domingo, 21 de fevereiro de 2010

Galeria do Rock perde a "aura" de reduto alternativo









Ponto de encontro de roqueiros no centro de SP
se populariza com novela e congrega punks
e patricinhas


A viajante Paula Wik veio da Suíça; Eduardo Geraldo de Souza, do Piauí; e a estudante Thaís Rodrigues, do Espírito Santo. Todos eles aproveitaram a visita a São Paulo para conhecer um lugar que virou tema de novela das sete da Globo e que também foi passarela da última edição da SPFW, no desfile da grife Cavalera.



A presença no horário nobre e a possibilidade de virar reduto fashion suscitam a questão: estaria a Galeria do Rock, antigo reduto alternativo-junk-outsider, se abrindo para um público outrora estranho aos guetos que deram a cara daquele centro comercial encravado entre a avenida São João e a rua 24 de Maio?



"Alguns lojistas reclamaram quando a Globo veio fazer novela aqui, assim como o desfile de moda", diz Antonio Souza Neto, 56, o Toninho da Galeria, que, de sua loja de camisetas, administra o Shopping Center Grandes Galerias -o nome oficial. Ele diz que há resistência, principalmente dos mais antigos, pelo fato de a galeria deixar o mundo underground.



"Quando cheguei, em 1993, tinha um monte de espaços vazios e nada funcionava direito", conta Toninho. "Briguei bastante para mudar as coisas." Parece que deu certo.


Outras tribos começaram a frequentar o prédio de fachada ondulada e arquitetura com um pezinho em Oscar Niemeyer. Hoje, até patricinhas se misturam às turmas de cabeludos, de garotas com roupas pretas, de negros com visual hip-hop.



Algo difícil de ser imaginado antes da década de 1990, quando a galeria era barra-pesada. Havia traficantes e muitas brigas entre punks e skinheads.
A galeria recebe em seus seis pisos 25 mil pessoas por dia -número que salta para 35 mil aos sábados. São 450 lojas.


O lugar conserva o espírito "faça você mesmo", característica do movimento punk. Personalidade de sobra, como nos tipos retratados nesta página.

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