletivo (o programa e as festas) foi um dos poucos esforços que quase criaram uma cena no Rio de Janeiro. Houve outros pontos altos, como o Projeto Plug e a festa Loud, quando tinha acabado de se mudar para o Cine íris. Mas hoje acho que há esperança: o pessoal da festa Moo e do podcast Válvula http://www.valvu.la/blog/ estão conseguindo juntar gente com pé no chão e cabeça boa para levar a coisa para a frente de novo.
Jenner: Em 2004 você apresentou o concerto com harpa e de lá pra cá tem alçado outros voos, criou o Me Chupa para mashups e mudou-se para SP…
FZ: O Concerto surgiu meio que por acidente. Eu estava tocando sozinho de novo depois que o Sandro e a Mary saíram do Gerador Zero. Fui convidado para tocar num projeto de música experimental no CCBB e queria apresentar algo novo, então falei com o Marco Monteiro - um harpista muito amigo meu que sempre gostou de eletrônica e pop - e nós montamos o show. Daí em diante nos apresentamos várias vezes e gravamos algumas músicas. É um dos meus projetos preferidos até hoje. O MECHUPA foi outro quase-acidente. Ele nasceu de uma discussão numa lista de emails onde eu dizia que mash-ups são a forma mais ridícula de música eletrônica e que qualquer um com meio neurônio e meia hora de prática com Acid ou Ableton consegue fazer. Alguém me respondeu “então faz aí!” e eu pensei “quer saber? vou fazer mesmo!” e nasceu o MECHUPA. Ridículo, não? :-) O fato é que mash-ups não são apenas fáceis de fazer como também enchem o saco depois de um tempo. Se eu tiver saco de novo até faço mais alguns, mas considero isso fácil demais e não tenho muita paciência atualmente para perder meia hora fazendo um.
Sobre São Paulo eu não tenho muito o que dizer. Eu não vivo de música e estava desempregado no Rio. Recebi uma proposta de trabalho em SP e me mudei. É uma cidade um pouco mais organizada que o Rio e com trânsito muito pior.
A noite por aqui, por incrível que pareça, está em crise de criatividade. Embora existam mais lugares, não existem festas bacanas e variadas como a Moo, por exemplo. A impressão que dá é que o pessoal atolou na lama do electro-house para não sair mais. Claro que é sempre possível achar festas dos mais variados estilos - e nisso SP é imbatível -, mas o que está recebendo mais atenção da “mídia” é a legião de imitadores baratos do Justice (sim, ainda).
Jenner: Você originalmente tocava bateria… é isso mesmo ?
FZero: Na verdade não, eu comecei tocando computador usando Scream Tracker no DOS. A bateria veio muito depois.
Jenner: Conta um pouco da sua historia do Gerador Zero e como foi o início…
FZ: No começo era eu e um 486 nos idos de 1994. Eu fazia música para mim usando trackers e trocava arquivos com um pessoal que fazia o mesmo através de canais de IRC na época da internet a manivela. Como os trackers são basicamente samplers com um sequencer bem simples, desde o começo o que eu fazia era picotar músicas para criar outras. De uma saía o kick, de outra os hi-hats, timbres de baixo e por aí vai. Até hoje eu ainda trabalho melhor assim, catando sons legais de outras músicas e transformando em outras coisas. Não costumo pegar loops inteiros, só sons isolados mesmo. Eu não tocava de verdade nessa época, mas isso mudou em 1998 quando o Marcelo Rosauro - um designer carioca - me chamou para fazer um evento para lançar um CD-ROM de tipografia. Na época não existiam os termos “live PA” ou mesmo “vj”, mas o que nós fizemos foi exatamente isso: enquanto ele projetava os visuais do CD-Rom num telão, eu tocava música eletrônica ao vivo. Logo depois do show começaram a perguntar se eu tinha um CD com as músicas para vender. Foi aí que a coisa começou a ficar séria e o Gerador Zero nasceu, com o primeiro CD-R demo lançado em 1999 pelo selo Hipocampo.
