quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Michael J. Fox Descarrega - no. 495, March 1987

 Depois de conquistar a TV e o cinema no fim dos anos 80, o ator descansava para definir os próximos passos e refletir sobre a carreira após o sucesso de De Volta para o Futuro




É mais um dia mágico na terra chamada Hanalei. Nuvens cinza ameaçadoras vagam sobre os picos esmeralda em um lado da baía. Tranquilizadores raios tropicais despontam do céu azul havaiano do outro lado. E um perfeito arco-íris desaparece entre as ondas. "O tempo voa quando você está tomando sol", diz Michael J. Fox. Depois de uma semana em Kauai, conhecida também pelo apelido de Ilha Jardim, seu rosto está levemente cheio de pontinhos e suas costas estão queimadas. Talvez os canadenses não sejam capazes de se bronzear, mas pelo menos o ator tem feito exatamente o que veio fazer aqui: nada. "Isso é mais relaxado que consigo ficar", diz, esticado entre os cinzeiros cheios, as latas vazias de Diet Pepsi e as revistas espalhadas pela casa que alugou para a virada do ano. Depois de ter passado a manhã na praia, ele descansa metido em seu moletom preto desbotado, se movendo só para coisas importantes - como pegar outra Corona, sua cerveja favorita no momento, na geladeira.





 
"Alerta de Top 40!", berra Fox, quando acha um vídeo da cantora Sheila E. ao zapear pelos canais da TV. Ele troca de canais com a mesma cadência das ondas que quebram na praia, e o zumbido da televisão adquire um ritmo próprio. No momento, ele já decorou todos os comerciais locais. É capaz de desfilar a ladainha sobre passeios de helicóptero e de barco. Mas ele mesmo não teve tempo de fazer nada dessas coisas. Michael J. Fox tem estado ocupado demais vegetando. O ator veio de avião direto de Vancouver. Tinha ido passar uma semana em sua cidade natal, Burnaby, na casa de quatro quartos que ele ajudou seus pais a comprar. "Tem dois banheiros", ele conta. "Ainda não consigo assimilar ter dois banheiros." E agora o sargento aposentado do exército Bill Fox e sua esposa, Phyllis, também têm uma mesa de bilhar, que o filho ator deu de presente de Natal. A família inteira se juntou - as irmãs mais velhas Jackie e Karen e seus filhos; o irmão maior, Steve, que trabalha com construção civil, e seus filhos; e a irmã mais nova, Kelli, a única outra atriz da família. Ainda está para chegar o dia em que os Fox deixarão de passar o Natal juntos.




Tanto em Burnaby quanto em Kauai, Michael J. Fox passou seus primeiros três dias recuperando o sono perdido. Agora ele finalmente admite: No ano passado, viu "a escuridão no fim do túnel". E ele não quer que sua vida volte a ser aquela loucura nunca mais. Não que ele esteja reclamando, já que queria fazer dois filmes durante sua pausa anual de quatro meses. Sabia que isso significava encerrar sua quarta temporada como o jovem republicano Alex Keaton do seriado Caras e Caretas em março, voando para Chicago no dia seguinte para começar os ensaios do drama familiar de Paul Schrader, Luz da Fama. E daí que ele tinha de terminar esse filme no fim de maio e estar em Nova York no dia seguinte para estrelar a comédia romântica O Segredo do Meu Sucesso? Sem mencionar a volta para Caras e Caretas, em julho, para o início da quinta temporada, dois dias depois de todo o elenco, sem férias algumas. Mas não é segredo para ninguém que Fox é um cara motivado - ele é o primeiro a admitir o quanto é exigente consigo mesmo. Qualquer um consideraria que ele já provou seu valor com o duplo golpe fatal e formado por De Volta para o Futuro e O Garoto do Futuro. Qualquer um, menos ele. "Eu não entendi", diz. "Talvez todo mundo tenha entendido algo que eu não peguei." Assim, no ano passado ele teve de descobrir sozinho, pagando o preço. "Eu estava verdadeiramente cansado", diz. "Fiz o que fiz e tenho orgulho. Mas no decorrer da minha vida pretendo ter uma esposa, uma família, e não quero chegar ao fim do meu dia de trabalho esgotado. No momento não tenho nada disso, então é a hora de ir o mais longe possível, ver até onde vão meus limites. Só não quero ficar acabado daquele jeito de novo."



