quarta-feira, 11 de novembro de 2009

NIRVANA - COMEÇO DO FIM


O começo do fim


Primeiro CD do Nirvana, "Bleach" é da fase menos tumultuada do grupo; Jack Endino fala sobre bastidores


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

"Eles eram surpreendentemente profissionais. Não tinham muito dinheiro, mas sabiam o que queriam, quais canções deveriam estar no disco. Ninguém bebia nem fumava ou se drogava. Foram muito focados. Eles estavam concentrados."


Primeiro disco do Nirvana, "Bleach" completa 20 anos. À Folha, o produtor Jack Endino contou como aconteceram as gravações do álbum.
"Bleach" está sendo relançado (Brasil incluso) com as 13 canções remasterizadas por Endino e com 12 faixas tiradas de um show de 1990.

Lançado nos EUA em junho de 1989, "Bleach" mostra o Nirvana como uma banda ainda underground, niilista ao extremo, conhecida apenas no circuito independente dos EUA e que ainda conseguia conviver com álcool e drogas.

A tranquilidade da fase "Bleach" não durou muito. A partir de 1991, já com novo baterista (Dave Grohl), com a MTV veiculando seus clipes incessantemente, com "Nevermind" escalando rapidamente as paradas e com Seattle sendo descrita como oásis roqueiro, o Nirvana conviveu com um período de turbulência constante que culminou com a morte de Kurt Cobain, em abril de 1994.


"A banda me ligou em janeiro de 1988. Eles nem tinham um nome ainda. Kurt disse: "Meu nome é Kurt, tenho uma banda e queremos gravar um álbum. Mas temos só algumas horas durante uma tarde". Eles tinham um show naquela noite", relembra Jack Endino.

"Então, gravamos dez canções durante cinco horas. Eles foram embora e deixaram uma fita da gravação. Fiz umas cópias e enviei para algumas pessoas de gravadoras."


"Bleach" foi lançado em junho de 1989 pela Sub Pop -a gravadora que impulsionou o grunge no início dos anos 1990. Mas, segundo Endino, Cobain não tinha certeza se queria que a Sub Pop lançasse o álbum.

"Eles me disseram: "Talvez a gente encontre uma grande gravadora que queira lançar o disco". O Nirvana já era uma banda ambiciosa."
Ambiciosos, mas sem grana.


"Eles tinham apenas US$ 600 para produzir o disco, dinheiro que haviam emprestado. Eu disse: "Se vocês conseguirem tocar, eu posso gravar tudo rápido".", diz Endino, sobre as sessões de gravação ocorridas no estúdio Reciprocal, em Seattle, em dezembro de 1988 e em janeiro de 1989.


Nas gravações, Cobain, o baixista Krist Novoselic e os bateristas Dale Crover (primeiro) e Chad Channing (segundo) já tinham as músicas quase prontas. "Mas não as letras; Kurt terminava algumas minutos antes de começarmos a gravar."


No final das contas, a Sub Pop foi a única gravadora que se interessou por "Bleach". O disco vendeu inicialmente cerca de 40 mil cópias -após 1991, com o estouro de "Nevermind", "Bleach" alcançou mais de 2 milhões de cópias vendidas. Canções como "About a Girl", "School" e "Negative Creep" foram às rádios convencionais.


Em 1990, Channing deixou a banda para a entrada de Dave Grohl -para Endino, que já trabalhou com um ou dois músicos, Grohl "é o baterista que toca mais alto no mundo".


"Em 1992, fiz algumas demos para canções que estariam em "In Utero" [terceiro álbum do Nirvana]. Grohl era impressionante. Tocava tão alto que as pessoas ouviam da rua. A polícia foi chamada por vizinhos. Foi a primeira e única vez que isso aconteceu no estúdio."


O Nirvana acabou em 1994, mas sua influência ainda está por todos os lugares.


"Tenho um site [www.endino.com] e um perfil no MySpace [www.myspace.com/jackendino], e muitas bandas me escrevem, mandam músicas. Eu ouço e posso dizer que elas definitivamente ouvem Nirvana. A influência deles está em todo lugar", diz.

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