Dom, 15 de janeiro de 2012 - 18h47
O fim da cultuada era Batman de Christopher Nolan e Christian Bale
Bale e Nolan encerram a maior saga do Homem-Morcego já feita para o cinema.
Ao que tudo indica, Christopher Nolan e Christian Bale encerram esse ano a maior saga do Homem-Morcego já feita para a telona, com o terceiro filme “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, de acordo com as declarações feitas pelo próprio ator. Ao longo dos anos, desde “Batman Begins”, em 2005, o enredo melhorou cada vez mais, criando assim uma enorme expectativa para o desfecho da série.
De certa forma, é constrangedor comparar a versão de Nolan com os anteriores, mesmo se tratando de Tim Burton, que até então havia feito o episódio de maior sucesso. Naquela época, alguns fãs do personagem gostaram do que foi apresentado, mesmo com atuações que beiravam à comédia de tão fracas, onde o maior destaque ficou por conta de Jack Nicholson, que interpretou bem um papel caricato e cômico no papel do vilão Coringa (o maior antagonista de Batman). Parece que tudo foi feito para crianças, um visual ao estilo Burton. Tudo isso prova que a escolha de um determinado diretor para um trabalho deve ser bem feita.
No que diz respeito à franquia do Cavaleiro das Trevas, após Tim Burton, vieram outros desastres de público e crítica, como Joel Schumacher, que parecia estar decretando de vez o fim da série, com cenas como o cartão de crédito do Batman – não saía de casa sem ele – e outras ideias que entristecem só de lembrar.
Para sorte dos fãs e também do personagem, a Warner resolveu continuar a produzir películas do super-herói. David Goyer assumiu o roteiro e criou “Batman Begins”, que ao invés de retomar a história do ponto em que estava, decidiu recomeçar tudo, desde o zero, o que foi uma ótima decisão. O resultado foi tão positivo que rendeu uma bilheteria de aproximadamente US$ 372,7 milhões. Outra brilhante escolha foi convocar Christopher Nolan para a direção do projeto, pois estava ali um profissional que conseguiria recriar o universo sombrio necessário para a trama. Vale lembrar que Nolan já havia se destacado por filmes como “Amnésia”, que contava com uma narrativa fragmentada e repleta de elipses, levando o público ao passado e presente constantemente. O diretor utilizou a mesma ideia para o primeiro Batman. Consideremos este então o primeiro, deixando de lado as desastrosas versões anteriores.
A história relembra o assassinato dos pais de Bruce Wayne e como ele se transformou no vigilante noturno, aprendendo a lutar e a tornar-se invisível. No filme, Gotham é uma cidade tomada pela corrupção e comandada pela máfia, que é liderada pelo criminoso Carmine Falcone. Revoltado e sem rumo, Bruce decide vagar pelo mundo à procura de si mesmo, buscando algo melhor, até que encontra Henri Ducard, o homem que vai ensiná-lo como vencer qualquer oponente que surja em seu caminho. Ducard faz parte da Liga das Sombras, uma união de justiceiros que defendem o mundo de pessoas como Falcone, porém, acabam revelando-se os grandes vilões da história, liderados por Ra’s Al Ghul.
Na busca por um propósito em sua vida, Wayne, como o segundo filme diz, acaba deixando de ser o playboy mimado para se tornar algo maior. Desta forma, o público é apresentado a um personagem mais humano, entrando em seu psicológico, uma característica que faltou nas versões anteriores, inclusive nos antigos seriados televisivos, onde o milionário era caracterizado apenas como o arquétipo do herói. De volta à Gothan, Wayne começa a se tornar Batman e agora tem que defender a cidade contra o próprio Ra’a Al Ghul, tendo ainda o Espantalho em seu caminho. É possível perceber que os vilões foram muito bem trabalhados nas versões de Nolan, sendo tridimensionais, ajudando a mover o roteiro para frente e deixando a plateia mais tensa, sem ter a certeza do final.
O que não funcionou muito bem foi a interpretação de Katie Holmes para o personagem de Rachel Dawes, muito provavelmente devido à má escolha da moça para o papel, já que Katie não é uma má atriz, porém seu “jeitinho de menina” em nada combina com a trama sombria, nem mesmo como contra-ponto, que foi exercido pelas figuras de Lucius Fox e o mordomo Alfred, nas interpretações de Morgan Freeman e Michael Caine, respectivamente. Aliás, devemos lembrar que, em “Batman Begins”, Alfred teve um papel mais irônico do que necessitava, porém isso foi muito bem resolvido no segundo filme. Para concluir brilhantemente, Gordon apresenta a Batman o cartão do Coringa, criando uma grande ansiedade para a continuação e também uma dúvida: Seria possível manter o ritmo e a densidade em uma sequência? Até aquela época eram raros os exemplos.