 


Seria uma resolução de Ano-Novo? Não exatamente. Mas, aos 25 anos, Fox está aprendendo na prática e já perdeu seu jeito de bebê. Não é mais fofinho como um Smurf. "Na Inglaterra eles me chamaram de Wimpo [uma brincadeira com "wimp", que significa tímido ou covarde] quando De Volta para o Futuro bateu Rambo nas bilheterias", conta. Hoje - veterano com dez anos de profissão - ele parece mais calejado e bonito do que nunca. Embora tenha estourado em 1985, foi em 1986 que se tornou um cara da moda - saindo com Whoopi Goldberg, "politicando" com Jane Fonda na campanha contra o lixo tóxico e aceitando o Emmy de Melhor Ator de Comédia com uma piada. "Me sinto como se tivesse 1,20 m!" Ele tem 1,64 m de altura.


Bruce Willis, camarada de Fox e parceiro no quesito "cool", diz: "A imagem que ele mostra na televisão e em De Volta para o Futuro passa uma falsa ideia sobre o tipo de homem que Michael é. Ele é um cara muito ligeiro, muito malandro. Certamente sabe como se virar nesta cidade. Acho que muitos dos contratos que ele tem conseguido fechar provam isso". Fox está no Havaí para parar e sentir o cheiro das plumérias antes de dar seu próximo passo. Em Luz da Fama [Light of Day], Michael J. Fox encarou o papel de Joe Rasnick, um garoto de classe média confuso que trabalha em uma fábrica durante o dia, toca em uma banda à noite e passa a maior parte de seu tempo evitando que a mãe manipuladora (Gena Rowlands) e uma irmã renegada (Joan Jett) se destruam mutuamente. Meio que uma mistura de Os Embalos de Sábado à Noite com as peças de Eugene O'Neill. Mas o verdadeiro desafio para Fox veio de trás das câmeras. "Havia dias em que eu não queria que ele fosse tão adorável", diz o roteirista e diretor Paul Schrader. "As pessoas sempre queriam a atenção dele - queriam que ele fosse Alex Keaton, que distribuísse sorrisos e autógrafos. Ele está sempre ansioso para agradar. Mas uma hora percebeu que se você está lá sentado em seu trailer e tem uma caminhada de cinco minutos até o set, você sabe que deve estar pronto para a cena. E que se passar o percurso sendo amigável, vai acabar perdendo todo o trabalho de concentração que já fez, e vai ter de começar tudo de novo. Por isso você tem de passar por aquelas pessoas e esnobá-las."


A quase 5 mil quilômetros de tudo, Fox relembra o quanto isso lhe doeu. "Me vi dizendo [a Schrader] em certo ponto: 'Se não quer que isso atrapalhe, então você dê um jeito. Coloque-me em um lugar onde você possa controlar. Mas se tiver que deixar as pessoas que me vêem como um amigo em uma posição na qual eu precise ser rude para fazer o que tenho que fazer, então está errado. Não consigo. E talvez isso faça de mim um ator menos competente do que eu deveria ser. Talvez eu devesse ser capaz de me focar o suficiente para mandar as pessoas caírem fora do caminho porque estou dentro do personagem. Mas simplesmente não consigo funcionar desse jeito.' Um dia ele me disse: 'Não acho que você deveria ser legal assim'. Mas não é como se eu passasse a noite fazendo anotações para ser gente boa. É o modo como vivo minha vida." Todo mundo gosta de Michael. Dá para ver isso em Kauai. Um garoto havaiano, na praia, diz para o pai: "Eu sabia! Michaeljayfox. Vi o rosto dele!" Um rapaz japonês de bermuda molhada esfrega uma camiseta e uma caneta na cara do ator e diz: "Autografa isso!" Um casal em lua de mel também quer um autógrafo, mas não tem papel em mãos, então será que ele poderia ir com eles até o quarto, que fica ali no fim do corredor? A filha de um dono de restaurante, uma préadolescente apaixonada, vai de pijamas até sua mesa. Fox não dispensa ninguém e sempre diz obrigado. Um mestre da política, ele cativa e desarma com presteza. Mas ele vê isso como uma responsabilidade - não faz nada disso pela popularidade. Que é o motivo pelo qual recusou uma oferta de US$ 100 mil para aparecer em um parque na Flórida, durante dois dias. "Quando De Volta para o Futuro estourou, houve uma mudança definitiva de ator para ícone pop", ele diz. "E eu pensei: 'Opa, isso não é mesmo o que eu tinha em mente'. Há muita margem para usar isso de um jeito errado, e eu só achei que o melhor era sentar e trabalhar."


