quinta-feira, 17 de março de 2011

Esposa de Mentirinha

Besteirol romântico rende risadas despretensiosas.
Avaliação: 6
 


Todos querem se apaixonar perdidamente. Quando aparece a oportunidade perfeita, costuma-se fazer de tudo para conquistar aquela pessoa especial. Até mentir. Entretanto, as mentiras só geram novas mentiras e um desfechos inesperados podem acontecer. É a partir desta premissa que “Esposa de Mentirinha” chega aos cinemas nacionais, ao mostrar um homem desiludido com relacionamentos que finalmente parece ter encontrado a mulher dos seus sonhos.

Quando Dr. Maccabee (Adam Sandler) conhece uma garota mais nova, parece que o amor bateu a sua porta, mas ele precisará de muito jogo de cintura para manter uma mentira na tentativa de conquistá-la. Para isso, ele conta com a ajuda de sua secretária Katherine (Jennifer Aniston) na criação de um passado familiar que dá direito a uma esposa e dois filhos espevitados (Bailee Madison e Griffin Gluck). Resta saber se a farsa irá muito longe.

Adam Sandler tem um histórico duvidoso de comédia pastelão, do qual poucas são realmente divertidas. Ainda assim, bem como Jim Carrey e Ben Stiller, Sandler tem seus fãs e, acima de tudo, tem carisma para continuar na mesma linha cinematográfica. Entretanto, ele não é um ator que leva diferenciais aos filmes, como aconteceu em “Embriagado de Amor”, “Como Se Fosse a Primeira Vez” e até no mediano “Click”. Sua atuação se restringe agora ao mais do mesmo, sem grandes novidades.

Em “Esposa de Mentirinha”, logicamente ele passa longe de ser um galã e tenta sustentar em seu bom humor as situações absurdas que surgem a partir de uma mentira inicial. Aliado a sua companheira de cena Jennifer Aniston, também rainha das comédias românticas e que está sempre com a mesma aura em seus personagens, eles carregam o longa com muito bom humor. As situações do roteiro de Allan Loeb e Timothy Dowling dão espaço para um jogo de diálogos rápidos, quase sempre descarados o suficiente para gerar risadas. Ainda que o riso não seja espalhafatoso, a diversão está presente nas quase duas horas de projeção.

Se não há muito o que dizer de Sandler e Aniston, o elenco secundário chama atenção. As crianças Bailee Madison e Griffin Gluck roubam praticamente todas as cenas em que aparecem. Ela, com sua inteligência a frente da idade, atua de forma afetada por gamar na brincadeira de fingir ter um pai que não é o seu. Madison é incrivelmente carismática e tem ótimos momentos em cena. Já Gluck faz um canastrão sensível, renegado pelo pai verdadeiro, e que vê no personagem de Sandler uma oportunidade de se dar bem.

Ainda no elenco temos a loira Brooklyn Decker. Sempre boazinha e acreditando nas mentiras plantadas, a atriz parece mais saída de um seriado adolescente meia-boca. Quem também dá uma atuação duvidosa é Nick Swardson, tentando ser o coadjuvante amigo do protagonista que tem as boas tiradas, mas nem sempre seu papel está no tom certo. Ainda há uma participação especial da oscarizada Nicole Kidman, vivendo a caricata amiga de colégio de Aniston. Há muito tempo sem investir em comédias, a personagem de Kidman infelizmente é dispensável e não traz muitas referências positivas para o bom humor da trama.

Dirigido por Dennis Dugan, responsável pelo péssimo “Zohan – O Agente Bom de Corte”, a película não tem um visual apurado e nem se preocupa com isso. O que atrapalha aqui é a falta de ritmo para contar uma história previsível, algumas vezes cansando o espectador com a superexposição de sequências pouco inspiradas. Ainda assim, o cineasta sabe onde encontrar o humor em seu elenco e realiza um filme, no mínimo, divertido e sem a pretensão de entrar para a história. Sendo assim, “Esposa de Mentirinha” cumpre a proposta e deve divertir quem procura uma comédia besteirol.

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Diego Benevides
é editor geral, crítico e colunista do CCR. Jornalista graduado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), atualmente é pós-graduando em Assessoria de Comunicação e estudioso em Cinema e Audiovisual. Desde 2006 integra a equipe do portal, onde aprendeu a gostar de tudo um pouco. A desgostar também.

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