terça-feira, 12 de maio de 2009

Depeche Mode se mantém influente



  • Com quase 30 anos de carreira, Depeche Mode se mantém influente
    Grupo de música eletrônica lança novo álbum, ‘Sounds of the future’.
    Banda procura mostrar o humor negro em suas músicas sombrias.


  • Sob a aura sombria e sinistra, os membros do Depeche Mode insistem que são felizes e despreocupados. “Eu nunca entendi direito essa descrição”, disse o frontman Dave Gahan em uma entrevista recente. “Entendo que nós temos uma imagem obscura, mas também sempre houve humor. É um sarcasmo cínico a respeito de si mesmo”.


  • Gahan e seus companheiros – o guitarrista Martin Gore e o tecladista Andy Fletcher – passaram quase 30 anos buscando um sutil humor negro em suas canções que casam submissão e dominação, amor e ódio, esperança e arrependimento.


  • E eles sabem como se divertir às próprias custas: é só dar uma olhada no videoclipe de 1997 para o hit “It’s no good”, que mostra o grupo como uma banda de baile.


  • “Eu acho que as pessoas às vezes não enxergam alguns aspectos de humor na nossa música”, disse Gore. “Elas passam tempo demais pensando em o que exatamente estamos tentando fazer e qual é o sentido exato de cada coisa”.



    Sombrio



  • Mas ninguém pode negar que o Depeche Mode (“moda rápida”, em uma tradução livre do francês) conseguiu criar uma carreira aparentemente interminável ao remexer nas águas mais escuras da emoção humana, que conseguiu atrair legiões de fãs vestidos de preto em todo o mundo.


  • “A superfície do Depeche Mode é muito sombria e sinistra, mas às vezes isso parece ser tão forçado que chega muito perto de se transformar em uma piada interna”, disse o jornalista musical Alan Light. “Mesmo assim, para alguns de seus fãs, é precisamente esse aspecto sombrio que os atrai para a banda”.


  • Gahan, Gore e Fletcher continuam com forte influência sobre esses fãs. Nesta semana eles lançaram nos EUA seu 12º álbum de estúdio, “Sounds of the Universe”, seu trabalho mais eletrônico em 20 anos, que deve sair em breve no Brasil.


  • Utilizando baterias eletrônicas e teclados analógicos vintage, o trio inglês recria o seu som da década de 1980 – evocando ainda uma atmosfera futurista e espacial – enquanto as letras ainda dão voz às suas obsessões de longa data: os elementos sadomasoquistas dos relacionamentos e da fé.



  • Diferente de muitos grupos de electro, que foram inovadores no uso da tecnologia mais incapazes de traduzir isso em canções consistentes – o Depeche Mode soa como um grupo de escritores que por acaso usavam esse som como sua tela”, diz Light.


  • Na lenta “In chains”, Gahan suspira por uma mulher que ele sabe que não é boa para ele, mas a quem ele não consegue resistir: “Eu sei que você sabia no dia em que você nasceu/ Eu sei que de alguma maneira eu deveria ter sido avisado/ Eu sei que eu caminho toda noite até o amanhecer acorrentado”.


  • Outros destaques incluem “Fragile tension” e “Corrupt”, além de “Hole to feed” e “Come back”, escritas por Gahan. Mas a verdadeira gema é o primeiro single “Wrong”, com um refrão explícito que faz da faixa a música mais revolucionária do Mode desde “Personal Jesus”.


  • “(‘Wrong’) não era a escolha mais óbvia. Não acho que a escolhemos (pare ser o single) porque sentimos que seria a melhor música. Escolhemos ela porque pensamos que é a coisa mais inovadora que já escrevemos, desafiando as convenções sobre o som do Depeche Mode”, diz Gahan.



    Longevidade



  • Com os membros se aproximando da casa dos 50 anos, o foco deles permanece no novo material. “Nós desistiríamos se soubéssemos que as pessoas só viriam ver nossos shows para ouvir músicas que gravamos há 20 anos”, explica Gore.







  • Atingir novos fãs e manter um som atual é um desafio para qualquer artista – especialmente para aqueles que lidam com o flutuante gênero que é a música eletrônica. “Eu acho que uma das coisas que mantém a gente fazendo música é tentar escrever aquela canção perfeita e não sentir que se conseguiu”, imagina Gahan. “É um longo caminho. Quer dizer, nós sobrevivemos por quase três décadas, é bem assustador”.


  • Longevidade certamente não é um conceito com o qual eles se preocupavam no começo dos anos 80. “É fantástico que nós sejamos tão relevantes, nos apresentemos para grandes multidões e que haja tanto interesse em nossos novos discos”, diz Fletcher. “É algo que com certeza nós não esperávamos quando começamos. Só imaginávamos que a banda duraria alguns anos”.


  • Considerando um começo de carreira que pode ser chamado de tumultuado – os críticos da época destruiram impiedosamente seu hit de 1981, “Just can’t get enough” – e os tropeços, incluindo a batalha pública de Gahan contra as drogas (ele está sóbrio há anos) e as mudanças na formação da banda ao longo dos anos, o status icônico que eles adquiriram em todo o mundo é impressionante.



  • “Quando você faz música por algumas décadas, começa a perceber que tem que criar seu próprio caminho”, explica Gahan. “Você faz o que gosta. E às vezes – isso já aconteceu com a gente – você volta à moda”, ri.

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