Por ele ser um cara tão normal, os executivos de estúdio sequer perdem o sono ao vê-lo escalado em um papel mais repulsivo - razão pela qual se tornou o principal candidato ao papel do herói viciado em cocaína na versão cinematográfica de Nova York - Uma Cidade em Delírio, um papel há muito tempo associado a Tom Cruise. Mesmo com o cabelo mais longo e escuro e a orelha furada, Fox ainda é a luz de Luz da Fama. Ele não consegue evitar. "Quando comecei a fazer o filme", diz, "estávamos falando sobre o figurino, e Paul disse: 'Quero que você use botas'. Respondi perguntando se tinha a ver com a altura do personagem e a insegurança dele em relação a isso, mas ele disse que não. 'Só quero fincar seus pés no chão. Você não anda - você quica. Não quero que Joe quique'". Nem Fox queria.


A verdade é que ele é assim, bonzinho, praticamente desde que nasceu. E sempre usou tudo isso como uma vantagem. Ajudava a fazer amizades automaticamente toda vez que sua família se mudava de base militar pelo Canadá, durante sua infância. Foi o que o impulsionou para fora do ordenado mundo militar e na direção dos esportes e da arte - campos nos quais ele podia se expressar. E é o que fez as pessoas prestarem atenção nele. Seu irmão, Steve, diz: "Não sei se a personalidade dele vem do fato de nos mudarmos tanto quando éramos crianças, ou se veio de seu tamanho, ou se Mike é simplesmente assim. Ele sempre foi muito empenhado". Mas durante o verão de 1985, o ator começou a pensar se não estava exagerando. Em uma premiação onde foi eleito Estrela Masculina do Ano, recebeu o troféu e foi aclamado apropriadamente. "Cada prêmio era único, relacionado a quem ganhava", diz Michael. "[o ator] Alan Alda ganhou um, por sua sensitividade. No meu, a palavra chave - não consigo me lembrar de nenhuma outra palavra - era 'histriônico'. E eu pensei: 'Bem, isso até é legal, mas caramba, histriônico? É como se eu fosse um dos passarinhos da Disney'."


Por isso Fox estava especialmente ansioso para calçar as botas de Joe Rasnick e deixar a parte "histriônica" para a música. E a Barbusters - banda de Joe, que conta com Fox, Joan Jett e Michael McKean (do filme Isto É Spinal Tap) - era tão real quanto ele havia sonhado. O ator chegou até a tocar com a cantora na canção-título do filme, que foi composta por Bruce Springsteen. Mais que isso, antes de as filmagens começarem, a banda fez dois shows secretos na região de Chicago - só para testar sua credibilidade. Eles tiveram dois meses de ensaio e estavam tão afiados quanto eram capazes de estar. "Quando fomos tocar, as pessoas diziam: 'Deus, ela se parece com a Joan Jett'. E estavam tão ocupados decidindo se era ela ou não que não notaram o guitarrista escondido sorrateiramente nas sombras." Mas outros notaram. "Fiquei surpreso com o quão bom ele é tocando guitarra", conta McKean. "Meio que me avisaram que Michael e Joan não queriam tocar. Bem, não sei de onde tiraram essa ideia. Michael, pelo menos, mal podia esperar para tocar. Ele se garante muito bem como guitarrista."
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Fox conseguiu até se garantir como compositor. Em um dos momentos mais tocantes do filme, Joe e seu sobrinho de 5 anos, Benji (Billy Sullivan), colaboram em uma música, tirando seu título da primeira frase de um diálogo que eles ouvem ao ligar a TV - Barnaby Jones batendo em alguns malfeitores, avisando: "You got no place to go" ("Vocês não têm para onde fugir"). Durante as filmagens, Fox pediu a Schrader se podia fazer a música propriamente dita. Ele coescreveu a letra e fez a melodia, e a canta no álbum da trilha sonora. "Foi um grande erro", diz ele. "Cantar não é minha área." Ainda assim, não se pode culpá-lo por tentar. "Acho que ele conseguiu tudo o que queria", diz Schrader. "É uma chance para que ele se estabeleça como um ator capaz de interpretar diferentes papéis e escapar do nicho adolescente. E ele conseguiu."