Jenner: O Gerador Zero em 2003 tocou no Free Jazz abrindo pro ColdCut e Front 242 - entre os trabalhos de musica eletronica do Rio de Janeiro foi o que teve mais destaque…
FZ: O GZ já teve várias formações. Começou só comigo, mas já chegou a ter cinco pessoas. Na época em que pintou a proposta para tocar no Tim Festival nós éramos três: Eu, Sandro Rib e Mary Fê, ambos nas guitarras. Nós conhecemos o pessoal do Coldcut que conversou bastante com a gente - inclusive tanto eles quanto nós fomos pioneiros no uso de Ableton Live para fazer shows. O Front 242 tocou no mesmo dia, mas eles são mais fechadões, não chegou a rolar um papo mais extenso. Também fizemos amizade com o Phillipe do Gotan Project, que tocou no mesmo festival em outro dia. Good times.
Jenner: Em 2004, criamos o Efeito Coletivo (um coletivo dos 5 trabalhos de e-music mais importantes do Rio): Gerador Zero, Ouvintes, John Merrick Experience, Flu e Voz Del Fuego e começamos a produzir shows, festas e o programa da Radio Viva Rio onde lançamos muita gente nova no rádio…
FZ: Eu sempre quis ter um programa de rádio, então quando o Nervoso chamou a gente para ocupar uma hora do América Perdida eu não quis deixar a oportunidade passar. Estava pouco ligando se a rádio tinha pouca audiência ou se eu estava trabalhando em algo que nunca daria lucro: ERA UM PROGRAMA DE RÁDIO DE VERDADE! Eu brincava disso quando era criança, gravando músicas em fitas cassete e falando em cima. Quando a rádio fechou nós resolvemos continuar por conta própria, afinal dá para transmitir na internet de graça e com mais flexibilidade, certo? E foi bem legal até cada um querer seguir o seu caminho, alguns com seus próprios podcasts. A cena na época do Efeito Coletivo estava meio estagnada. Não é como agora, com vários projetos brasileiros fazendo sucesso no exterior. Para se ter uma idéia, o MySpace ainda não era isso tudo e o Orkut ainda tinha gente que sabia escrever - ou seja, foi há muito tempo atrás. :-). O Efeito Coletivo (o programa e as festas) foi um dos poucos esforços que quase criaram uma cena no Rio de Janeiro. Houve outros pontos altos, como o Projeto Plug e a festa Loud, quando tinha acabado de se mudar para o Cine íris. Mas hoje acho que há esperança: o pessoal da festa Moo e do podcast Válvula http://www.valvu.la/blog/ estão conseguindo juntar gente com pé no chão e cabeça boa para levar a coisa para a frente de novo.
Jenner: Em 2004 você apresentou o concerto com harpa e de lá pra cá tem alçado outros voos, criou o Me Chupa para mashups e mudou-se para SP…
FZ: O Concerto surgiu meio que por acidente. Eu estava tocando sozinho de novo depois que o Sandro e a Mary saíram do Gerador Zero. Fui convidado para tocar num projeto de música experimental no CCBB e queria apresentar algo novo, então falei com o Marco Monteiro - um harpista muito amigo meu que sempre gostou de eletrônica e pop - e nós montamos o show. Daí em diante nos apresentamos várias vezes e gravamos algumas músicas. É um dos meus projetos preferidos até hoje. O MECHUPA foi outro quase-acidente. Ele nasceu de uma discussão numa lista de emails onde eu dizia que mash-ups são a forma mais ridícula de música eletrônica e que qualquer um com meio neurônio e meia hora de prática com Acid ou Ableton consegue fazer. Alguém me respondeu “então faz aí!” e eu pensei “quer saber? vou fazer mesmo!” e nasceu o MECHUPA. Ridículo, não? :-) O fato é que mash-ups não são apenas fáceis de fazer como também enchem o saco depois de um tempo. Se eu tiver saco de novo até faço mais alguns, mas considero isso fácil demais e não tenho muita paciência atualmente para perder meia hora fazendo um.
