Tudo o que você queria saber sobre Woody Allen
Retrospectiva da obra do cineasta, com abertura nesta quarta, traz ao Rio e a São Paulo mais de 40 filmes em película
São muitas as obsessões de Woody Allen: cinema, amor, casamento, traição, adultério, velhice, Ingmar Bergman, Dostoiévski, Marx (Groucho, não Karl), Deus, religião, morte, sexo, sexo e mais sexo. Nenhum cineasta, nos últimos 45 anos, tratou de neuroses, inseguranças e fobias com tanta graça quanto esse hipocondríaco judeu nova-iorquino.
Retrospectiva da obra do cineasta, com abertura nesta quarta, traz ao Rio e a São Paulo mais de 40 filmes em película
São muitas as obsessões de Woody Allen: cinema, amor, casamento, traição, adultério, velhice, Ingmar Bergman, Dostoiévski, Marx (Groucho, não Karl), Deus, religião, morte, sexo, sexo e mais sexo. Nenhum cineasta, nos últimos 45 anos, tratou de neuroses, inseguranças e fobias com tanta graça quanto esse hipocondríaco judeu nova-iorquino.
Quem curte as obsessões de Allen terá um prato cheio a partir de quarta-feira, quando começa a retrospectiva A Elegância de Woody Allen no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio e de São Paulo, com mais de 40 filmes.
Para melhorar, todos serão exibidos em película, o que vai permitir apreciar melhor o trabalho de grandes fotógrafos com quem Allen trabalhou, como Gordon Willis (Coppola), Sven Nykvist (Bergman), Zhao Fei (Zhang Yimou) e Carlo Di Palma (Antonioni).
Assistir aos filmes em ordem cronológica dá uma ideia da trajetória e evolução de Woody Allen como cineasta. O auge se deu a partir da metade dos anos 70, quando dirigiu grandes filmes, como "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (77), "Manhattan" (79) e "Hannah e Suas Irmãs" (86).
A retrospectiva é uma boa chance também de lembrar as influências cinematográficas de Woody Allen. Da mesma forma que Quentin Tarantino, seus filmes são colchas de retalhos de outros cineastas. "Os Trapaceiros" (2000) é uma versão da clássica comédia italiana "Os Eternos Desconhecidos" (58), de Mario Monicelli; "A Rosa Púrpura do Cairo" é inspirado em "Sherlock Jr." (24), de Buster Keaton.
Mas as duas maiores influências de Allen são mesmo Ingmar Bergman e Federico Fellini. Do sueco, Allen tomou emprestado "Sorrisos de uma Noite de Amor" (no seu "Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão", 82), "Morangos Silvestres" ("Desconstruindo Harry", 97), "Gritos e Sussurros" ("Interiores", 78) e "O Sétimo Selo" ("A Última Noite de Boris Grushenko", 75). De Fellini, "La Strada" ("Poucas e Boas", 99), "Oito e Meio" ("Memórias", 78) e "La Dolce Vita" ("Celebridades", 98).
Nos últimos anos, Allen aproveitou seu prestígio na Europa, onde produziu quatro filmes: "Match Point", "Scoop" e "O Sonho de Cassandra", na Inglaterra, e "Vicky Cristina Barcelona", na Espanha. Há informações de um longa a ser rodado no Rio de Janeiro, em 2011.
Enquanto isso não se confirma, Allen voltou a Londres para seu mais recente filme, ainda sem título, estrelado por Anthony Hopkins e Josh Brolin (de "Onde os Fracos Não Têm Vez").
ANDRÉ BARCINSKI
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AS CINCO FACES DE WOODY ALLEN
A mostra exibirá 41 filmes do diretor, produzidos entre 1965 e 2009, em película
A retrospectiva de Woody Allen no CCBB do Rio e São Paulo traz todos os longas-metragens do diretor, desde as comédias "pastelão" do início da carreia aos grandes clássicos dos anos 70 e 80, além de curtas, do documentário "Wild Man Blues", sobre a turnê do grupo de jazz de Allen pela Europa, e do raríssimo média de Jean-Luc Godard, "Meetin' WA".