 
Depois de um duro dia na praia, Fox está ao telefone. Seu astral está alto. Sua voz soando apaixonada. Então finalmente desliga. "Era uma garota com quem estou saindo." Claro, ele não diz quem é. Fox tem uma regra rígida sobre esse tipo de coisa. "Com quem vai para a cama e o quanto ganha não é da conta de ninguém, a menos que você decida tornar público", diz. "E tem de ser uma situação mútua, muito premeditada, segura. Nada me levará a dizer 'É esta a pessoa que amo', até que seja algo realmente sólido. Acho que as pessoas saberão detalhes da minha vida pessoal quando ouvirem que me casei em uma cerimônia discreta. Aí vou falar pelos cotovelos." Neste meio-tempo, para proteger sua privacidade - e a de um potencial ente querido - da imprensa, ele não revela a identidade da pessoa com que estiver saindo nem para seus amigos mais próximos. "Estou acostumado, e entendo, de certa forma", diz. "Mas não vou jogar pérolas aos porcos." Claro, os tabloides escandalosos não têm problemas em inventar namoradas para ele: Helen Slater (apenas trabalharam juntos em O Segredo do Meu Sucesso), Bonnie Bedelia (fizeram campanha juntos contra resíduos tóxicos), Sarah Jessica Parker (os dois têm o mesmo agente). Mas então há aqueles momentos em que a coisa se torna sufocante. "Com Nance [Nancy McKeon, uma das estrelas da série Facts of Life], as pressuposições e a banalização emocional a magoaram. Não vou colocar meus verdadeiros sentimentos sobre o que há de mais precioso, que acredito ser o amor e os relacionamentos, em uma embalagem. Tenho dificuldades com isso."


Tudo isso pode soar muito nobre - outro meio de Fox exigir mais de si mesmo. Mas ele conta que seu pai e sua mãe serviram de exemplo sobre como uma relação deveria ser conduzida. "Meus pais são melhores amigos", diz. "Isso sempre significou tanto para mim quando eu era criança. Um amigo meu vivia com a mãe e só via o pai aos fins de semana. Meus pais estavam sempre juntos - uma força irrefreável - e continuam assim. A família é algo tão precioso e importante." Ele para e limpa a garganta, evocando emoções profundas. "Espero que quando encontrar uma mulher, que seja definitivo, a melhor amizade que jamais terei - o time ideal." Ok, então ele é nobre. Mas não entenda mal - Fox não vive em um monastério. "Definitivamente tive e tenho uma vida sexual ativa e saudável", diz. "Estou ótimo! Mas não pego garotas que ficam gritando do lado de fora do estúdio, e também não sou de ir a bares atrás de alpinistas sociais e deslumbradas." Não que ele já nunca tenha pensado a respeito. E não que nunca tenha feito isso. Quando Fox chegou a Los Angeles vindo do Canadá, aos 18 anos, desistente do ensino médio com uns poucos papéis na TV no currículo, foi morar em Westwood Village, perto da Universidade da Califórnia. "Fiquei louco", conta. "Mas isso cansa rápido. Tem a ver com conquista. Tenho certeza de que as pessoas que têm problemas com drogas descobrem que só é divertido por um curto período de tempo. E depois seu nariz cai." Fox aprendeu rápido com seus próprios erros. Aos 19, era o ator juvenil na série Palmerstown U.S.A. "Ganhei uns US$ 60 mil e torrei tudo!", diz. "Fui depenado por impostos. Comprei roupas. Estava morando com uma garota e disse: 'Claro, querida, tudo o que você quiser'. Fui um idiota, tentando pintar na minha cabeça uma figura de um jovem bem-sucedido. Quando isso acabou e tive uma segunda chance [em uma série de TV], criei regras para mim mesmo. Se for para ser ator e fazer um bom trabalho, não vou jogar a chance pela janela."



