sexta-feira, 27 de maio de 2011

Universo HQ entrevista Editores da Pixel


UHQ: Fábulas vocês já sabem como trabalharão?

Fábulas
Forastieri: Sim. A maioria das coisas que vamos lançar apenas no formato álbum, terá sempre algo em banca para apresentar o título para o público em geral. No caso de Fábulas, vamos publicar o especial O Último Castelo, de 48 páginas, desenhado pelo P. Craig Russel, dentro da Pixel Magazine # 4, acho, para que mais gente conheça um pouco da história.

Aí, no mês seguinte,
Fábulas volta em formato álbum, de onde a Devir parou.

Por exemplo, estou lendo um livro lindo, chamado Fábulas - Mil e Uma Noites, uma história sensacional estrelada pela Branca de Neve, com desenhos do John Bolton, do Brian Bolland, Charles Vess e outras feras, que saiu nos Estados Unidos em 144 páginas, com capa dura e sobrecapa. Se eu lançar assim aqui, não vou vender nada, porque pouca gente conhece
Fábulas.

Então, colocando
Fábulas na revista mix ou em especiais de banca, criamos um conhecimento de que aquele material existe e aumentamos as chances de o título ir bem nas livrarias.

Os InvisíveisIsso vale para
Preacher também. Quando formos continuar os álbuns de onde a Devir parou, lançaremos alguns especiais da série, como Cassidy e O Cavaleiro Altivo, de 80 ou 96 páginas, em bancas. E depois de seis, oito meses, encadernamos as edições num volume só.

UHQ: Ainda na linha Vertigo, Os Invisíveis será publicado?

Forastieri: É um dos meus gibis preferidos dos anos 90.

Cassius: Mas a gente ainda não sabe como lançar. Vamos publicar, mas não sabemos se em encadernado ou banca. É muito complicado.

Forastieri: Olha que situação maluca: os primeiros números de
Invisíveis tiveram tiragem maior, depois esse número caiu e em seguida parou. Como trabalhar isso? Lançar uma tiragem, pequena do arco inicial? Continuar de onde pararam? Difícil, pois quem não leu os primeiros, não consegue entender, pois a série é mais complexa que 100 Balas. Daí a dúvida. Aguardamos opiniões dos fãs.

Transmetropolitan
UHQ: Nessa linha há também Transmetropolitan...

Cassius: É o mesmo caso. Ainda não sabemos como lançar. Teremos que pesquisar junto aos leitores.

Forastieri: Uma coisa que estamos avaliando é uma hipótese meio maluca. Alguns títulos são tão específicos que talvez seja o caso de fazer uma pré-venda. Chegar no mercado e dizer: "Estamos considerando a hipótese de publicar
Transmetropolitan, em livro, formato assim ou assado. Quem quer comprar?".

Ou podemos fazer isso direto com os pontos de vendas, com gibiterias e livrarias. Se elas se comprometerem a adquirir uma quantidade X, a gente faz.


UHQ: Patrulha do Destino, do Grant Morrison, pode pintar?

Forastieri: É tudo nosso.


Monstro do Pântano
UHQ: Materiais antigos como Monstro do Pântano, do Alan Moore, e Sandman - Teatro do Mistério podem ser relançados? Ou a prioridade será para materiais inéditos?

Forastieri: Veja, o material inédito é, certamente, prioridade. Nós vamos publicar algumas coisas como o
Monstro do Pântano do Alan Moore? Lógico. Mas o que os fãs precisam entender, é que temos cinco anos para lançar esses títulos. Por mais que seja tentador soltar algo que acaba de sair nos Estados Unidos, nem sempre essa é a melhor coisa a fazer.

Odair: Esses clássicos terão sua hora, claro.


UHQ: Watchmen está no pacote?

Cassius: Não.
Watchmen (que recentemente foi republicado pela Via Lettera) pertence ao catálogo da DC.

Capitão ÁtomoForastieri: Mas
V de Vingança é Vertigo. E este é um título que, daqui a cinco anos, as pessoas têm que achar isso numa prateleira de livraria. Precisa estar sempre à venda.

