Avaliação: NOTA 7
 

O primeiro filme de “Se Beber, Não Case!”, lançado há dois anos e vencedor do Globo de Ouro, conquistou o público e a crítica por unir um roteiro inteligente a uma boa dose de comédia. Ao contrário de outros filmes do gênero, o humor do longa não se aproximava do óbvio ou da risada gratuita. Pelo contrário, ao colocar os personagens para viverem uma – literalmente – despedida de solteiro inesquecível em Las Vegas, a trama consequentemente atingiu o público adulto com boas sacadas e uma história que, se ao menos não é interessante, é  bem executada.

O segundo filme da franquia segue exatamente a mesma lógica do primeiro. Na história, nenhuma drástica alteração foi realizada. E somente por isso os roteiristas já acertam a mão ao não inventarem uma nova trama, mas apenas mudar alguns aspectos e ideias que fizeram sucesso. Se no primeiro filme todos estavam na despedida de solteiro de Doug (Justin Bartha) em Las Vegas, dessa vez quem está prestes a se casar é Stu (Ed Helms). Dentre as mudanças, a principal se dá pelo lugar. O filme se passa fora dos Estados Unidos e ainda traz à tona velhos personagens que fizeram uma “pontinha” anteriormente.

Antes mesmo de começar a contar a história, o diretor Todd Phillips mostra como Stu, Doug, Phil (Bradley Cooper) e Alan (Zach Galifianakis) estão agora. O casamento de Stu é o grande evento que está movimentando a amizade deles – principalmente depois de ele próprio ter “quase” se casado com uma prostituta em Las Vegas. Além dos quatro amigos que partem juntos para Bangcoc, quem também está com eles é Teddy, o primo da noiva de Stu. E isso já provoca algumas desavenças no grupo, uma vez que Alan se sente rejeitado e fica com ciúmes por ter que dividir a atenção dos amigos com mais um “intruso”.

“Se Beber, Não Case! Parte 2” segue a montagem do primeiro e mostra os amigos tentando se recordar do que fizeram após terem tomado alguma coisa que os fizeram perder a memória. Assim, Stu, Alan e Phil se vêem acordados em uma região de Bangcoc completamente perdidos e sem saberem onde estão. Alan acorda sem cabelo, Phil levanta atordoado e Stu aparece com a mesma tatuagem de Mike Tyson no rosto. E o pior: Teddy sumiu e ninguém sabe do seu paradeiro. Para conseguir lembrar do que fizeram, resgatar Teddy e fazer Stu se casar, eles contarão com a ajuda de Mr. Chow (Ken Jeong).

E é assim que eles vivem diversas aventuras em Bangcoc, lidando com traficantes russos, depois com a Interpol e até mesmo com monges. Nesta confusão toda, o maior mérito da sequência é que, mesmo repetindo o estilo de contar a história, o filme sabe conquistar o público com boas piadas e, principalmente, com o dinamismo e o fato de os atores serem extremamente simpáticos – o que mostra o quanto eles estão confortáveis nos seus papéis. Bradley Cooper é o que toma à frente do grupo e mais uma vez se sai muito bem nessa posição. Já Ed Helms consegue separar de forma inteligente o estilo de comédia que ele faz em “The Office” ao que ele deve fazer nesta película.

No caso de Zach Galifianakis, seu personagem Alan alcançou uma importância fundamental para a história. E isso fica claro quando, no início do filme, vemos todos comentanto o fato de Stu não o ter convidado para o casamento. Enquanto ele ainda não aparece pela primeira vez no longa, vemos os personagens falando sobre ele e também o seu pai, explicando que Alan mudou completamente depois do que aconteceu em Las Vegas e de ter sido abandonado depois pelos amigos. E isso provoca ansiedade em quem assiste, esperando para saber a que momento Alan realmente vai aparecer – e como ele vai aparecer.

Ainda que “Se Beber, Não Case! Parte 2” consiga repetir de forma eficiente a boa comédia do primeiro filme, nesta continuação os roteiristas erram a mão em alguns pontos. O principal é quando eles simulam um momento imbecil entre o macaco e o monge que eles encontram. Todos dão risada da piada de Alan, mas a verdade é que deve existir um certo limite para o humor. Isso veio sendo discutido atualmente aqui no Brasil com as piadas idiotas de “humoristas” como Danilo Gentili e Rafinha Bastos. Este talvez seja o único momento fraco do filme, mas que com certeza não apaga as outras ótimas piadas  que garantem boas risadas ao longo da projeção.
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Vinícius Silva é crítico do CCR desde 2010. Graduado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pelo Centro Universitário Jorge Amado, em Salvador, foi repórter durante dois anos do Jornal Correio e faz do cinema uma parte integrante da sua vida.”