Embora diga que poderia aproveitar mais uns poucos dias sem nada para fazer, as férias dele terminarão na data programada. A limusine para o aeroporto está esperando. Apesar da brevidade, a viagem lhe deu uma perspectiva mais clara. De volta à sua casa, em Los Angeles, Michael J. Fox está em agonia. Ele ofega, rosna, grunhe. Seu rosto fica vermelho. Seus músculos gritam. Ele está pronto para jogar no espelho os pesos de quase sete quilos que segura. O som do grupo The Bangles o distrai na MTV, mas sua mente está focada em agradar a seu técnico - no caso, um personal trainer que cobra US$ 200 a cada meia hora, Pete Steinfeld, que o conduz pela bateria de exercícios em ritmo de metralhadora três vezes por semana. E, quando Fox termina, flexiona os músculos de frente ao espelho e parece quase surpreso ao ver seu corpo se expandindo em todos os lugares certos. Quatro quilos e meio mais leve que em De Volta para o Futuro, ele não quer um físico exagerado. Mas também não quer ficar parecendo uma linguiça - que é como estava antes de começar a se exercitar, há um ano e meio. Para Luz da Fama, Steinfeld ministrou exercícios seis vezes por semana.


Fox aciona um interruptor na parede. Uma janela retrátil desliza e se abre no teto e o ar fresco do cânion invade o lugar. O quarto construído por Mike é uma obra-prima, - janelas de blocos de vidro para deixar a luz da manhã entrar (e manter longe os olhares curiosos), uma lareira para relaxar à noite e um banheiro que ele bem-humoradamente chama de "centro de diversões aquáticas", completo com uma banheira de spa tamanho família, um chuveiro-sauna, uma moderna TV e um refrigerador. "Você tem de se agradar", diz Fox, e ele fala sério. Ele trabalha duro e não tem intenção de se sentir culpado por aproveitar os confortos típicos de Hollywood. "Não é como se eu tivesse um heliporto no telhado. Há momentos, com todas as minhas investidas em várias coisas diferentes, em que fico um pouco disperso e preciso voltar e colocar os pés de volta no chão. Por isso que gosto desta sala. Fecho a porta e vira algo totalmente autocontido - este mundinho." Sua Ferrari Mondial negra conversível repousa na via de entrada. "Amo a Ferrari. Considero um trabalho de arte. Uma conquista. Não comprei para esnobar os carros comuns. Além disso, três dias depois de pegá-la eu estava com dois amigos dentro, mostrando a eles o quão rápido ela anda, e passei por um calombo na pista arrancando o reservatório de óleo. Não pude dirigir por um mês." Whoopi Goldberg chama Fox de "um cara do bairro - um daqueles caras que você só conhece, não importa se é um operário ou estrela de cinema, que vai estar ali não importa o que aconteça". Ela sabe por experiência própria. Depois da aparição bombástica no Oscar, os dois pareciam ter desaparecido na noite. Não foram ao Baile do Governador ou ao encontro anual dos VIPs no Spago. Diz-se que Whoopi estava revoltada por ter perdido o Oscar de Melhor Atriz por A Cor Púrpura. Quando pergunto aonde eles foram, a atenção de Fox parece evaporar. Só mais tarde, quando Whoopi se voluntaria a dar mais detalhes, fica claro o quão discreto o ator é capaz de ser. "Ele contou que me levou ao hospital depois do Oscar?", ela entrega. "Eu estava me sentindo mal durante a premiação. Quando voltei ao hotel antes de sairmos de novo, senti como se houvesse ácido correndo no meu sistema. E Michael fisicamente, literalmente, me carregou até o carro e me levou até o Cedars-Sinai. A maioria das pessoas entraria em pânico e ficaria vendo você ser levada pela ambulância. Acabou que eu tinha cistos no ovário - não são sérios, mas até ali eu não sabia disso. Fiquei falando para ele ir e aproveitar a noite. Mas ele ficou comigo o tempo todo. Michael é alguém com quem você pode contar."



Por enquanto, Michael J. Fox está indo muito bem. Recebeu notícias sobre Nova York - Uma Cidade em Delírio - conseguiu o papel (e seu cachê, de acordo com seu agente, Peter Benedek, é "substancialmente maior" do que o pago por Luz da Fama). Ainda assim, enquanto ele segue para sua Ferrari, fica nítido que ele superou o entusiasmo da juventude e o substituiu com uma nova perspectiva. Pulando para dentro do carro, ele faz uma meia brincadeira dizendo que está "puto" porque o produtor de Nova York, Sidney Pollack, dirige uma estilosa Ferrari Testarossa - parece que o ator nutre um prazer secreto por possuir o melhor carro da turma. E, enquanto ele acelera na direção das colinas de Hollywood, é inevitável constatar: ele merece.




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