É então que Christopher Nolan contempla os fãs entregando sua obra-prima, o grande épico cinematográfico “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. O longa chegou a ser cotado como um dos melhores filmes do ano e faturou cerca de US$ 1 bilhão. Com a melhor atuação de sua carreira, Heath Ledger brinda o público com um Coringa caótico, que planeja tudo minuciosamente ao mesmo tempo que age impulsivamente, tornando-se um vilão quase impossível de ser vencido.
A troca de Katie Holmes por Maggie Gyllenhaal transformou a Rachel Dawes “menininha” em uma mulher que busca por justiça, assim como seu namorado, o promotor Harvey Dent, que foi interpretado por Aaron Eckhart. A decisão de trocar o que estava errado agradou ainda mais o público, até mesmo aqueles que não gostam de substituições de elenco durante as séries. Acredito que todos perceberam o que estava de errado no primeiro e que as mudanças foram para melhor, até mesmo Alfred, que ganha uma maior proporção se tornando enfim o mentor de Bruce Wayne. Lucius Fox também é muito mais desenvolvido no segundo filme, onde ele tem uma representação de grande importância, tornando-se não apenas um fornecedor de utensílios, mas auxiliando Batman.
O clima sombrio desta sequência é acentuado para o deleite dos fãs (principalmente os leitores das HQs que esperavam por algo mais parecido com o tom dos quadrinhos), tudo pela grande personalidade do antagonista, que impõe o ritmo da trama. Na tentativa de combater Coringa, Batman apresenta aos espectadores seu universo psicológico mais intensamente que na primeira parte da saga, deixando todos apreensivos como ele, graças à narrativa orquestrada com inteligência por Nolan. Outro detalhe que não pode passar batido é a identificação do público com o vilão Duas-Caras/Harvey Dent, que foi composto suavemente, deixando que a plateia se apegasse ao personagem como um herói, até que o Coringa entra em seu caminho.
Com relação a este último arqui-rival, a interpretação de Ledger foi tão marcante que não há como colocar outro ator para este papel (já que Heather faleceu em 2008), sendo assim, é muito difícil o retorno do Coringa. Claro que sempre há boatos de fãs na internet sobre John Blake (interpretado por Joseph Gordon-Levitt) ser uma homenagem ao criminoso pelas sílabas iniciais e finais de seu nome – JO KE – mas são apenas boatos que circundam a estreia do terceiro longa-metragem.
“Batman – O Cavaleiro das Trevas” cativa o público desde o início e quando encerra deixa aquele desejo por uma continuação, incluindo a vontade de assistir ao filme mais vezes, cada vez percebendo novos detalhes, recebendo uma maior intensidade dos sentimentos e angústias presentes naquele ambiente, que deixa a todos grudados nas cadeiras até o final.
Para completar, chega o final da saga, que como o próprio Christian Bale disse em uma entrevista, é o fim desta era Batman. O que é uma pena, mas pode ser uma decisão muito acertada, tendo em vista que talvez chegue o momento no qual seja impossível manter a tensão dos anteriores. Em “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, o vilao é Bane, um monstro de músculos, mas não privado de inteligência, como no longínquo “Batman e Robin”, onde ele era quase um dançarino da Hera Venenosa, interpretada comicamente por Uma Thurman. No universo de Nolan, é possível aguardar por um Bane mais psicológico, que não irá apenas sair batendo em alguém, mas que terá planos para vencer o protagonista.
Selina Kyle, mais conhecida como “Mulher-Gato”, também estará nesta história. Fica a dúvida sobre a escolha de Anne Hathaway para o papel, mas a indagação só será esclarecida em 27 de julho, data marcada para a estreia do filme aqui no Brasil. Os personagens anteriores (com exceção de Rachel, Harvey e o Coringa) estão de volta no último episódio da série, que começa seu enredo com Batman sendo um foragido da lei, em consequência da morte de Harvey Dent. Sendo assim, ele é procurado por seu amigo Jim Gordon. Com tudo isso, o herói ainda tem de se preocupar com Bane, ao melhor estilo Christopher Nolan.
É possível esperar outro grande recorde de bilheteria e fãs em enormes filas por todo o mundo, com um longa-metragem muito mais tenso que os anteriores (se isso for possível). Se o enredo evoluir ainda mais, deixando a plateia angustiada do início ao fim (semelhante ao segundo), com certeza estaremos diante de um dos maiores fenômenos cinematográficos: o desfecho da saga Batman pelas mãos de Christopher Nolan e Christian Bale.
Nenhum comentário:
Postar um comentário