quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Tarantino deixa de ser ''outsider'' e vira um dos grandes nomes de Hollywood


LOS ANGELES - Ele criou fama fazendo filmes à margem de Hollywood, mas, aos 46 anos, com um Oscar em seu currículo e a possibilidade de outro a caminho, Quentin Tarantino hoje é considerado um mestre e grande nome da indústria do cinema dos EUA.

Tarantino ficou famoso ao ingressar nas fileiras dos diretores em ascensão com "Cães de Aluguel", favorito do Festival Sundance em 1992, e, dois anos mais tarde, dividiu com o co-roteirista Roger Avary o Oscar de roteiro original por "Pulp Fiction - Tempo de Violência".

Com "Pulp Fiction," o ex-balconista de locadora de vídeos que virou cineasta trabalhando com orçamentos pequenos conseguiu entremear três histórias aparentemente distintas em uma só trama coesa sobre o submundo de Los Angeles, que virou Hollywood do avesso.


Tarantino vai voltar à cerimônia de entrega dos Oscar este ano com a fantasia sobre a 2a Guerra Mundial "Bastardos Inglórios", que recebeu oito indicações - perdendo apenas para "Avatar" e "Guerra ao Terror", com nove cada, incluindo duas para o próprio Tarantino, como roteirista e diretor.

Mas, onde antes Tarantino era elogiado por ser um outsider que estava reescrevendo as regras de Hollywood, hoje ele é visto como peça chave do establishment, que comparece a eventos, promove filmes e faz o que pode para ajudar a indústria que o celebrizou. "Foi apenas neste ano que me dei conta de até que ponto isso é verdade", disse Tarantino à Reuters, falando da mudança.

Ele disse que o contraste entre o velho e o novo ficou evidente para ele na entrega dos prêmios Governor, da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, em novembro, quando grandes nomes como a atriz Lauren Bacall e o executivo de estúdio John Calley receberam prêmios pelo conjunto de sua obra de pessoas como Steven Spielberg e outras. "Eu estava ali naquela sala, com todos aqueles membros sólidos da Academia. Não era mais um outsider", disse Tarantino.

Apesar disso, ele ainda inova em seus filmes. "Bastardos Inglórios" reimagina o fim da 2a Guerra Mundial, criando uma história fictícia sobre um bando de soldados judeus renegados que se infiltra atrás das linhas inimigas para assassinar nazistas e espalhar o terror entre eles.

"Bastardos Inglórios''

O uso da música no filme e a maneira como este se alterna entre histórias, que incluem Brad Pitt liderando os soldados judeus e Diane Kruger representando uma espiã aliada, vem emocionando as platéias. "Bastardos" arrecadou 314 milhões de dólares nas bilheterias mundiais e recebeu 89 por cento de resenhas positivas no site rottentomatoes.com, que agrega as reações de críticos.

Embora Tarantino ainda seja famoso por seu conhecimento enciclopédico de filmes e da história do cinema, poucos sabem que nos últimos dois anos ele vem injetando dinheiro em um cinema de 1929 de Los Angeles que exibe filmes clássicos e que estava à beira de ser fechado.

Entre suas outras obras beneficentes está um lar de aposentados operado pelo Fundo de Cinema e Televisão. Mas Tarantino disse que não quer pensar em sua própria longevidade no showbusiness. Em 1992, quando recebeu seu Oscar, ele realizou um sonho, e desde então, afirma, não tem se preocupado muito com sua carreira.

Tanto assim que entre "Jackie Brown" (1997) e "Kill Bill: Volume 1" (2003), ele tirou tempo da direção para escrever. Foi durante esses anos que começou a escrever "Bastardos Inglórios".

"Passei algum tempo curtindo a vida, simplesmente. Achei que já tinha feito sucesso suficiente e que, quando precisasse religar minha carreira, ela voltaria a funcionar", disse Tarantino. E foi o que aconteceu. Os dois filmes "Kill Bill" foram sucessos, e, embora "A Prova de Morte" tenha tropeçado, "Bastardos Inglórios" vem causando sensação.

REUTERS

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