sábado, 9 de maio de 2009

PREACHER: A CAMINHO DO TEXAS


Título: PREACHER - A CAMINHO DO TEXAS (Devir Editora) - Edição especial

Autores: Garth Ennis (roteiro), Steve Dillon (desenhos) e Glenn Fabry (capas).

Preço: R$ 45,00

Número de páginas: 192

Data de lançamento: Abril de 2006

Sinopse: Jesse Custer, pregador que exerce sua vocação no interior dos Estados Unidos, perde sua fé. Desiludido com os seus, recebe durante uma missa um espírito fugitivo dos céus: Gênesis.

Tendo por pai um anjo e por mãe um demônio, essa criatura tem poder equivalente à força de Deus, e Custer adquire o dom da palavra: ele fala, todos obedecem.

O pastor decide procurar o Todo-Poderoso. Em seu caminho, reencontra uma antiga namorada e fica amigo de um vampiro irlandês beberrão. E em seu encalço está o Santo dos Assassinos, um espírito cruel que realiza verdadeiros massacres na tentativa de liquidá-lo.

Começa a busca por Deus.

Positivo/Negativo: Um ótimo título, com uma das histórias editoriais mais infelizes que já aconteceram por aqui.

Preacher chegou ao Brasil em 1997, pela Metal Pesado Quadrinhos, em duas edições publicadas numa serie mensal da editora, chamada de Obras Prima Vertigo.

Depois, pela própria Metal Pesado, passou a ter título próprio, com duração de 18 edições, sendo que no 12 a editora passou a se chamar Tudo em Quadrinhos. Depois, foi acrescentado o selo Edições Fractal e, por fim, no 18, se tornou uma revista da Atitude Publicações.

A série foi cancelada e voltou a ser publicada, então, pela Brainstore, que começou uma nova numeração, e seguiu até o 34. Em pleno andamento do último arca da saga, o título acabou e as cinco histórias derradeiras nunca foram lançadas. Como diria o vampiro Cassidy: "Jesus!".

Agora, com a chegada deste belo álbum da Devir, os fãs da série voltam a ter a expectativa de conhecer o final, ainda que vá demorar um pouco pra chegar lá.

Este voluma apresenta as sete primeiras histórias da série. É uma curiosa mistura de elementos, que os escritores da Europa sabem fazer como poucos, fugindo do "esquemão" dos super-heróis.

Em clima de faroeste e trama policial, há um pastor, um vampiro, um assassino serial, um espírito matador, anjos, demônios muita violência, humor e até amor e amizade.

Ainda que numa primeira leitura possa parecer algo herege, blasfemo ou polêmico, não é bem o caso. O melhor é não levar a sério e aproveitar o enredo, que vem com uma dose cavalar de humor negro, cuja essência é plenamente captada na arte de Steve Dillon, responsável por um dos prováveis motivos de sucesso da série: a empatia do desenhista com o escritor faz com que fique difícil imaginar a saga em outro traço.

Ennis é ateu e elabora seus textos sem concessões aos elementos da religião católica. Os anjos trabalham divididos em castas, são beberrões e péssimos administradores do céu. Deus sumiu. O Santo dos Assassinos é o que há de pior. E o inferno, com certeza, é a própria Terra.

Delineando os personagens ao longo da trama, com textos rápidos e diálogos afiados, o autor apresenta ao leitor coadjuvantes de peso, como o Cara-de-cu, um moleque que tentou se suicidar seguindo o exemplo do cantor Kurt Cobain, mas tudo que conseguiu foi um rosto deformado; seu pai, um delegado machão texano, que morre de maneira trágica (só lendo pra crer); o detetive azarado John Tool e muitos outros.

Já os protagonistas têm problemas e conflitos sérios para resolver. O passado de Custer, seu amor por Tulip e sua amizade com o vampiro Cassidy formam um triangulo que será explorado até o ultimo volume da saga.

O vampiro, aliás, é responsável por instantes memoráveis. Outro que chama a atenção é o assustador "tanque de guerra" Santo dos Assassinos, levantado de sua tumba para matar o hospedeiro de Gênesis, custe o que custar.

Destaque ainda para as belíssimas artes de capa de Glenn Fabry, que estão na edição, no início de cada capítulo, sem letreiros, o que torna mais fácil apreciá-las.

Enfim, Preacher é uma espécie de Pulp Fiction sobrenatural. Não é um clássico absoluto dos quadrinhos, mas é uma das melhores HQs publicadas pelo selo Vertigo, da DC Comics. E isso não é pouco.

Para quem não conhece, vale arriscar. Quem já leu, ainda que perca aquele impacto inicial de não se saber o que vem pela frente, não deixa de ser item obrigatório na estante.

E, para aqueles que conhecem e não gostaram do gênero, não vale nem tentar. No entanto, se conseguir se desvencilhar dos preconceitos, fica o recado: é como O Código da Vinci, extremamente divertido, mas, lá no fundo, uma bobagem - das melhores já apresentadas.

De resto, fica a pergunta: o que você faria com um poder similar ao de Deus? Pois é, que Ele nos proteja!

Marcelo Naranjo

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