UHQ: O Universo WildStorm passou recentemente por uma "revolução", cujo ponto de partida foi a minissérie do Capitão Átomo, super-herói da DC que ficou uns tempos nessa outra linha. Vocês lançarão essa obra como ponto de partida?

Forastieri: Não, porque tem materiais maravilhosos da WildStorm que foram pouco - ou nada - vistos por aqui, que merecem ser lançados antes.

Odair:
Wild C.A.T.s, por exemplo, devemos voltar da fase 2.0 ou da escrita pelo Alan Moore.

Cassius: A própria DC nos orientou a não se apressar em relação aos materiais mais novos da WildStorm, pois os lançamentos estão demorando para sair lá. Esse material do Capitão Átomo, por ser recente, também vai esperar um pouco.


UHQ: Esses materiais da WildStorm sairão na Pixel Magazine?

Forastieri: Não. A revista mix é pra um cara que gosta de quadrinhos comprar e ser feliz. E que ele não precise seguir série nenhuma. Ao mesmo tempo, o leitor usual também vai curtir.

AuthorityCassius: Esses materiais devem sair em minisséries ou edições especiais.

Forastieri: Nossa idéia é fazer da
Pixel Magazine, modestamente, uma espécie de Heavy Metal, com coisas que estarão sempre ali e outras histórias fechadas que não exigem nenhum conhecimento prévio sobre o personagem.

UHQ: E Authority?

Forastieri: Vai continuar de onde parou na Devir. Em bancas.

Cassius: É um das melhores coisas do pacote, pois os arcos são quase sempre de quatro partes. Então, faremos especiais de 96 páginas, que podemos encadernar depois juntando dois ou mais volumes.

Odair: E temos histórias curtas do
Authority que vamos colocar na Pixel Magazine. Elas podem ser entendidas por gente que não lê a série e servirão para atrair a atenção dos leitores para o título.

Astro City
UHQ: Astro City?

Forastieri: Somos muito fãs da série.
Astro City sai de cara. Histórias legais também em bancas. A estréia é com material inédito.

Odair: Mas pretendemos relançar aquela primeira minissérie (saiu aqui pela Pandora Books), que deu origem ao título.


UHQ: Gen13?

Cassius: Provavelmente, sai alguma coisa ainda este ano, mas não sabemos ainda de onde partiremos.


UHQ: The Maxx, do Sam Kieth, tem uma fase na WildStorm. Alguma possibilidade?

Cassius: Creio que temos direito, mas ainda não analisamos. É muito material para ser avaliado.


Ex Machina
UHQ: Ex Machina, série que já teve um especial lançado pela Panini, está nos planos?

Forastieri: Em maio, nas bancas. É nosso. Nós selecionamos para os primeiros meses personagens que já tenham sido publicados no Brasil, mas em histórias inéditas. Este merece ser publicado, é legal e vamos primeiro pra banca. Queremos que mais gente conheça títulos como
Ex-Machina.

UHQ: Quem publicará as minisséries e especiais com crossovers entre personagens da Wildstorm e da DC Comics, como Authority/Batman ou Authority/Lobo?

Forastieri: Ninguém sabe. Em tese, o que foi publicado pelo selo WildStorm é nosso. O que saiu pela DC é da Panini. Então, a gente vai atravessar esse rio quando chegar nele.


WildCats
UHQ: Liga Extraordinária, que saiu pelo selo ABC, é da Pixel?

Forastieri: Esse material requer uma negociação separada. Há alguns títulos cujo
copyright não é da DC. Por exemplo: Thundercats e Robotech não são da DC, apesar de a WildStorm ter publicado. Liga Extraordinária tem um contrato bem complicado com o Alan Moore e, francamente, a Devir está fazendo um ótimo trabalho.

E o terceiro álbum da série, que sai este ano,
League of Extraordinary Gentleman Dossier é uma edição graficamente muito complicada.

Odair: Parece que terá até um disco de vinil dentro pro leitor colocar pra ouvir.

