domingo, 27 de março de 2011

O Rock in Rio dos seus sonhos

qui, 24/03/11
 
 
 por Zeca Camargo | 
 



Assim como eu, você  deve estar bastante entusiasmado com o anúncio de quase toda a escalação do Rock in Rio 2011. E, assim, como eu, você deve estar também um pouco decepcionado… Não exatamente com o elenco de estrelas que já foi divulgado – quem pode “reclamar” da chance de ver (ainda que novamente) Coldplay, Red Hot Chilli Peppers, Guns, Elton John (e Rihanna!), Metallica e (sim!) Shakira? (E isso, para ficar apenas nos nomes principais, que já estão super confirmados – algumas vagas do palco principal, principalmente no segundo fim-de-semana, ainda serão anunciadas, mas “o grosso” das estrelas já está definido).

O que acontece num evento da magnitude e da importância do Rock in Rio, é que nunca todo mundo vai estar contente com toda a lista de convidados. Em bom português, quando se trata de um festival tão popular assim… todo mundo quer dar palpite!  Não adianta! Por mais impecável que sejam os “line ups”, tem gente que vai achar que eles não são, digamos, os “ideais”! As críticas com relação às bandas que desembarcam aqui a partir de 23 de setembro são várias – e não apenas focadas neste ou naquele artista, mas também contra ao agrupamento dessas atrações. Por exemplo, deve ter gente indignada que Lenny Kravitz vai tocar antes de Shakira (no dia 30 de setembro) – ou mesmo que Lenny Kravitz vai tocar antes de Ivete Sangalo, no mesmo dia! Como tiveram o atrevimento – perguntam-se os fãs da banda de Chris Martin – de juntar Coldplay com Skank e Frejat? E o que tem a ver o NX Zero com o Red Hot Chili Peppers – questionam os mais apressados (esquecendo-se, talvez, que a pergunta importante, quando se trata da noite de 24 de setembro, é: Stone Sour quem?).

Esse tipo de reação é inevitável – e, pela minha experiência em eventos passados, o pessoal do próprio Rock in Rio já deveria estar contando com isso (inclusive com o fato de que as críticas tendem a ficar na sombra de um evento tão grandioso – e finalmente serem esquecidas…). O que não impede que cada fã de música pop, a sua maneira, tenha uma opinião forte sobre o assunto. Mesmo os que aprovam quase todo o elenco – 60%, 70%, ou até mesmo 80% dele (como é meu caso) – têm o direto de questionar as escolhas. Ou, no mínimo, divagar sobre as possibilidades perdidas.

Estou convencido, depois de tantos anos de bastidores, que não existe um festival ideal. Não falo, claro, só de Rock in Rio, mas de qualquer festival. Dos cultuados eventos anuais em Reading e Leeds (Inglaterra) ao encontro catártico que mais uma vez está para acontecer agora em abril, na Califórnia – o adorado Coachella -, nenhum deles é perfeito. Mas “implicar” com uma escalação que pretende ser grande e diversificada, que quer dar um panorama da música do nosso tempo, e que quer agradar ao maior número possível de pessoas é quase um “passatempo saudável”!

Ao passar a limpo essas listas de convidados, estamos exercitando não só nosso conhecimento de música pop, como também praticando uma variante – muito conhecida por nós, brasileiros – daquela frase que sempre aparece em época de Copa do Mundo: “No Brasil, todo mundo é técnico de futebol”… Ora, em épocas de Rock in Rio, todo mundo é crítico de música sim – e, longe de considerar essas críticas como um movimento negativo, eu prefiro celebrar a discussão como um inegável indício da vitalidade (e importância) da música para, digamos, jovens de qualquer idade.

Há dias, desde que saíram as primeiras confirmações, eu escuto cá e lá, alguém implicando com um ou outro artista. O que eu acho, insisto, normal – até porque, nenhum desses comentários que ouvi veio junto da (essa sim) preocupante frase “eu acho que eu não vou”… Pelo contrário: mesmo nas discussões mais inflamadas de elenco, a vontade de conferir – ou ainda, de participar, de estar presente, de testemunhar – um evento como o Rock in Rio, sempre está presente. Por isso mesmo, porque o atrativo de um espetáculo único como esse – que já construiu uma reputação imbatível ao longo de quase três décadas – não me parece nem de longe ameaçado, eu queria propor para você, um pequeno devaneio.

