sábado, 19 de setembro de 2009

PERDIDOS NO ESPAÇO

Jonathan Harris e seu dublador, Borges de Barros.


Jonathan Harris no programa de Hebe Camargo (1969).











































































































Doutor Zachary Smith , Major West , a família Robinson, o Robô e todos os seres estranhos do universo faziam parte dessa série clássica criada nos anos 60.





A família Robinson foi selecionada entre muitas outras famílias para fazerem parte de um projeto do governo dos EUA, que se resumia em enviar uma família para viver em um dos planetas da Via Láctea.




Pórem, o médico da base, Doutor Smith era um espião com a missão de sabotar o projeto Jupiter 2. Sem querer, o nosso espião ficou preso detro da nave e foi para o espaço com a família. Smith havia sabotado o Robô de bordo e programou-o para destruir o sistema de navegação. Só que não contava com a sua presença na nave. O Robô cumpriu sua programação e todos ficaram vagando no espaço. E aí começam as aventuras da família Robinson em Perdidos no Espaço.






Um breve histórico




A série foi criada em 1965. Na versão original em preto e branco, o doutor Smith era mal e astuto, não tinha aquele ar de canastrão que se tornou sua marca registrada na série colorida (2º e 3º fases).






O robô também não tinha uma personalidade e era absolutamente frio e com diálogos limitados ao seu papel secundário. A fase em preto e branco foi pouco apresentada na Brasil, pois a TV a cores era novidade por aqui e não havia muito interesse nas velhas coisas em preto e branco.





O público queria algo novo, com muitas cores e a nova fase tinha muito de cores berrantes e imagens insólitas. Com isso a série original em PB ficou esquecida.




Na segunda fase o doutor Smith ganhou o ar debochado e canastrão que marcou-o para o resto da série e o robô ganhou mais espaço na série, pondo os outros personagens em segundo plano. Os Robinsons nunca voltaram à terra.





A série foi encerrada na terceira fase, sem o retorno para casa e muito menos o cumprimento de sua missão.O último trabalho de Jonathan Harrys que se têm notícia, foi sua participação na dublagem do desenho animado Toy Story 2, fazendo a voz de um dos personagens secundários.





Jonathan Harrys nasceu em 1915 e trabalhou em várias séries como: Space Academy (Isac Gampu), Terra de Gigantes, A Feiticeira, Ark II (Fagin, membro dos Flyes), Freekazoids (Prof. Jones), Problem Child, Meu marciano favorito, Banana Splits Show (Voz do Dartagnan), Botany Bay, The Bill Dana Show, Ilha da Fantasia 98 (ele mesmo), Perdidos no Espaço Forever 98 (Dr. Smith), Vida de Inseto (Manny), entre dezenas de outros.







Você lê abaixo um trecho da reportagem editada na revista Intervalo de 1969.





“É a primeira vez que venho ao Brasil. Observei que aqui me dublaram na série Perdidos no Espaço, com voz fina, coisa que não tenho.




Na Alemanha, França e Inglaterra, a dublagem saiu quase perfeita.





Gostaria muito de conhecer a pessoa que me dublou no Brasil.” Quem disse isso foi o ator Jonathan Harris, o famoso Dr. Smith. Mas, apesar da queixa, Jonathan mostrou-se muito simpático, quando compareceu ao programa do Capitão Aza (Wilson Vianna), na TV Tupi, para que a criançada o conhecesse de perto.





Com suas brincadeiras, o desprezível Dr. Smith chegou a cativar a meninada: mesmo com seus 60 anos, seu aspecto é jovial e seu bom humor é contagiante.





Mas são muitas suas queixas: “Detesto ser chamado de Dr. Smith” – é uma delas. “Já me zanguei várias vezes por isso. Mas tem gente que não aprende. Comecei minha carreira há 30 anos, trabalhando na Broadway., numa peça de sucesso: “Casa de Chá do Luar de Agosto”. Daí para cá, sempre procurei ser mais gente e menos ídolo”. Casado e pai de dois filhos maiores, Jonathan Harris mora numa mansão, na Califórnia. “Gostei muito do povo brasileiro. A gente tem a impressão de que todos vivem cantando, por causa do sotaque”.





“Por que o Dr. Smith fez tanto sucesso? Ora, que pergunta! Pois, se ele usava a minha cara!” Jonathan Harris é um tipo simpático: cabelos grisalhos, corado, pernas arqueadas levemente, muito vivo, olhos espertos, pouco riso e muito humor. “Dr. Smith é um personagem estranho: covarde, péssimo caráter. Mas recebi a ainda recebo centenas de cartas muito simpáticas, principalmente do Brasil, pelo meu papel em Perdidos no Espaço.”






Jonathan está ao lado de sua esposa, Dorothy, amabilíssima, sem afetação. A sua frente, no almoço oferecido pela Twentieth Century Fox, no topo do Edifício Itália, o mais alto de São Paulo (42 andares), estão Don Marshall (o piloto Dan, da aeronave supersônica de Terra de Gigantes) e a atriz Diahann Carrol, que estrelara Júlia, um seriado de muito sucesso nos Estados Unidos e já programado para a televisão brasileira.




Ela é uma mulata muito bonita, narizinho arrebitado, lembra a beleza de Eliana Pittman, mas é mais alta. No Terraço Itália, todos têm uma vista da cidade e comentam: “Já vimos tudo tudo, daqui!”.





Jonathan é mais exigente: “Voltarei com certeza, ao Brasil, para ficar um mês. Quero conversar com o povo, a gente das ruas. Sabe de uma coisa? Não vim aqui para conversar com americanos. Mas no Festival do Filme, no rio, só conversei com eles!





Quando voltar, quero sentir o homem da rua, que me pareceu extremamente simpático e amável. Se os brasileiros me admiram, eu os admiro mais ainda.” É um pouco difícil fazer Jonathan falar nesse tom: é um tipo muito brincalhão.




Entre outras coisas, cita a amizade que fez com Tarcísio Meira e Glória Menezes: “Um casal encantador! Pena que Glória não fale níquel de inglês. Mas consegui me comunicar com ela usando algumas palavras de espanhol, italiano, português e de um dialeto que, se não for do sul da China, deve ser napolitano ou grego”.




Jonathan foi entrevistado no programa “Hebe”, depois de assistir, na cabina de projeção da Record, a um filme dublado da série Perdidos no Espaço.




Seu comentário: “Acho que o meu dublador é um grande artista. Se outros filmes meus forem exibidos no Brasil, quero que ele faça a minha voz.






Intervalo foi buscar Borges de Barros para que ele o conhecesse (é o Mendigo Milionário da “Praça da Alegria”). Jonathan abraçou-o: “Muito obrigado. Eu gostaria de ser tão bom artista como você”. Borges acolheu a lisonja com um sorriso modesto.




Fonte: Revista Intervalo. Editora Abril.As fotos do encontro de Jonathan Harris e Borges de Barros e a reportagem de Petrosa Filho foram fornecidas pelo site Retrô TV.

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