Forastieri: A informação que temos da DC é que será uma coisa muito cara e complicada de publicar fora dos Estados Unidos. Acho que nem tentaremos buscar isso.


Promethea
UHQ: Ainda em relação ao selo ABC, quais as chances de Promethea ou Tomorrow Stories?

Forastieri: Logo, logo.
Promethea este ano ainda. Vamos ver como.

UHQ: Tom Strong voltará?

Forastieri: Vai voltar a partir de onde parou na Devir, mas não definimos o formato ainda.

Cassius: Já Top Ten, só o que ainda não saiu, que são especiais. Os dois álbuns já saíram pela Devir.


UHQ: Há possibilidade de saírem títulos da DC que, apesar de não serem Vertigo, são mais "alternativos", como Hitman e Starman?

Forastieri: Não. Nós adoramos as duas séries e esperamos que a Panini lance encadernados das duas.


UHQ: Com essas linhas, a Pixel deixará de dar ênfase ao material mais alternativo e menos conhecido que vinha lançando?

Odair: Vertigo é alternativo por essência...

Forastieri: Vamos continuar publicando outros materiais, como
Spawn e temos vários álbuns europeus programados. Os eróticos inclusive.

King David Lógico que nossa prioridade é colocar esse projeto novo para andar. Por isso, não vamos mais lançar coisas que, apesar de gostarmos muito, se assemelhem com os títulos da Vertigo, WildStorm e ABC.
Nexus, por exemplo. Só se for alguma coisa bem diferente.

UHQ: Pingue-pongue agora. Graphic novels do Kyle Baker, como You are here, I die at midnight, King David, Why I hate Saturn?

Forastieri: Se depender de mim, publico
Rei Davi amanhã, mas o leitor tem que entender o seguinte: no primeiro ano, temos que nos consolidar na banca e provar pro mercado livreiro que ele pode pegar mais mil ou dois mil exemplares, para abrir um espaço importante. Essa é a nossa missão.

Tem várias coisas que a gente adora, mas o potencial de vendas é muito pequeno. Então, esses títulos vamos lançar dependendo da demanda. Não posso colocar na grade algo que vai vender pouco. É difícil.


American VirginUHQ: Heavy Liquid, do Paul Pope?

Forastieri: Não sei.


UHQ: American Virgin, do Steven T. Seagle e Becky Cloonan?

Cassius: É um material ainda recente, vamos analisar mais pra frente.


UHQ: The Fountain, do Daren Aronofsky e Kent Williams?

Cassius: Por enquanto, não. É um álbum bem grande e sairia caro demais.


UHQ: Pride of Baghdad, do Brian K. Vaughan e Niko Henrichon?

Cassius: Esta programado para este ano ainda.


American SplendorUHQ: A fase do American Splendor, do Harvey Pekar, na Vertigo?

Forastieri: Não sabemos. Temos que ver se podemos. Talvez os direitos pertençam ao Pekar.


UHQ: Fora dessas linhas, a Pixel pretende publicar algum clássico das HQs dos anos 40, 50 e 60?

Cassius: Temos algumas coisas sendo estudadas, mas nada fechado.


UHQ: Vocês publicarão os últimos dois números da série Arthur, lançados recentemente na França?

Odair: Não. Esse material era da Ediouro e não daremos continuidade.


Gen 13
UHQ: Um leitor pergunta se contratarão mais editores, tradutores e revisores para manter a qualidade editorial?

Forastieri: Quer ser tradutor? Não precisa nem mandar o currículo. Traduz um gibi bem difícil e manda pra gente. Se estiver bom, a gente contrata. (Risos)


UHQ: Com esse acréscimo de títulos, a Pixel terá alguma linha editorial?

Forastieri: Nosso negócio é lançar títulos que as pessoas gostem. Formar um belo catálogo. O que uma editora pode fazer de melhor é levar coisas legais para o máximo de pessoas.

