quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A pedra mágica' estreia nesta sexta no país












































Comédia infantil de Robert Rodriguez satiriza 'vício' em iPhone e BlackBerry


Com ideia do filho do diretor, 'A pedra mágica' estreia nesta sexta no país.
No longa, gadget faz-tudo rivaliza com pedra capaz de realizar desejos.

Era uma vez uma cidadezinha chamada Black Falls, onde todas as casas se parecem e todas as pessoas trabalham para a Black Box Inc., a companhia responsável pela invenção do Black Box, uma caixinha preta do tipo faz-tudo: realiza chamadas de celular, acessa a internet, envia mensagens de texto, funciona como TV, torradeira elétrica e até secador de cabelos.



Leia entrevista com o diretor Robert Rodriguez



O cenário de “A pedra mágica”, novo filme infantil de Robert Rodriguez, é fictício, mas a semelhança entre o gadget vendido a rodo pela Black Box Inc. no filme e o popular iPhone não parece ser mera coincidência. Assim como o dispositivo móvel da Apple, os personagens do longa de Rodriguez não conseguem largar por um minuto sequer os seus Black Box. (O nome do produto, aliás, também remete diretamente ao BlackBerry, outro smartphone cujo alto fator “viciante” já acabou lhe rendendo o apelido informal de CrackBerry).



O filme tem até sua versão caricatural de Steve Jobs. Interpretado por James Spader, Sr. Black é o dono da Black Box Inc. e tem como ambição colocar uma (ou várias) de suas caixinhas pretas em cada lar americano. Em uma sala de reuniões de visual clean – outra referência ao design da Apple – , Sr. Black escala dois de seus executivos (Jon Cryer e Leslie Mann) para competirem entre si e provarem que são os melhores para levar seu plano adiante.



Feito por e para crianças, “A pedra mágica” não é necessariamente um manifesto contra a tecnologia. Pelo contrário, é a sensibilidade estética da geração videogame e internet que dita o ritmo (acelerado) e a montagem (dispersiva, não-linear) da comédia infantil da família Rodriguez – os filhos e sobrinhos do diretor participam ativamente do filme.



Mas o recado de Rebel – filho caçula do diretor, que surgiu com parte das ideias para o longa – é o de que, às vezes, os adultos poderiam deixar seus brinquedinhos hi-tech de lado e voltar um pouco aos domínios do mundo real. Em uma cena emblemática do longa, Toe Thompson (Jimmy Bennett) está jantando entediado em casa com seus pais à mesa, mas ambos só se conversam trocando torpedos por seus Black Box. Mais adiante, em uma festa à fantasia promovida pelo Sr. Black, a mãe de Toe se veste de miss e exibe uma faixa onde se lê Miss Communication (um trocadilho com falta de comunicação).



É a falta de diálogo entre os personagens – adultos ou crianças – do filme que leva a pequena Black Falls à beira do desastre total. E caberá a uma pedra, quem diria, colorida e “analógica” e capaz de atender aos desejos mais malucos de seu dono, mudar essa situação.



Em tempo, é preciso sublinhar o que já foi dito acima: “A pedra mágica” é um filme feito por crianças e para crianças. Deve agradar em cheio a molecada, mas também não será surpresa se, durante a sessão, os adultos começarem a sentir aquela coceirinha nos dedos para checar os e-mails no BlackBerry ou atualizar o Twitter usando o seu iPhone.

Diego Assis
Do G1, em São Paulo

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