quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Música à venda










O cantor Supla exibe celular voltado para música



Gravadoras, operadoras e fabricantes de celular apostam em serviços digitais especiais para tentar convencer consumidores a comprar canções.


Ouvir música se transformou em uma experiência completa graças à internet. Você pesquisa uma nova banda no MySpace, assiste a vídeos no YouTube, baixa um disco e até consegue usar uma canção como toque de seu celular.



De olho em um produto que conquista tantos consumidores, gravadoras, operadoras e fabricantes de celular firmam parcerias para oferecer serviços -um exemplo são os celulares que já saem da loja com faixas ou discos armazenados na memória.


Tudo legalizado e à venda, o que mostra que, com ou sem pirataria, a música digital já é uma realidade -no Brasil, em 2008, o segmento movimentou R$ 43,5 milhões, segundo a ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos).

Nesta edição, confira a chegada da Nokia Music Store ao Brasil, veja como gravadoras têm inovado para conquistar consumidores e saiba quais são as previsões de um especialista.



Música digital irá mudar radicalmente
TENDÊNCIAS MP3 >> será substituído por novos formatos e música on-line será cada vez mais comum, aponta especialista



O futuro da música digital está diretamente ligado à experiência do consumidor. Baixar MP3 para o celular, comprar discos via iTunes ou ouvir bandas por meio do MySpace são atividades que fazem parte do presente.


Mas em poucos anos esse cenário irá mudar radicalmente, na opinião de Gilles Babinet, criador da Sawnd, empresa francesa que gerencia conteúdo musical.


A primeira mudança significativa já ocorre no âmbito da produção de música. As outrora poderosas gravadoras, que mantinham total controle sobre o gerenciamento de um artista, estão condenadas a desaparecer, segundo Babinet. Ou, no mínimo, devem ficar bem menores. "O tamanho não é mais uma vantagem na área da música. Selos pequenos, que atuem de uma maneira intensa na internet, vão ser bem sucedidos em um futuro próximo."


Para ele, o grande desafio que a música digital enfrenta hoje é o de encontrar um meio de proporcionar uma experiência significativa para o usuário, seja por meio de dispositivos fixos ou móveis.


E para que isso aconteça, artistas terão que pensar no seu produto como algo muito mais amplo. "Nós vamos concordar em pagar mensalidades para ouvir música, desde que a experiência seja fascinante.


Ter um empresário que entenda de internet é obrigatório", diz Babinet, citando como exemplo a banda Black Kent, que era desconhecida e, por conta da sua atuação na internet, já conseguiu ter vídeos vistos mais de 6 milhões de vezes. "Graças à boa música, mas também graças ao bom marketing on-line."

Fim do MP3
Babinet afirma que o MP3 começará a desaparecer a partir de 2010. "Isso porque se trata de um formato antigo, criado há 20 anos, com qualidade de som limitada. O MP3 funciona para download, mas o crescimento de oferta de serviços em streaming [em que não é preciso baixar o conteúdo] pode combater sua predominância."


Ele acrescenta que é difícil ter uma experiência direta com o download de um arquivo. "Por que se preocupar com isso? Minha mãe não entende para que vai baixar uma música se pode usar o Spotify para ouvir o que gosta. Assinaturas são o futuro."


O Spotify (www.spotify.com) oferece música sob demanda, ou seja, sem necessidade de armazenamento no seu computador. Outro site que se destaca é o Deezer (www.deezer.com). Os internautas brasileiros ainda não podem usar os serviços desses sites. A justificativa é que, para oferecer músicas legalmente, é preciso fazer acordos com artistas e gravadoras, processo que costuma ser bem demorado.



Em cinco, dez anos, a maioria dos usuários da Europa e dos Estados Unidos terá feito assinaturas de serviços que oferecem música. "Vídeos vão se firmar como uma nova maneira de ouvir música, especialmente por conta do crescimento de plataformas de vídeos de música em alta definição, que ainda não existem", diz ele. "Interação das bandas com sua comunidade de fãs será o padrão", acrescenta. (DA)



Gravadoras ampliam distribuição
Gravadoras não têm mais para onde fugir: com ou sem pirataria, a música digital já faz parte do dia a dia de milhares de consumidores. E se eles querem ter acesso a esse tipo de conteúdo, então é melhor se desdobrar para criar estratégias que chamem sua atenção.



A Sony Music, por exemplo, tem contratos com operadoras de celular, fabricantes, agregadores e portais de internet. "Fazemos projetos especiais com diversas marcas de diversos segmentos econômicos.


Possuímos variados modelos de negócio operantes: downloads à la carte, modelos de assinatura e modelos baseados em publicidade", afirma Claudio Vargas, diretor de digital e novos negócios.


A gravadora também investe em ações interativas, que visam conectar artistas e fãs. Um exemplo é o You Pop You Rock (www.youtube.com.br/youpopyourock), ação no YouTube que estimulava internautas a fazerem videoclipes de artistas -os contemplados receberam prêmios e puderam conhecer seus ídolos.



Isso sem falar em conteúdo embarcado, que já resultou em parcerias com fabricantes para disponibilizar conteúdo de bandas como Jota Quest e Capital Inicial.



A EMI Brasil tem contratos digitais para distribuir conteúdo de música e vídeo em todas as operadoras de celular e portais da internet. "Além disso, participamos ativamente com nossos artistas no desenvolvimento de estratégias para divulgação de seus lançamentos nas plataformas digitais", afirma José Peña, gerente digital para a América Latina.



Ele afirma que a unidade do Brasil está à frente no projeto de digitalização integral de todo o catálogo local, "o que reforça o quanto todas as atividades da gravadora estão ligadas à ferramenta digital".



