quarta-feira, 13 de maio de 2009

Para gostar de rock brasileiro
























































Muita gente me sugeriu essa pauta para a coluna no Yahoo! e o interessante é que meu próximo livro contará a história do rock brasileiro desde seus primórdios. Resolvi então fazer um briefing dessa longa história aqui.
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O rock brasileiro começa em meados da década de 50 com os cantores de música popular gravando rock and roll. Uma das primeiras gravações é “Rock Around The Clock” com Nora Ney, cantada em inglês. Depois outros cantores de samba e bossa nova enveredaram pelo rock, como,Agostinho dos Santos e Cauby Peixoto. Na verdade, os primeiros com postura e atitude rock and roll foram Tony e Celly Campello. Na década de 60 veio a Jovem Guarda, com Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Vanderléa.


Em seguida veio a Tropicália, que muita gente questiona se foi ou não um movimento ligado ao rock brasileiro. Com certeza foi e talvez tenha sido um dos movimentos mais importantes na música do Brasil, depois da Bossa Nova. Mutantes acompanhavam Gil, Caetano e Ronnie Von. Gal Costa trazia em sua banda Lanny Gordin, um dos melhores quitarristas de rock que já se ouviu por aqui. Além disso, tinham os arranjos psicodélicos e geniais do maestro Rogério Duprat. Os cinco primeiros discos de Gal Costa - lançados entre 1969 e 1973 - provam porque ela era chamada por alguns de Janis Joplin brasileira. Cinco discos essenciais desse período do rock brasileiro:


Celly Campello - Broto Certinho (1960)


Roberto Carlos – Jovem Guarda (1965)


Tropicália Ou Panis Et Circenses (1968)


Mutantes – Os Mutantes (1968)


Gal Costa – Gla Costa (1969)


Na década de 70, o rock brasileiro, influenciado pelo glam rock, teve seu maior expoente, os Secos & Molhados. Os roqueiros do Made In Brazil e a Rita Lee, com seu Tutti Fritti, foram dois pontos altos dos anos setenta. Além disso, tivemos o mais representativo de todos os “rockers” que nosso país já viu: o grande Raul Seixas. Também havia os Novos Baianos, que assim como Raul, misturavam a música brasileira ao rock. Seguem cinco discos representativos dessa fase:


Secos & Molhados – Secos & Molhados (1973)


Made In Brazil – Made In Brazil (1974)


Rita Lee & Tutti Frutti – Fruto Probido (1975)


Raul Seixas – Krig Há, Bandolo! (1973)


Novos Baianos – Acabou Chorare (1972)


A década de 80 também foi marcante para o rock brasileiro pela infinidade de bandas que apareceram e os diversos estilos, influenciados pelo punk e pela new wave. Seguem cinco discos essenciais:


Blitz – As Avednturas da Blitz (1982)


Ultrage a Rigor – Nós Vamos Invadir sua Praia (1985)


Paralamas do Sucesso – O Passo do Lui (1984)

Titãs – Cabeça Dinossauro (1986)

Legião Urbana – Que País é Este (1987)

Já sei, faltaram IRA!, RPM, Engenheiros do Hawaii, Kid Abelha, Barão Vermelho, Capital Inicial, Lobão, Gang 90, Biquini Cavadão, Nenhum de Nós. Além da cena alternativa de Felini e Mercenárias, e o nosso punk com Cólera, Inocentes, Olho Seco, Lixomania, 365, Lobotomia, enfim uma série de bandas. Como eu disse no texto acima, a década de 80 teve uma infinidade de boas bandas e bons discos.

A década de 90 foi marcada por movimentos fortes como o Mangue Beat e também a ascensão do heavy metal e hardcore nacional com bandas como Angra, Sepultura e Ratos de Porão, dentre outros. Teve também o crescimento da cena de bandas alternativas cantando em inglês, os pioneiros foram o Maria Angélica não Mora mais Aqui, ainda na década de 80, mais tarde vieram Pin Ups, Mickey Junkies, Garage Fuzz, Second Come, Pelvis, etc. Tivemos ainda o pop mineiro do Pato Fu, do Skank e do Jota Quest. O punk hardcore bem humorado dos Raimundos e a irreverência dos Mamonas Assassinas. Sem esquecer o lado rapper/funk metal do Charlie Brown Jr. Confira cinco discos essenciais dos anos 90:

Chico Science & Nação Zumbi – Da Lama Ao Caos (1994)

Sepultura – Roots (1996)

Pin Ups – Scrabby? (1993)

Raimundos (1994)

Charlie Brown Jr. Transpiração Continua Prolongada (1997)

E chegando aos dias de hoje, queria antes de mais nada pedir minhas desculpas por comentários inadequados sobre a nova geração de bandas emo. Hoje reconheço que elas são importantes para o nosso cenário atual do rock. Aliás, no meu livro “Almanaque do Rock” (Editora Ediouro) eu cito CPM 22 e Hateen como os pioneiros da tendência do nosso hardcore melódico que evoluiu para o emocore. Gostem ou não, essa cena existe e mantém vivo o rock brasileiro graças a bandas como NX Zero, Fresno, Strike e muitas outras que apareceram. Para aqueles que procuram um rock menos popular e mais chegado para o indie rock, temos hoje uma cena riquíssima graças aos festivais alternativos, aos selos independentes e a Trama Virtual. Segue uma lista de cinco discos recomendados dessa nova geração.

Pitty – Admirável Chip Novo (2003)

Cachorro Grande - Cachorro Grande (2001)

Los Pirata – Em Una Onda Neo-Panque (2004)

Los Hermanos – Bloco Do Eu Sózinho (2001)

Los Porongas – Los Porongas (2007)

Também vale ressaltar os grupos instrumentais do novo rock brasileiro. No ano passado a revista Rolling Stone elegeu o disco da banda Macaco Bong como melhor álbum de 2008. Antes disso, uma série de bandas de surf music apareceram e algumas conseguiram boa exposição no exterior, seguem alguns discos recomendados:

Pata De Elefante (2004)

Macaco Bong – Artista Igual A Pedreiro (2008)

Surfadelica – Surfing On The Desert Shore (2008)

The Dead Rocks – One Million Dollar Surf Band (2008)

Gasolines – Tanger Hotel (2003)

É evidente que vocês leitores sentirão falta de uma série de bandas e discos que não deu para citar, pois procurei resumir bem para não ficar cansativo. Estou preparando o meu novo almanaque que será justamente sobre a história do rock brasileiro e serão no mínimo 250 páginas para falar de todas essas gerações e não esquecer de ninguém. Como todos adoram listas, fica então uma sugestão e uma pergunta no ar, (independente das minhas listas):

Por Kid Vinil

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