quinta-feira, 10 de setembro de 2009

LITTLE WALTER































































Little Walter





Depois de publicar alguma coisa, sobre cinema, agora navegarei em mares mais calmos, e que tenho maior conhecimento. Começarei, o que pretendo que seja uma série sobre grandes músicos. Começo com um gênero que tenho o maior carinho figura sempre na minha playlist, o Blues.



A música do delta do Mississipi. E para começar, escolhi falar de um instrumento que tenho facinação: a gaita ou Harmonica. Procurarei descrever um dos maiores gaitistas da história do blues, o grande Little Walter.



Um dos que contribuiram a partir dos anos 40, com a popularização de um instrumento que estava em pleno processo de decadência. Walter foi um dos pioneiros na amplificação da gaita, e trata-la com o devido respeito de solista, não apenas como instrumento de acompanhamento.


Walter foi o principal responsável pelo ressurgimento e popularidade da gaita, devolvendo-lhe o primeiro lugar que havia perdido e tronando-a um instrumento líder, isto que foi determinante no desenvolvimento do som com o qual Muddy Waters e sua banda (que era integrante) atingiria grande popularidade em Chicago.



Little foi um inovador que a partir das formas musicais dos Sonny Boy Williamson e de Walter 'Sharkey' Horton, transformou o velho estilo, criando para seu instrumento uns sons semelhantes aos do saxofone, o instrumento que tinha colocado a harmonica em segundo plano.



Além de instrumentista foi também cantor, e um dos preferidos de John Lee Hooker e Muddy Waters, sua técninca de canto baseia-se em um domínio impressionante do vibrato "warble" como em composições chaves como "Juke".



Também era um excelente compositor e manuseava o violão ritmico, de 12 compassos do blues, com a maior desenvoltura. Como ficou registrado em clássicos como "Honey Bee" e "Still a Foll" de Muddy Waters.A gaita amplificada de Little Walter plasmava o Blues de Chicago do pós-guerra: suaves lamentações como uma representação sutil de intencionalidade emotiva.
A sofisticação melódica e um fraseado semelhante a um saxofonista de Jazz moderno eram componentes-chaves em seu estilo surpreendente. Além disso, tinha um jeito de cantar mais do que apropriado, um repertório próprio notável e beneficiava-se de bons arranjos que realçavam o considerável valor de seus acompanhantes.


Os anos de maior destaque de sua carreira entre 1952 e 1967, foram anos cruciais não somente no âmbito econômico (fim da 2ª Guerra Mundial e o conflito com o Japão), mas também pela imposição do rock'n'roll branco nos meios musicais de pessoas como Alan Freed. E próximo dali, um grupo de negros, como Little Walter lutavam incessantemene para que saíssem a luz milhares de temas denunciando a pobreza, a injustiça e o desamor de toda sociedade, provocando o entusiasmo do coletivo negro e de milhões de brancos prontos para se solidarizarem com aqueles que eram capazes de criar todos os ritmos e cadências imagináveis.



Infelizmente sua carreira foi bastante curta, pois nosso virtuoso gaitista morreu aos 37 anos de idade em trágicas circunstâncias, e segundo alguns de seus amigos como Howlin'Wolf, ou Muddy, devido à sua violenta personalidade. Na foto de seu último album aparece com várias cicatrizes tanto na testa como ao lado das sombrancelhas devido a brigas com policiais e também em boates de Chicago.




Era extravagante, volúvel, alcoolatra, viciado em heroína no final da vida, porém sua efêmera vida foi fundamental para uma legião de admiradores que souberam conservar acesa a chama de nosso querido gaitista.



Influenciou diretamente os maiores nomes do instrumento como: Junior Wells, James Cotton, Carey Bell, B.B. Arnold, Paul Butterfield, Charlie Musselwhiet, o canadense King Bicuit Boy, Kim Wilson (Fabulous Thunderbirds), o espanhol Naco Goñi, dentre outros tantos nomes que me são desconhecidos.



A canção que Little Walter alcançou maior sucesso, sendo também uma das mais representativas de seu repertório é "My Baby" (1955), uma das poucas que ele próprio não compôs, mas foi composta pelo grande Willie Dixon que se inspirou num velho gospel "This Train", e cuja influência melódica podemos escutar até hoje.



Entre outras se destacam "Juke", o melhor de seus instrumentais e com o qual Muddy Waters costumava encerrar suas apresentações. "Juke" alcançou o topo das paradas de sucesso da BillBoard de R&B, e figurou na lista das mais tocadas por 20 semanas.


