quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sting mostra toda a sofisticação de seu repertório com ajuda de uma orquestra





THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO



A ideia não é nova. Rock com orquestra vem desde 1969, quando o tecladista Jon Lord reuniu o Deep Purple e a Royal Philharmonic Orchestra para um concerto. É a mesma companhia que Sting chamou para o novo DVD.

A vantagem do cantor inglês é que ele aproveita melhor do que outros roqueiros os recursos de cordas e metais à disposição. "Live in Berlin" foi gravado em setembro e traz o astro pop totalmente à vontade entre uma banda pequena, enxuta mas talentosa, e a orquestra regida por Steven Mercurio, seu amigo há anos e beatlemaníaco confesso.

São 22 músicas, quatro do repertório do Police e as outras contemplando sete álbuns de sua carreira solo, notadamente "Brand New Day" (1999), do qual saíram quatro canções apresentadas. Entre elas, a bela abertura do concerto, "A Thousand Years".

Sting é hoje um cantor e instrumentista de jazz. Na verdade, sempre foi. Seus sete sensacionais anos como integrante do power trio The Police foram apenas um flerte com o rock. Não só rock, também reggae e pop.

A partir de seu primeiro disco solo, "The Dream of the Blue Turtle", em 1985, quando recrutou a nata do jovem jazz da época para acompanhá-lo, ele deixou totalmente clara sua escolha.

Apesar de se manter como estrela mundial, suas vendagens de discos nunca foram bombásticas, porque, livre das amarras pop, sofisticou cada vez mais seu som.

Temas como "Fragile", "I Hung my Head" ou "Russians" já trazem nas gravações originais várias camadas sonoras, que Sting e seus produtores amarraram com sutileza e esperteza.

Essas músicas se prestam a experiências, e o cantor e seu maestro vão inserindo os elementos de orquestra, com mais acertos do que erros.

Não é uma apresentação perfeita do começo ao fim, há pelo menos uns quatro momentos em que não fica clara a intenção dos arranjos, mas música boa é sempre boa.

No caso de Sting, muitas vezes ela é ótima. "Moon Over Bourbon Street", por exemplo, parece ter sido composta para orquestra.

Do Police, só clássicos. "Roxanne", talvez a canção mais simples de todo o concerto, não rende muita coisa, mas as outras ganham o público da O2 World Arena.

Estrategicamente colocada como a segunda música do programa, "Every Little Thing She Does Is Magic" põe todos para dançar -e lembra logo de cara o lado mais pop do artista no palco.

Perto do encerramento do concerto, "King of Pain" e "Every Breath You Take", ambas do ótimo álbum de 1983, "Synchronicity", dão uma baita saudade do Police.

Aos 59 anos, o sofisticado Sting ainda sabe ser pop.



LIVE IN BERLIN



ARTISTA Sting
LANÇAMENTO Universal Music
QUANTO R$ 32 (em média)
AVALIAÇÃO ótimo



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