Segundo ele, a estratégia digital da EMI está diretamente envolvida no marketing e na promoção de lançamento de seus produtos. "É claro o entendimento de que o consumidor é o verdadeiro protagonista dessa mudança."


E para ir aonde o consumidor está, vale investir em merchandising em apresentações de artistas, cotas para transmissão de shows via internet e cotas para patrocínio de turnês, por exemplo. "São algumas das novas receitas que não existiam no modelo anterior da indústria", afirma.

Pirataria
Um dos entraves que as gravadoras encontram no percurso é a pirataria, que "representa mais de 95% do tráfego de música na internet brasileira", de acordo com Danillo Ambrosano, gerente do departamento digital da Universal Music.


Segundo a ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), 8,2% da população pesquisada pelo grupo Ipsos, ou 2,9 milhões de pessoas, baixaram música na internet no ano de 2005, contabilizando quase 1,1 bilhão de canções.


"Se esses downloads fossem feitos de forma legalizada, o setor teria arrecadado mais de R$ 2 bilhões, ou seja, três vezes mais do que o montante faturado pelo mercado oficial no ano passado com a venda de CDs e DVDs originais, que foi de R$ 615,2 milhões", diz relatório.



"Sem dúvida a pirataria é um fator importantíssimo e que contribui negativamente na venda da música legal, pois é uma concorrente desleal", diz Vargas, da Sony.



Para ele, é importante reverter o quadro aumentando o número de lojas e de modelos de negócio que ofereçam ao consumidor mais ofertas e opções de consumo de música, "sempre considerando a legalidade e o pagamento de direitos".


Outro fator determinante para o crescimento dos downloads legais em detrimento dos piratas é a redução de preço dos conteúdos digitais, diz ele.


Para Ambrosano, da Universal, o combate pode ser feito a partir da oferta de conteúdo patrocinado por marcas, como é o caso de rádios "Ad supported", como o Terra Sonora. Outra iniciativa que ajuda no combate, cita ele, é o modelo Comes With Music, da Nokia. "São ótimas formas de se oferecer acesso ao conteúdo legal." (DA)


Nokia lança sua loja virtual de música
SOLTA O SOM >> Acervo da Music Store é composto por 5,3 milhões de faixas, sendo 30% nacionais; cada uma custa R$ 2,50


João Gordo já baixou tanta música pelo celular que enjoou. "Foram mais de 8.000", diz. O músico e apresentador recebeu um aparelho da Nokia para experimentar a Music Store, que chega neste mês ao Brasil.
"Baixei o disco novo do Slayer, que é maravilhoso. O do Alice in Chains também. É fácil de mexer [na loja], encontrei muita coisa", diz o músico. "Faço download do que é gratuito. Pesquiso, ouço e vou atrás do vinil. Eu sou de uma outra geração e gosto da coisa física."



Já o cantor Supla vê na loja uma possibilidade de negócios. "É uma forma de os músicos divulgarem seus trabalhos, de serem pagos. A nova geração acha que não tem que pagar por música, mas o músico também tem que ganhar", diz o músico, que espera que sua banda, a Brothers of Brazil, ganhe espaço.


A Music Store (music.nokia.com.br), presente em 25 países, chega ao Brasil com um acervo de 5,3 milhões de músicas, divididas em 18 estilos musicais -aproximadamente 30% é composto de nomes nacionais. As músicas são disponibilizadas a partir de acordos com grandes gravadoras como Sony e EMI e, também, com selos independentes, como Matador Records. No Brasil, diz a Nokia, foram feitas parcerias com cerca de 200 gravadoras e selos, como Biscoito Fino, Som Livre, Trama e Tratore.


O formato das músicas é o WMA, em qualidade de 192 Kbps. Qualquer faixa sai por R$ 2,50 -alguns discos baixados inteiros saem por R$ 25.

Acessar a loja é simples -você procura o menu Música no seu celular, clica em Loja e vai para a página inicial do serviço. Lá, você encontra opções de busca por artista, gênero e paradas [de sucesso], entre outros.



Na parte de especiais, você tem acesso a playlists temáticas, como uma especial sobre o Dia dos Namorados.



Em seguida, você se cadastra e começa a navegar. Quando encontra o que procura, consegue ouvir 30 segundos antes da compra, via cartão de crédito.



As faixas baixadas podem ser acessadas em computadores e celulares. Aparelhos novos como o Nokia 5800, o Nokia N97 e Nokia N95 8 Gbytes são vendidos com o serviço Comes With Music, uma licença de um ano para acesso gratuito à loja.



O objetivo da Nokia é pretensioso: "Queremos ser o maior vendedor de música digital do mundo [até 2012]", afirma Adrian Harley, gerente de música da Nokia Brasil. "Quando falamos em maior, parece assustador, mas temos 38% de participação no mercado, há 1,1 bilhão de pessoas com um aparelho Nokia nas mãos."


Harley afirma que a Nokia também quer criar um mercado de música digital, gerando receitas para os criadores. "Criar novas receitas para artistas, gravadoras, dar uma chacoalhada no mercado de música, que precisa disso. Especialmente no Brasil, em que o mercado ainda engatinha."


E quem é o público alvo dessa empreitada? "É totalmente democrático. A gente quer atender a população que gosta de musica", diz Harley. "É desafiador vender música, especialmente no Brasil, onde durante muitos anos a pirataria foi intensa." (DANIELA ARRAIS)

BUSCA MASSIVA
O Captain Crawl (www.captaincrawl.com) se define como uma ferramenta de pesquisa massiva em blogs de música; basta digitar do artista que você quer ouvir para receber vários links

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