A difícil missão da 2ª temporada de In Treatment consistia em manter ou em tentar superar o alto padrão estabelecido na temporada estreante. Foi complicado, mas conseguiu. Vamos então conhecer os pacientes e as histórias do 2ª ano da série:
Segunda-Feira – Mia
A advogada Mia é a representação da mulher moderna: independente financeiramente, alguém que dedicou sua vida ao trabalho em detrimento da família, e que ao chegar perto da meia-idade tem problemas para se envolver em relacionamentos. Um estereótipo sem dúvida, mas quando se trata de In Treatment nada é tão simples.
O caminho a qual Paul conduziu Mia durante as sete semanas das sessões apresentadas na temporada foram ao mesmo tempo de destruição e reconstrução. Mais importante: foi um processo fantástico de auto-conhecimento, que por sinal é justamente o objetivo da terapia. Mia quebrou a imagem de perfeição e dedicação que ela alimentava do seu pai, conseguindo enxergar sua mãe de outra maneira, além de iniciar sua libertação do círculo vicioso de relacionamentos fracassados nos quais estava constantemente envolvida.
Foi uma terapia bastante educativa, que demonstrou como muitas das escolhas e a maneira como lidamos e encaramos nossos problemas e desafios terminam por refletir inconscientemente em nosso comportamento no futuro.
Terça-Feira – April
A universitária com câncer foi uma das tramas que mais me atraíram nesta temporada. A maneira como April encarava sua vida mostrava-se fatal a si mesma, o que sem a ajuda de Paul ela dificilmente perceberia. A obrigação a que se impôs de ter a vida perfeita e auto-suficiente fez tudo perder o sentido com a notícia sobre o câncer.
As relações dela com sua família, amigos e o ex-namorado foram excelentemente apresentadas durante as semanas, mas nenhum deles se comparou ao desenvolvimento do relacionamento com Paul. O que se iniciou com certa desconfiança converteu-se num amizade repleta de confidencialidades. April amadureceu como pessoa, mesmo que a contragosto, e se tornou alguém preparada para não só lidar com seus problemas, como para aceitar a ajuda dos outros sem medo.
Quarta-Feira – Oliver
Uma interessante terapia familiar se deu com o paciente Oliver, um garoto de 12 anos de idade. Vindo de uma família destroçada pelo divórcio, ele sentia-se responsável pelos atuais acontecimentos da sua vida. Sem contar os pais dele que além de não saberem como lidar com seu filho, estavam tentando recuperar os anos perdidos, seja no trabalho como no amor.
Infelizmente Paul não conseguiu ajudar muito Oliver, já que os pais dele mostraram-se irredutíveis quanto as suas decisões arbitrárias que não abriam margem para o que pensava o garoto. No fim, após várias tentativas frustradas e diálogos infrutíferos, o máximo que Paul conseguiu foi conforta Oliver e aconselhar o pai dele usando para isso sua própria experiência de vida.
Quinta-Feira – Walter
Walter, o empresário bem-sucedido, sofria do complexo de super-homem. Ou seja, acreditava friamente que era seu dever se responsabilizar por todos. Esse costume, o qual Paul identificou a origem na infância, estava provocando ataques de pânico e insônia constantes no paciente. O agravamento da situação aumentou com o afastamento do relacionamento de Walter com sua filha e a crise na empresa que ele gerenciava, que resultou em sua demissão.
O lado bom dessa “tempestade perfeita” esteve no fato de que ao se tornar dispensável das funções que o definiram durante quase toda sua vida, Walter pode finalmente começar a viver para si mesmo. A tentativa de suicídio do paciente foi chocante para Paul, especialmente após a perda do seu pai, mesmo assim ele soube contornar seu próprio drama familiar e ajudar.
Sexta-Feira – Paul & Gina
A nova rodada de diálogos e enfretamentos entre Paul e sua mentora foram equiparáveis a da 1ª temporada. Ao contrário desta, no entanto, os dois focaram as sessões nos novos problemas de Paul, como o processo por negligência que ele estava sofrendo pela morte de Alex, e nos velhos, no caso o relacionamento conturbado dele com seu pai moribundo.
A desconstrução iniciada nesta temporada foi muito interessante, já que abriu margem para um novo começo para Paul, funcionando como um reboot da série. Desde o rompimento da sua relação com Gina, que coincide com a despedida dela da série na Season Finale, até a renovação da fé de Paul na utilidade de sua profissão.
A lição que está temporada deixa para os telespectadores é que existem problemas que por mais complicados ou difíceis que sejam, podem ser resolvidos com esforço e dedicação. Obviamente que alguns não, como o casamento de Paul, e nestes casos o importante é saber se adaptar a nova situação e buscar o caminho mais satisfatório para todas as partes. Foi, enfim, uma temporada que funcionou como uma excelente terapia para todos nós.
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