Outras grandes músicas de Walter foram: "You Better Watch Yourself"; "It Ain't Right"; "Boom Boom" (Out Go The Lights); Key To The Highway"; "High Temperature"; "Up The Line"; "Blues With a Feeling"; e "Sad Hours" dentre outras, sempre regravadas por músicos do quilate de John Mayall, King Biscuit Boy, Lew Lewis e Fingers Taylor.

O resultado das gravações de seus discos é magnifico em parte porquê o mestre da gaita só era acompanhado melos melhores músicos de Chicago, vejam só que time: Muddy Waters, Willie Dixon, os irmãos Myers, Robert Lockwood, Luther Tucker, Freddy Robinson dentre outros.



Little Walter, nasceu Marion Walter Jacobs, em 1930 em Maksville (Lousiana) em uma fazenda e aprendeu a tocar gaita aos 6 anos de idade. Em 1942 já tocava em clubes da zona de Nova Orleans e dois anos mais tarde apareceu no programa de rádio King Biscuit Time, no Arkansas ao lado de Sonny Boy Williamson II, seu tutor, percorreu vários Estados americanos também com Houston Stackhouse até fixar-se em 1946 na Sweet Home (Chicago), como músico de rua, mas já chamando a atenção de nomes como Memphis Slim e Tampa Red.


Neste mesmo ano, Bernard Abrams, um comerciante da rua Maxwell, havia começado a fabricar e vender discos em sua própria loja, fundando um selo próprio (Ora-Nelle) ofereceu oportunidade para Walter gravar pela primeira vez.



Seu relacionamento com Waters começou em 1948, quando entrou para fazer parte de sua banda, permancendo até 1952, mas continuando a participar das gravações dos discos de Waters até 1958 por vontade de Leonardo Chess, dono da gravadora Chess, cujos músicos eram contratados.


"You're Gonna Need My Help I Said" de 1950, foi o primeiro disco que Walter gravou com Muddy. Quando saiu da banda de Muddy Waters, Little Walter inicia sua carreira solo pelo selo Chess/Checker.



Seus sucessos e sua crescente popularidade proporcionaram-lhe numerosas turnês de costa a costa geralmente acompanhado pelos irmãos Myers (Louis e David) e Fred Below.



Apresentou-se no teatro Apolo de Nova Iorque, percorreu todo os EUA sendo figura principal em vários espetáculos promovidos por Otis Rush e sua gravadora. Sua carreira foi interrompida em 1958, sendo retomada em 1959, mas Walter só voltou a gravar em 1961.


Em 1962 viajou pela primeira vez à Europa fazendo parte do espetáculo de rhythm & blues USa e dois anos mais tarde voltaria para tocar solo e acompanhar uma incipiente banda: Rolling Stones, repetindo sua visita em 1967 como integrante do American Folk Blues Festival.


Em 1968 continuou a trabalhar em vários clubes de Chicago como no L&H,com a banda de Sam Lay, ou no longevo Theresa's, existente até hoje. Porém o destino lhe reservou uma cilada. Durante uma briga de rua na porta de um clube, recebeu várias pancadas na cabeça sofrendo uma trombose coronária.


No dia 15 de fevereiro de 1968 morreu no Provident e seus restos mortais foram enterrados numa campa comum no cemitério St. Mary, em Evergreen (Illinois), somente nos anos 2000, ganhou uma lápide paga por fãs.

Cinco anos após seu falecimento foi proclamado, melhor gaiteiro do blues pela revista "Blues Unlimited"


Disse sobre Little Walter, seu maior parceiro Muddy Waters: "Quando conheci Walter era um rapaz de 18 anos de idade que costumava beber Pepsi Cola.


Com ele teve o melhor dos solos de gaita dos Estados Unidos, que utilizava nos estúdios toda classe de variantes". Disse Leonard Chess, seu patrão: "Poucos perguntavam-me porque Walter deixava repentinamente a gaita e começava a cantar duas ou três músicas seguidas, quando na verdade não sera um bom cantor.


Poucos percebiam que se afogava de tanto tocar e necessitava respirar. Seus pulmões ficavam destruídos após um show". Bob Hall, músico britânico que acompanhou nosso gaitista durante a primeira turnê européia revelou: "Mal nos apresentaram nos disse que a melhor maneira de fazer amizade com ele era lhe presentear uma boa garrafa do melhor úisque escocês. Ganhou cinco, uma de cada um de nós".


Para encerrar gostaria de registrar as palavras de Howlin'Wolf: "Pode ter sido o mais grande de todos nós. Dominava o Blues em todas as suas variantes. As mulheres adoravam ele pela sua simpatia e elegância, porém o álcool dominou ele de tal jeito que nunca mais poderia ser nem o maior, nem o mais técnico, nem o melhor amigo"

Escrito por Bruno Baronetti

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