sexta-feira, 27 de maio de 2011


Baú das Séries: Firefly

André Fellipe da Silva | Baú das Séries | 21/05/2011 - 1:37

Vistam seus casacos marrons e cliquem aqui. Pronto, agora vocês estão prontos para dar uma volta na Serenity e lembrar essa magnífica série que a FOX tirou de nós.

Spoilers Abaixo:
Joss Whedon estava achando que ficção científica tinha se tornado “muito inocente e ilustre”. Após ler o livro The Killer Angels começou a pensar numa série sobre pessoas que tinham que sobreviver dia após dia nas mais difíceis situações depois de sentir o gosto amargo do fracasso. Com essa ideia na cabeça, ele adicionou um pouco de western, um pouco de Star Wars e doses perfeitas de suspense e humor e em 14 episódios (e um filme) teve como objetivo principal “contar o dia a dia de um Han Solo, fora de uma causa maior”. A partir disso surgiu sua obra prima que todos nerds viciados em séries conhecem: Firefly.

A série estreou na Fall Season de 2002 como a mais nova marca da grife do criador de Buffy e Angel e se passava no ano de 2517 onde a Terra já não é capaz de sustentar o crescimento da população e os seres humanos precisaram emigrar para outro sistema solar para sobreviver. Ao encontrar novos planetas, eles tinham que passar por um processo para que fossem capazes de sustentar vida, o que não ocorria sempre por falta de apoio econômico do governo que acabava deixando os ambientes secos e de difícil subsistência, o que foi uma ideia genial para criar um clima de velho oeste nessas regiões contrastando com toda a paisagem futurística que era mostrada nas partes mais ricas do universo. Para fugir do totalitarismo político único exercido pela Aliança os rebeldes (casacos marrons) foram à guerra, mas infelizmente foram derrotados no que ficou conhecida como Guerra da Unificação.

Em sua única temporada Firefly apresentou as aventuras da tripulação da nave Serenity em meio a todas essas situações. Comandada pelo Capitão Malcolm “Mal” Reynolds (Nathan Fillion), também conhecido como Han Solo das séries de TV, um herói que étudo que um herói não é”, seu primeiro imediato é Zoe (Gina Torres) que exibe uma lealdade incrível ao seu capitão e só desobedeceu a uma ordem dele uma vez na vida, quando ele “pediu” que ela não se casasse com Wash (Alan Tyduk), o piloto da Serenity que se incomoda com o fato de Mal e sua esposa terem lutado no mesmo lado na guerra. Jayne (Adam Baldwin) representa o clássico “músculos, mas nenhum cérebro” e é o relações públicas da Serenity, Kaylee é a doce mecânica da nave e tem uma queda por Simon (Sean Maher) o médico que chegou para abalar a nossa “tranquila” tripulação ao transportar sua irmã River (Summer Glau) que acabara de libertar de um laboratório da Aliança porque ela estava sendo usada como cobaia de experimentos por causa de seu cérebro absurdamente genial. Para completar temos o Pastor Book (Ron Glass) que é um tipo de guia espiritual da nave e Inara (Morena Baccarin), uma acompanhante profissional que tem uma grande tensão sexual com Mal que claramente não gosta do que ela faz para viver. Cada uma das personagens são essenciais tanto para o funcionamento da nave como para o desenvolvimento da trama e é importante lembrar que mesmo só possuindo 14 episódios, a série trabalhou muito bem a evolução de cada membro da tripulação.

O grande trunfo de Firefly foi o estilo space western que ela apresentava, aonde podíamos ver em um episódio todas as características futurísticas que todos nós esperamos de um sci-fi e já no seguinte podíamos ver grandes manadas, a terra seca, muitos tiroteios, brigas em saloons, etc. E mesmo preferindo o segundo lado é inegável que as duas realidades são bem trabalhadas, algo que o filme não conseguiu fazer tão bem como a série.

Séries de ficção científica normalmente tentam caracterizar o ser humano do futuro, e Firefly faz isso e mais um pouco, pois mesmo 500 anos no futuro não vemos extraterrestres bizarros, o que se pode ver é o ser humano de carne e osso, a maneira com que Whedon representou a raça humana foi perfeita, com todos os avanços na tecnologia ainda não conseguimos nos livrar dos nossos velhos conflitos morais e políticos.

Em pouco tempo a tripulação já tinha se tornado uma família, e para aqueles que acham que estou falando isso só por falar é só dar uma olhada em “Out of Gas” que é um dos melhores episódios da série, pois o foco durante todos os minutos é nos laços fortes que estavam sendo construídos entre as personagens. Outra coisa diferente que Firefly fez foi nunca se voltar para questões morais com resoluções simples e vilões em preto e branco, mas sempre olhar para as mais diferentes atitudes e as maneiras com que cada personagem enfrentava as consequências de seus atos como no caso de Simon em “Ariel”.

As brincadeiras de Whedon com os estereótipos foi algo incrível de ver e que contribuiu para que nos apegássemos à tripulação, a companion (aka prostituta), no mundo de Firefly, traz honra para a nave que a transporta, a doçura e vulnerabilidade de River contrastada com seus ataques psicóticos que nos deixavam de cabelo em pé e o casal inter-racial, com Wash tendo ataques de ciúmes de Zoe por causa de seu passado com Mal fizeram deles personagens interessantes, carismáticos e indispensáveis.

Tudo isso provavelmente não teria funcionado se Firefly não tivesse proporcionado várias gargalhadas ao longo de sua trajetória e se não tivesse um elenco tão entrosado como teve. Em “War Stories” podemos ver como a série trabalha bem esse lado. Quem não tem a fala de Mal decorada depois que a Zoe fala: “This is something the captain has to do for himself”?
A principal falha de Firefly foi a mesma falha que muitas séries sci-fi cometeram, que Fringe comete atualmente e que só pode ser definida com uma palavra: FOX. A série poderia ter os 7 anos que Joss Whedon tanto queria, porém, graças ao amadorismo dos chefões da emissora isso não foi possível…

Mas sinceramente, entre as oito temporadas da história da caçadora de vampiros e as cinco de seu spin-off, eu prefiro os 14 episódios (e o filme) de Firefly.

Para encerrar, que tal a gente fazer um acordo? Vamos recordar dessa obra prima da televisão com o astral em cima? Não vejo necessidade de repetir essa história da maior burrice empresarial da história que todos nós fãs já conhecemos.

Até a próxima.

PS: Não falei da música não é? Ok, quem se convenceu a ver a série quando chegar ao episódio “The Message” vai ver que a trilha sonora é outro recurso MUITO bem utilizado na série.

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