E toda editora faz isso à sua maneira. A Devir tem um cuidado muito legal com a seleção material que publica, não só pelo trabalho do Mauro (Martinez dos Prazeres,
publisher), do Douglas (Quinta Reis, diretor) e do próprio Leandro (Luigi Del Manto, editor), mas porque eles acreditam que merecem ser conhecidas por mais gente. A Conrad e a Opera também, mas cada uma no seu estilo. As escolhas partem sempre do gosto pessoal e, no nosso caso, não é diferente, pois antes de sermos editores, somos fãs.

Patrulha do DestinoUHQ: Os títulos nacionais ficarão de lado?

Forastieri: Não. Teremos alguns trabalhos brasileiros também.

Odair: O primeiro deles é um álbum do
Zózimo, do (roteirista) Wander Antunes.

Forastieri: Olha, tudo que me mandam pra analisar, eu leio. O Odair e o Cassius idem. E quando vou numa gibiteria compro de tudo. Fanzine, revista independente, HQ nacional etc. Só que as pessoas querem ser publicadas, mas poucos mandam seus trabalhos pras editoras...


UHQ: Qual é o maior desafio para a publicação de quadrinhos no Brasil?

Forastieri: Acho que nosso desafio tem três pontos:

1) Produtos fortes. No nosso primeiro ano, tivemos alguns, mas não tínhamos uma linha forte, o que estávamos buscando. Acho creio que temos.

2) Bom custo gráfico, para garantir o produto com um preço decente. E a Ediouro, que a sócia da Pixel tem uma ótima gráfica. Podemos imprimir onde quisermos, mas se um sócio da empresa tem a maior gráfica do Rio de Janeiro, ajuda bastante para chegar a um custo bacana.

Pride 3) Boa distribuição. Estamos na Dinap, que fará um trabalho forte. E essa força será vista também em livrarias. Teremos uma equipe exclusiva para esse segmento e vamos usar a estrutura da Ediouro, que é líder de vendas em livros. Junto com isso, faremos uma ação mais ambiciosa de venda na internet. Ou seja, somando tudo isso, o cara só não compra se não quiser. Mas não porque não achou.


UHQ: Como você prevê a Pixel daqui a cinco anos, quando esse contrato estiver expirando? Diversificando os lançamentos, ou concentrando-os num determinado gênero? Expandindo as tiragens ou focando em nichos?

Forastieri: Eu a vejo nas livrarias. O que percebo é que não temos que oferecer um produto por um mês apenas, mas para sempre. Tem que haver catálogo, venda pela internet, na livraria. Precisa estar sempre disponível. Nosso objetivo é ter o mais importante catálogo do Brasil. As bancas suportam 30 até 45 dias; depois, acabou!


UHQ: Não acha contraditório dizer que quer levar seus títulos pra mais gente e dizer que, daqui a cinco anos, enxerga a Pixel nas livrarias?

Forastieri: Não, porque vai muito mais gente nas livrarias. Um livro que vende bem em determinado gênero alcança 20 mil exemplares, mas em um ano. O que é elitista pra caramba é ter um título na banca por um mês. Se você não tiver dinheiro pra comprar, ferrou.

Tom Strong O trabalho que fizemos na Conrad com os mangás, do qual todos aqui participaram, gerou muitos leitores. Agora, o pessoal vem dizer que as vendas de mangás estão ruins. Nada! O problema é que agora tem uns 30 títulos nas bancas. Hoje só existem eventos pelo Brasil todo, porque sete anos atrás lançamos
Pokémon, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball etc.

Eu continuo lendo super-heróis americanos. Compro pra saber o que está rolando. E se você pegar a lista de revistas mais vendidas do mês, verá que ela é muito diferente da de encadernados. Nesta segunda, aparecem vários títulos que vamos publicar. É uma linha premiada, com números (financeiros) legais e talvez seja a mais premiada do mundo.

Esse trabalho nas livrarias é de longo prazo, de educar o leitor que ali também se vende quadrinhos.

E é o seguinte: nada impede que a gente lance alguma em revista e descobrir depois que a lógica é livro. Ou vice-versa. Se publicarmos um título como livro e esgotar do dia pra noite, significa que ele tem uma demanda reprimida e temos que fazê-lo com uma tiragem maior e preço menor.

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