domingo, 23 de agosto de 2009

Fernanda Takai lança o DVD Luz negra, registro ao vivo de Onde brilhem os olhos seus












































































































































































A extinção anunciada do CD que, em consequência, poderia levar consigo o DVD, tem contribuído para fazer da indústria do formato verdadeira fábrica de criação, especialmente no segmento independente.




































Que o diga o recém-lançado Luz negra – Fernanda Takai ao vivo, registro impecável do show Onde brilhem os olhos seus, da vocalista do Pato Fu, que saiu originalmente em CD, no fim de 2007.




































Gravada em duas únicas apresentações em maio, no Teatro Municipal Manuel Franzen de Lima, em Nova Lima, a produção (de dinâmica surpreendente) usa e abusa de closes, contrastes, detalhes, texturas e tons, transformando-se em verdadeiro filme à medida que persegue a linha do tempo, construída à base das canções celebrizadas na voz de Nara Leão, acrescidas de bônus que agradariam em cheio à musa da bossa nova.

O olhar dos diretores convidados para trabalhar como cinegrafistas (Alexandre Baxter e Leandro HBL, além de Éder Santos, que codirigiu um dos videoclipes dos extras) também contribuiu para o resultado, segundo os jovens diretores Daniel Veloso e Eduardo Zunza, ambos de 29 anos, da G5 Filmes de Belo Horizonte.




































Responsável pelo projeto Minas afinada, a empresa vem se especializando no formato. Do projeto já foram lançados quatro DVDs: Abra palavra, de Vitor Santana e Mariana Nunes; Entre, de Vander Lee; Cálix ao vivo, da banda Cálix, e Hotel maravilhoso, de Flávio Henrique, Marina Machado e Chico Amaral.




































E ainda há dois no forno: Kristoff Silva ao vivo, e Tizumba no mercado, de Maurício Tizumba todos feitos em parceria com a TV Comunitária (TVC). O DVD do grupo Revelação, já em fase de pré-produção, será o próximo. Será gravado no HSBC Brasil, em São Paulo, em 21 de agosto.

“Para nós, foi uma satisfação trabalhar com a Fernanda Takai, que nos deu liberdade total de criação”, diz Daniel Veloso, lembrando que a cantora autorizou a G5 a fazer tudo o que não puderam nem tiveram oportunidade de mostrar em outros DVDs.




































“É muito bom trabalhar com quem sabe o que quer”, acrescenta o diretor, salientando que os efeitos criados em Luz negra são produto dessa liberdade. Inspirada no universo dos filmes em preto e branco e noir, a partir de referências cinematográficas como O Homem-elefante, de David Lynch (1980), e Sin city, de Frank Miller e Robert Rodriguez, a equipe criou hábil jogo de cores e sombras, claros e escuros, que vai mudando à medida que o repertório avança.




































O uso das cores propriamente ditas só começa a partir da quinta faixa (Com açúcar, com afeto), mesmo assim em tons pastéis, cuja gradação vai-se alternando até atingir ápices em faixas como Seja o meu céu, Estrada do Sol (com o predomínio do laranja), Canta Maria e Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, entre outras.

Claro que para que tudo isso funcionasse contribuiu muito a performance da protagonista do show e a própria banda, formada pelo marido de Fernanda Takai, John Ulhoa (arranjos, guitarra e violão); Lulu Camargo (arranjos e teclados); Thiago Braga (baixo e violão); e o charme à parte de Mariá Portugal (bateria e percussão). “Mesmo sendo bem recatada no palco, uma coisa marcante em Fernanda é o seu gestual”, constata o diretor Daniel Veloso, que privilegia detalhes como o que faz a cantora, de voz pequena porém afinada, tocar um suposto triângulo com os próprios dedos no baião Seja o meu céu.






















































Inebriado, o público segue a intérprete nas palmas, enquanto Mariá ataca de zabumba, com toda a “belezura” que Deus lhe deu, como faz questão de ressaltar Fernanda na apresentação do trio acompanhante.

Um dos melhores momentos do DVD é quando Fernanda Takai canta o chorinho Odeon. Mas no geral ela consegue criar climas distintos, oportunos para a performance. Em Descansa coração, por exemplo, o preto e branco realça o rosto da intérprete, a ponto de ela se transformar em verdadeira gueixa, de olhos fechados, quando os imensos cílios pintados contrastam com o branco chapado.




































Do auge da bossa nova (Kobune, a versão para o japonês do clássico O barquinho, também exibida em clipe nos extras) ao clima hispânico (o carimbó paraense Sinhá pureza, que foi sucesso na voz de Eliana Pittman, remete inevitavelmente aos ritmos cubanos), passando pelo mais puro rock’n’roll (Ordinary world, do Duran Duran, em que a guitarra de John Ulhoa se destaca), a intérprete brilha em cena.

O oportuno número no cinquentenário de carreira de Roberto Carlos (Você já me esqueceu), diga-se de uma vez, não colou. A canção de Fred Jorge é fraca demais. Vale lembrar que o Rei não autorizou a regravação de O divã pela cantora, que Nara havia gravado em 1978. Em compensação, Ben, de Michael Jackson ainda vivo, quando da gravação, ficou uma graça na voz de Fernandinha, como costuma ser carinhosamente chamada pelos amigos. Assim como a faixa extra Ritmo da chuva, em versão do ídolo pré-iê-iê-iê Demétrius.

Com legendas em português, inglês, espanhol e japonês, o novo trabalho de Fernanda Takai promete circular mundo, como se pode observar nos próprios extras, que além de dois videoclipes, exibe cenas da turnê de lançamento do CD Onde brilhem os olhos seus, inclusive em Tóquio, no Japão. Recém-chegada da Nova Zelândia, agora ela começa a preparar a agenda de lançamento do DVD Luz negra, que também ganhou edição em CD da Deckdisc.




































As primeiras apresentações confirmadas são em 28 (Teatro Guaíra, de Curitiba) e 29 de agosto (Teatro Bourbon Country, de Porto Alegre), sem data prevista ainda para Belo Horizonte.

DVD LUZ NEGRA
Seis câmeras foram utilizadas, com direito a duas gravações de cada momento. O que corresponde a 12 câmeras em ação, em dois dias de shows. Pelo menos 70 pessoas da esquipe da cantora e da produtora do DVD estiveram em Nova Lima, onde o público que prestigiou Fernanda Takai nas duas apresentações contabiliza cerca de 1,5 mil pessoas, com lotação esgotada (795 lugares) em cada uma.

CD ONDE BRILHEM OS OLHOS SEUS
O disco, lançado no fim de 2007, segundo a produção da cantora, vendeu 53 mil cópias, gerando mais de 70 apresentações entre Brasil e Japão, além de 15 participações em shows comemorativos aos 50 anos da bossa nova, em 2008

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