Sobre São Paulo eu não tenho muito o que dizer. Eu não vivo de música e estava desempregado no Rio. Recebi uma proposta de trabalho em SP e me mudei. É uma cidade um pouco mais organizada que o Rio e com trânsito muito pior.
A noite por aqui, por incrível que pareça, está em crise de criatividade. Embora existam mais lugares, não existem festas bacanas e variadas como a Moo, por exemplo. A impressão que dá é que o pessoal atolou na lama do electro-house para não sair mais. Claro que é sempre possível achar festas dos mais variados estilos - e nisso SP é imbatível -, mas o que está recebendo mais atenção da “mídia” é a legião de imitadores baratos do Justice (sim, ainda).
Jenner: hahahhaha… Justice who?
FZero: Eu ainda quero fazer lives, mas quando isso fizer sentido. No momento está ok tocar alguns DJ sets de vez em quando. Eu não sou mais moleque. Desisti de trabalhar de graça. Shows dão trabalho e, se eu tiver que pagar transporte, montagem, som, lugar, estúdio de ensaio e todo o resto só para ter alguma gratificação pessoal (e nem isso é garantido!), tô fora. Mas estou produzindo bastante. Tenho algumas músicas novas (duas estão nesse misturinha 300!) e ainda estou decidindo como vou lançá-las. Duvido muito que eu vá lançar um álbum completo - muito menos em CD, que é um meio que já morreu - mas pretendo tentar algum tipo de lançamento comercial. Vamos ver.
Gerador Zero >> http://www.geradorzero.com/
MECHUPA >> http://www.geradorzero.com/mechupa/
fotos >> http://picasaweb.google.com/mondof0
blog >> http://grosserias.blog.br/
twitter >> http://twitter.com/fzero
BitBang! podcast >> http://bitbang.geradorzero.com/
FZ dj set
01. Prodigy - Stand up
02. Royksopp - Sombre Detune
03. Lykke Li - I’m Good I’m Gone
04. Fatboy Slim - First Down
05. Daft Punk - Revolution 909
06. Groove Armada - Fogma
07. Simian Mobile Disco - Hustler
08. Gerador Zero - Take a Break
09. LCD Soundsystem - Us vs Them (Go Home prods. remix)
10. Litle Boots - Stuck on Repeat (Fake Blood remix)
11. Soulwax - E Talking
12. Simian Mobile Disco - Sleep Deprivation
13. Chemical Brothers - Saturate
14. Prodigy - Warriors Dance
15. Leftfield - Storm 3000
16. Gerador Zero - Foreign Key
17. Retrigger - Comancho!
Jenner dj set
18. Joey Beltram - Energy Flash
19. Quadrophenia - Quadrophenia (remix instrumental)
20. Adamski - This Bassline Changed My Life
21. Ecstasy Club - Jesus Loves The Acid
22. Chimo Bayo - A Si Mi Gusta A Mi
23. Dr. Baker - Kaos
24. Robbie Tronco - Fright Train
25. Suzanne Vega - Tom´s Dinner (DNA remix)
26. Soul II Soul - Jazzie´s Groove
27. The Chimes - I Still Haven´t Found What I´m Looking For
28. Bomb the Bass - Say A Little Prayer
29. KLF - What Time is Love (KLF vs Moody Boys)
30. E-Zeee Possee - Everything Starts With An E (Renegade Soundwave mix)
31. The Shamen - Move any Mountain (Beat edit)
32. Praga Khan - Injected with the Poison (Adam Power mix)
33. U96 - Das Boot
34. 2Unlimited - No Limit
35. Ice MC - Think About The Way
36. Elvissa - Oh La La La
37. Capella - You Got To Let The Music
Standard Podcast
TIME: 160'05''
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