terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MINI BOX LUNAR














































Banda insere Amapá no mapa do pop


Mini Box Lunar assume influência das Guianas e do Suriname e compensa isolamento geográfico com trabalho em rede.

Sexteto, que já tocou em festivais indies, se diferencia com mistura de salsa, tropicalismo, rock e até imitação de voz de crianças.



Não é todo dia que encontramos uma banda brasileira que assume ter como influência os sons que passam pelas Guianas e pelo Suriname. Mas não é todo dia que encontramos uma banda como a Mini Box Lunar.



O isolamento geográfico em relação ao Sul e ao Sudeste do Brasil explica, em parte, a riqueza da música do Mini Box Lunar. O sexteto está baseado em Macapá, no Amapá.



No extremo norte do país, o Estado está culturalmente mais próximo da Guiana Francesa e do Suriname, com quem faz fronteira, do que de São Paulo, Rio e Paraná, por exemplo.



"Esse isolamento de fato existe. Só saímos de Macapá de avião e sempre passando por Belém", conta o músico Otto Ramos, que toca sintetizador e teclado na banda. "O contato com as Guianas é muito forte no comércio, na economia. Isso influencia muito a gente."



Digitalmente, o Mini Box Lunar insere-se na música independente do Brasil. "Somos isolados, mas compensamos trabalhando em rede, estamos conectados com o resto do país. Isolados geograficamente, mas conectados pela internet."




O Mini Box Lunar ainda não tem nenhum disco lançado -e precisa? Com um ou dois cliques, chegamos ao MySpace do grupo (www.myspace.com/miniboxlunar) e percebemos que estamos diante de uma banda distinta do pop rock que se faz no restante do país.



O clima é sessentista, ensolarado e colorido. Psicodélico e pop. Mutantes e Beach Boys. Tropicalismo e jovem guarda.



"Há músicas com referências diversas, até nortistas. A música caribenha aqui é muito forte. Temos cumbia, salsa, brega, tudo misturado com rock", diz Ramos. "E nossos pais curtiam muito os tropicalistas. Gostamos da estética do tropicalismo. A contribuição deles não foi apenas à música brasileira; é uma frente de contracultura que respingou no mundo."



Mas, com tantas referências do passado, como não soar saudosista, nostálgico, retrô?




"Compensamos isso com outras influências de cada um de nós, misturamos com outras influências para não soarmos apenas como cópias. Se ficarmos só nas décadas de 60 e 70, teríamos que reavaliar um monte de coisa. Mas usamos sampler, efeitos digitais."



Além de Ramos, formam o Mini Box Lunar as vocalistas Heluana Quintas e Jenifer "JJ"; o baixista Sady Pimenta; o guitarrista Alexandre Avelar; e o baterista Ppeu Ramos.

Iê-iê-iê




Eles são donos de músicas inspiradas, que não soam contemporâneas nem passadistas -parecem flutuar entre hoje e ontem. São faixas como "A Boca", "O Despertador 7:45am" e "Piquenique no Espaço".




"Em certos momentos, principalmente nos shows, acho que ficamos meio infantis, meio iê-iê-iê, há imitação de voz de crianças. Esse lado infantil maluco é um diferencial."



O grupo é criança. Foi formado há menos de dois anos. "Éramos duas duplas de compositores: eu e Heluana e Sady e Jenifer. Nós nos encontrávamos nos bares e trocávamos ideias", conta Ramos. O pouco tempo de vida foi suficiente para o grupo ser chamado para tocar em festivais como Se Rasgum (Belém) e Calango (Cuiabá).



Em Macapá, fazem parte do coletivo Palafita, com outras bandas do Estado. Sobre o nome, Ramos diz: "Mini Box é sinônimo de mercadinho, de loja de conveniência popular no Amapá. O Lunar é nonsense".
THYAGO NEY

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