ANDRÉ BARCINSKI
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AS CINCO FACES DE WOODY ALLEN
A mostra exibirá 41 filmes do diretor, produzidos entre 1965 e 2009, em película
A retrospectiva de Woody Allen no CCBB do Rio e São Paulo traz todos os longas-metragens do diretor, desde as comédias "pastelão" do início da carreia aos grandes clássicos dos anos 70 e 80, além de curtas, do documentário "Wild Man Blues", sobre a turnê do grupo de jazz de Allen pela Europa, e do raríssimo média de Jean-Luc Godard, "Meetin' WA".
Outro destaque é o inédito "Tudo Pode Dar Certo",com Larry David, criador da série de TV "Seinfeld".
Conheça aqui as diferentes "fases" de sua carreira e os melhores filmes de cada uma delas. A programação a seguir traz apenas a primeira exibição de cada filme, no CCBB de São Paulo. (ANDRÉ BARCINSKI)
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A ELEGÂNCIA DE WOODY ALLEN
Quando: de quarta a 13/12
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, tel.: 0/xx/11/ 3113-3651); programação completa em www.woodyallen.com.br
Quanto: R$ 4
1. A FASE "PASTELÃO" (1966 1975)
No início da carreira, a comédia de Allen apelava muito para "gags" visuais. O melhor filme dessa fase é "Dorminhoco" (1973), em que Allen é congelado e ressuscitado 200 anos depois.
"O que Há, Tigresa?" (1966)
Dia 28, sábado, 16h, livre
"Um Assaltante Bem Trabalhão" (1969)
Dia 5, sábado, 16h, livre
"Bananas" (1971)
Dia 20, sexta, 19h, livre
"Tudo o que Você Sempre Quis Saber sobre Sexo Mas Tinha Medo de Perguntar" (1972)
Dia 29, domingo, 20h, 16 anos
"Dorminhoco" (1973)
Dia 22, domingo, 20h, 14 anos
"A Última Noite de Boris Grushenko" (1975)
Dia 25, quarta, 19h, 16 anos
2. A CONSAGRAÇÃO (1977 1987)
O auge como cineasta. Os melhores são "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977) e "Manhattan" (1979), mas a sequência de "Zelig" (1983), "Broadway Danny Rose" (1984),"A Rosa Púrpura do Cairo" (1985) e "Hannah e Suas Irmãs" (1986) impressiona.
"Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977)
Dia 5, sábado, 18h, sessão seguida de debate; 14 anos
"Interiores" (1978)
Dia 6, domingo, 20h, livre
"Manhattan" (1979)
Dia 19, quinta, 19h, 14 anos
"Memórias" (1980)
Dia 6, domingo, 18h, 14 anos
"Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão" (1982)
Dia 25, quarta, 17h, 12 anos
"Zelig" (1983)
Dia 3, quinta, 15h30, livre
"Broadway Danny Rose" (1984)
Dia 4, sexta, 17h, 16 anos
"A Rosa Púrpura do Cairo" (1985)
Dia 28, sábado, 18h, 14 anos
"Hannah e Suas Irmãs" (1986)
Dia 18, quarta, 15h, 14 anos
"A Era do Rádio" (1987)
(Dia 26, quinta, 19h, 12 anos)
3. A FASE BERGMAN (1987 1992)
Allen provou sua obsessão por Ingmar Bergman com uma série de filmes melancólicos. O melhor é "Crimes e Pecados" (1989). Ainda homenageou outro ídolo, John Cassavettes, escalando sua musa Gena Rowlands em "A Outra" (1988).
"Setembro" (1987)
Dia 9, quarta, 15h, 12 anos
"A Outra" (1988)
Dia 27, sexta, 17h, livre
Segmento "Édipo Arrasado", do longa "Contos de Nova York" (1989)
Dia 27, sexta, 19h, 14 anos
"Crimes e Pecados" (1989)
Dia 6, domingo, 16h, 14 anos
"Simplesmente Alice" (1990)
Dia 18, quarta, 17h, 14 anos
"Neblinas e Sombras" (1991)
Dia 21, sábado, 16h, 14 anos
"Maridos e Esposas" (1992)
Dia 2, quarta, 15h, 16 anos
4. ALLEN NO PILOTO AUTOMÁTICO (1994-2003)
Os filmes ficam cada vez mais parecidos. Sem a inventividade dos anos 70, mas com ocasionais lampejos como em "Tiros na Broadway" (1994), "Desconstruindo Harry" (1997) e "Poucas e Boas" (1999).
