quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Noivo da Minha Melhor Amiga:
ideia reciclada tem resultado previsível







Ginnifer Goodwin e Kate Hudson disputam o mesmo rapaz, ainda que o fraco roteiro deixe claro quem vai sair vencedora.





Darlano Didimo



cinemacomrapadura.com.br



Avaliação: 5

Se os títulos em português já os deixam parecidos, as tramas também pouco diferem. Mas o fato é que a ideia de um triângulo amoroso pop envolvendo melhores amigos voltou a ser filmada em Hollywood. Impulsionado pelo incrível sucesso de “O Casamento do Meu Melhor Amigo” (1997), o mesmo plot retornou mais de dez anos depois com “O Melhor Amigo da Noiva” (2008), invertendo apenas os papéis e o final feliz, características que são suficientes para deixar este a quilômetros de qualidade daquele.



Se Julia Roberts e Patrick Dempsey já tiveram as suas chances, a vez agora é de Ginnifer Goodwin, a mesma que protagonizou a melhor das péssimas histórias de “Ele Não Está Tão a Fim de Você” (2009). Em “O Noivo da Minha Melhor Amiga”, ela traz a similar timidez para Rachel, a mocinha apaixonada que perdeu a hora de se declarar e que agora se arrepende amargamente. A diferença é que a causa das suas lágrimas é o noivo da melhor amiga Darcy (Kate Hudson), o igualmente introvertido Dex (Colin Egglesfield), seu antigo colega de faculdade. Outra novidade, mas não surpresa, é que o sentimento é recíproco.



A impossibilidade, então, não reside apenas no fato de o interesse amoroso estar bastante comprometido, mas também porque essa pessoa é ninguém menos do que a amiga de infância e de todas as horas. Laço esse que o filme faz questão de ressaltar através de um vídeo cheio de montagens mal feitas ainda nos primeiros minutos de duração. Tudo porque o roteiro de Jennie Snyder, baseado no livro “Something Borrowed” de Emily Giffin, não consegue formar uma conexão convincente entre Rachel e Darcy. A química simplesmente não existe entre Hudson e Goodwin, por mais que o diretor Luke Greenfield (“Um Show de Vizinha”) se esforce em compensar com a cena em que as duas demonstram harmonia em uma dança.



O problema está na construção das personagens pelo roteiro e pelas atrizes. A impressão é de que a simplicidade de Rachel nunca seria capaz de escolher a espevitada Darcy como melhor amiga. Nenhum traço de personalidade é capaz de uni-las. Na verdade, como são apresentadas, seria bem mais fácil transformá-las em rivais. Os exageros de Hudson, sempre de olhos arregalados e cheia de gestuais, acentuam a discrepância com a colega de trabalho, de maior naturalidade.



A característica influi ainda mais na relação de ambas com o disputado da vez, Dex. Está nos olhos e na expressão corporal do rapaz que ele jamais se sente à vontade ao lado da noiva, diferentemente da maneira agradável que se porta à frente da amiga dela. Explícito como não deveria ser, o roteiro torna-se ainda mais previsível, mas sem antes fazer alguns rodopios de boas intenções. O intuito é problematizar a confusão amorosa em que os três se envolvem e êxitos são atingidos, especialmente quando um simpático personagem surge para deixar Rachel ainda mais em dúvida.



Então, a roteirista dá o seu lamentável golpe fatal, ignorando o tal personagem e boicotando toda a nascente complexidade que se instalava ao apresentar um desfecho óbvio e infantil, que satisfará apenas as pré-adolescentes. Se como romance “O Noivo da Minha Melhor Amiga” é concluído com um grande baixo, a comédia já havia se encerrado anteriormente também com pouquíssimos altos. A função fica, principalmente, a cargo de John Krasinsky, como Ethan, o amigo fiel de Rachel.



Mais comedido do que em “Simplesmente Complicado”, o ator da série “The Office” faz do personagem o mais carismático entre todos, apesar de rodeado por uma situação bastante insistente. Claire, interpretada por Ashley Williams, é a pedra no sapato de Ethan, e também se torna a do público ao fazer de tudo para ter mais uma noite de sexo com o rapaz. Marcus, de Steve Howey, complementa a comicidade falha do filme com um estereótipo que não deveria receber a importância que lhe é concedida pela história.



Com o mérito de aparentar passar mais rápido do que os seus longos 112 minutos de duração, “O Noivo da Minha Melhor Amiga” tem resultado bem inferior aos citados longas de temáticas semelhantes. Com roteiro medíocre e interpretações com pouca inspiração, essa é comédia romântica esquecível e dispensável, que poderia ser facilmente substituída por uma tarde bem mais agradável no sofá de casa revendo Julia Roberts e Cameron Diz cantando “I Say a Little Prayer”.



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Darlano Dídimo é crítico do CCR desde 2009. Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é adorador da arte cinematográfica desde a infância, mas só mais tarde veio a entender a grandiosidade que é o cinema.

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