terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tegan and Sara e seu pop honesto





































































Dez anos de carreira deram em cinco álbuns e mais de 12 milhões de acessos no MySpace.



Dez anos já se passaram desde que as irmãs (gêmeas) Tegan e Sara formaram a dupla que, cinco álbuns depois, são um dos destaques do maior festival americano, o Coachella.

Estranhamente, as meninas alcançaram doze milhões de acessos sem jamais andar por caminhos tortuosos do mundo pop. Fato justificado por Sara, em entrevista via e-mail ao rraurl.com, pelas "constantes turnês e trabalho duro".

E há também o fator homossexual. Além de gêmeas idênticas que fazem algo entre indie rock e pop folk, as irmãs coincidem no fato de serem lésbicas. No entanto, dificilmente o universo de suas letras viaja próximo à militância sexual. O que não quer dizer que elas não sejam politicamente ativas, só consideram suas músicas "uma arte bem pessoal, que geralmente aparece na forma de músicas de amor".

Tegan e Sara conseguiram o respeito da mídia, além do sucesso entre uma audiência fiel e, como Sara mesmo disse, orgânica, devido a constantes experimentações na forma de produzir - o que torna as meninas mais interessantes a cada álbum.

Vocês já leram alguma resenha de um de seus álbuns que não mencione que vocês são gêmeas e/ou lésbicas? Isso afetas vocês de alguma forma?

Honestamente, eu não leio o que falam sobre nós. Eu tenho certeza que existe um artigo ou resenha que não inclua o fato de sermos gêmeas ou lésbicas. Nós somos gêmeas e lésbicas... então está correto. Eu geralmente não gosto do jeito que a informação é tratada/distorcida numa história que geralmente carrega preconceitos de jornalistas. Os fatos são verdadeiros, porém bem menos interessantes do que se possa imaginar.

É mais estressante tocar com a sua irmã? As brigas ficam mais feias do que deveriam?

Eu só estive em bandas com a Tegan e nós conseguimos fazer isso funcionar por 13 anos! Nós brigamos, mas somos as donas do negócio, colaboradoras, irmãs, performers... nossas brigas e desentendimentos são provavelmente similares a aqueles que você experimentaria em qualquer situação de trabalho intenso. Nós nos respeitamos bastante, e eu acho que nossa história prova todo esse respeito.

No Brasil, a cena musical lésbica é bem militante. E mesmo que vocês possam soar bem políticas como em "I Was Married", vocês costumam escrever músicas pop. Vocês não sentem a necessidade de ajudar a mudar as coisas ou acham que somente a exposição na mídia é um passo suficiente?

Eu me sinto obrigada a escrever músicas pop. Qualquer ser humano poderia ser questionado sobre isso. Por que o Justin Timberlake não é político? Paul Simon? Lily Allen? Honestamente, às vezes você se sente obrigado a ser politico na sua música ou arte... e outras vezes você não se sente! Eu sou uma pessoa política. Eu vou a protestos, eu leio, eu educo as pessoas em minha volta, nós arrecadamos dinheiro para caridade, nós somos visíveis pela mídia por opção... esse é o método que eu escolho para ser política e fazer alguma diferença. Mas minha arte ainda é minha arte e é bem pessoal para mim, então por isso ela geralmente aparece na forma de músicas de amor, músicas pop. Eu me sinto OK com essa balança!

Eu li que vocês costumam mudar suas apresentações ao vivo de acordo com o álbum em turnê. Vocês ainda estão na tour do The Con? O show do Coachella terá algumas surpresas?

Nós tocamos músicas dos nossos cinco álbuns. Nós estamos em turnê para promover o The Com, mas nós temos muitas músicas que os fãs gostariam de ouvir e nós queremos que eles ouçam o máximo de favoritas que puderem!

Como que a colaboração de Chirs Walla (Death Cab for Cute) mudou o álbum?

Eu não acho que ele mudou o álbum, mas ele certamente tem um crédito gigante em ajudar Tegan e eu alcançarmos o que queríamos. Nós tínhamos muitas demos e Chris foi paciente ao facilitar a intuição daquela idéias e não deixá-las engolirem partes individuais de cada música. As idéias estavam lá, Chris foi importante em assegurar que aquelas idéias fossem transferidas para o álbum.

É importante não ficar apenas como uma banda de duas pessoas em toda sua carreira?

Nós não tocamos ao vivo sozinhas por seis anos, menos quando estamos gravando álbuns e escrevendo músicas... Eu acho que quanto menos pessoas envolvidas melhor eu trabalho. Tocar com uma banda me preenche como artista. É legal ser capaz de trabalhar com várias pessoas, e depois ir pra casa e trabalhar sozinha nas músicas.

O que você acha do boom na cena folk depois do sucesso de Juno?

É definitivamente bom ver artistas como Kinya Dawnson conseguir públicos maiores pelas suas músicas incríveis. Eu não digo em boom na cena folk, mas eu acho que é uma coisa boa ver uma forma menos popular de composição ter o reconhecimento que merece.

Como que duas garotas do Canadá conseguem alcançar tamanho sucesso sem ‘se vender'? (no dia da entrevista o MySpace da dupla contabilizava mais de 40 mil plays)

Eu acho que nossos fãs são bem leais e eles falam sobre nós e as palavras correram para a internet. Nós fazemos turnê constantemente. Eu acho que somos um bom exemplo de bandas que viajaram bastante e trabalharam duro (por dez anos! E cinco álbuns!) e foram capaz de gerar uma audiência bem orgânica.

Você gosta de música eletrônica? Quais são seus artistas favoritos?

Eu amo música eletrônica. Four Tet é o meu favorito agora, eu acho.

Planos para tocar no Brasil? Vocês já foram convidadas para vir a América do Sul?

Sim e sim... ainda não tenho certeza de quando, mas um dia vamos!


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