"Um Misterioso Assassinato em Manhattan" (1993)
Dia 20, sexta, 17h, 12 anos
"Tiros na Broadway" (1994)
Dia 4, sexta, 13h, 16 anos
"Poderosa Afrodite" (1995)
Dia 28, sábado, 14h, 12 anos
"Todos Dizem Eu te Amo" (1996)
Dia 21, sábado, 20h, 12 anos
"Desconstruindo Harry" (1997)
Dia 2, quarta, 17h, 16 anos
"Celebridades" (1998)
Dia 2, quarta, 13h, 18 anos
"Poucas e Boas" (1999)
Dia 19, quinta, 17h, 12 anos
"Os Trapaceiros" (2000)
Dia 4, sexta, 15h, livre
"O Escorpião de Jade" (2001)
Dia 25, quarta, 13h, 14 anos
Curta "Sounds from a Town I Love" (2001)
Dia 19, quinta, 19h, livre
"Dirigindo no Escuro" (2002)
Dia 21, sábado, 14h, livre
"Igual a Tudo na Vida" (2003)
Dia 27, sexta, 13h, 16 anos
"Melinda e Melinda" (2004)
Dia 20, sexta, 13h, 14 anos
5. A FASE EUROPEIA (2005 2008)
Allen, o cineasta nova-iorquino por excelência, fez quatro filmes seguidos na Europa. O mais popular, graças ao elenco, é "Vicky Cristina Barcelona" (2008), mas o melhor é "Match Point - Ponto Final" (2005).
"Match Point - Ponto Final" (2005)
Dia 3, quinta, 13h, 14 anos
"Scoop - O Grande Furo" (2006)
Dia 26, quinta, 13h, 16 anos
"O Sonho de Cassandra" (2007)
Dia 20, sexta, 15h, 14 anos
"Vicky Cristina Barcelona" (2008)
Dia 17, sexta, 15h, 12 anos
O INÉDITO
"Tudo Pode Dar Certo" (2009)
Dia 19, quinta, 14h30, 12 anos
PIADAS CLÁSSICAS
>>Sexo em "Crimes e Pecados":
"A última vez que eu penetrei numa mulher foi quando visitei a Estátua da Liberdade"
>>Hipocondria, em "Hannah e Suas Irmãs":
Irmã: "Dois meses atrás, você achou que tinha câncer!" Woody: "Claro, apareceu uma mancha escura nas minhas costas!" Irmã:"Mas era na sua camisa!" Woody: "E eu lá sabia? Todo mundo ficava apontando para as minhas costas!"
>>Nova York, em "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa": "Você não vê que o resto do país acha que NY é um antro de esquerdistas, comunistas, judeus, pornógrafos e homossexuais? Também acho isso às vezes, e eu moro aqui!"
>>O sentido da vida,em "Desconstruindo Harry":
"Todo mundo sabe que só existe uma verdade: nossas vidas consistem em como escolhemos distorcê-las"
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Carreira do diretor é dividida pela paixão por três musas
Tem gente que, quando tenta lembrar de algum fato do passado, usa namoradas/os como marcadores. O que eu estava fazendo mesmo em 1999? Ah, namorando fulano/a de tal.
Com Woody Allen é mais ou menos assim. Com uma produção tão extensa, não raro lembramos da musa da vez do cineasta, e não da trama do filme.
Há ao menos três atrizes às quais ele foi mais fiel -nas telas. O caso mais longo de Woody (73 anos e 1,65m, segundo o site Imdb), foi com Mia Farrow (64 anos e 1,63m), com quem fez 13 filmes.
Na vida real, sabemos, as coisas não terminaram bem -Woody acabou se casando com a filha adotiva do casal.
Não são poucos os que consideram Mia a mais chata. Acabou fixando a imagem de mulher problemática, como em "Hannah e Suas Irmãs", ou da romântica boba ("A Rosa Púrpura do Cairo"). É em "Zelig", no papel da psicóloga que cuida do personagem-camaleão, que temos a chave para a relação.
Com Diane Keaton (63 anos e 1,69m), fez sete filmes. Por ter estrelado "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", ela é quem melhor combina com o lado intelectual, cool e louquinho de Woody. A personagem Annie Hall, com a gravata e colete preto sobre a camisa branca, e o bordão de nervosismo ("La-di-da"), virou um clássico.
Já Scarlett Johansson (24 anos e 1,60m) fez três filmes. Ora é a femme fatale, ora é a loira tontinha. Woody não é bobo.
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
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