Diga-me: qual seria a noite dos seus sonhos num Rock in Rio?
Mais do que desafiar o próprio festival, o que quero com isso é mostrar que as possibilidades são infinitas – e que, mesmo num mundo ideal, esse “Rock in Rio dos sonhos”, talvez fosse impossível de existir (isso, sem contar todas as questões logísticas, de agenda, de cachê, de organização, entre outras, que inevitavelmente colocam obstáculos para a finalização de algo tão ambicioso). Porém… não custa sonhar!

Vou eu mesmo começar a brincadeira – que surgiu, em nome da transparência, quando um colega meu jornalista me mandou um email me provocando sobre uma observação minha sobre essas bandas que estão vindo para o festival. Ao respondê-lo, vi que, de maneira espontânea, acabei dando a minha lista de sugestões para o que seria uma noite em que eu não desgrudaria a atenção nem por um minuto do palco. Boa parte dessas minhas indicações são pura loucura – palpites soltos, de quem não está preocupado com detalhes de produção. Fiz, quase sem querer, uma lista de bandas e artistas que gostaria de ver juntos, mesmo sem saber qual seria o resultado… E fiquei contente com o resultado – a ponto de até dividi-lo com você.

Tenho certeza de que, mesmo que essa minha sugestão fosse aceita, eu iria receber um enxurrada de críticas. Claro! Mexer com rock n’roll, com pop, com música – dá sempre nisso. É essa paixão que faz desse universo algo tão emocionante. Que torna as críticas a um elenco tão poderoso quanto o do Rock in Rio (ou de qualquer outro festival do mesmo porte) irrelevantes. 

O que importa mesmo, como qualquer pessoa que já tocou nesse assunto numa mesa cercada de amigos e regada de chope, é a discussão – é minha opinião contra a sua, é eu tentar te convencer, e você achar que eu sou maluco (ou imbecil!) por defender esse ou aquele artista. Isso é que é delicioso! E, por isso mesmo, deixo aqui minha “lista dos sonhos” para esse Rock in Rio – com direito a várias propostas impossíveis! Assim, sem medo de dar a cara para bater, aqui vai o que eu gostaria de ver:
- o White Stripes fazendo um “show de despedida”
- Florence and the Machine numa parceria histórica com Annie Lennox
- Beady Eye – na mesma noite em que Noel Gallagher estivesse se apresentando, sozinho, num palco alternativo- Conor Oberst, em qualquer uma de suas encarnações (de preferência como Bright Eyes), convidando Paulo Moska para tocar um par de músicas

- Mika “in concert”…
 

- The Strokes, num grande retorno
- Phoenix tocando com Karina Bhur!
- Antony (and the Johnsons) em uma meia dúzia de duetos com Ney Matogrosso
- Asa e Izzy (aqui já apresentadas)
- Saint Etienne tocando para Fernanda Takai
- Mumford and Sons abrindo para o Arcade Fire
- Ricardo Villalobos remixando Otto
- Manic Street Prechers – ponto!
- M.I.A. – fechando a noite, claro, porque depois de um show dela, que teria coragem de subir ao palco?

Sei perfeitamente que todos esses artistas não caberiam num mesmo palco, numa mesma noite. Mas, como disse antes, esse é apenas um exercício de imaginação, alimentado por uma forte devoção deste humilde servo do pop, a essas bandas e artistas geniais.

Já está com algumas pedras na mão, para atirar na minha direção? Deixe disso… No lugar de simplesmente me criticar (ou mesmo, quem sabe, elogiar), porque você não me manda a sua “escalação dos sonhos”? Se todo mundo ficar assim, sonhando, tendo idéias, menos pedras serão atiradas por aí… E não é isso que o Rock in Rio quer? Um mundo melhor?

Vamos, estou esperando…

O refrão nosso de cada dia
“Touches you“, Mika.  Mika, que há algum tempo já foi tema de um post aqui, é um dos atores mais sub-apreciados da sua geração. Com apenas dois álbuns, ele provou que esbanja talento (não é à toa que eu queria vê-lo na minha “escalação ideal” para esse Rock in Rio) – como compositor, como cantor, como músico. Mas, por aquelas razões que os caminhos do pop nunca deixam claro, ele ainda não emplacou um grande sucesso. O que, de maneira alguma, significa que ele deve parar de tentar… Eu, do meu lado, estou aqui neste espaço (que, para entendê-lo melhor você deve clica aqui), oferecendo mais uma chance – não a ela, que sabe que é bom; mas a você, que por ventura ainda não tenha esbarrado na sua música totalmente sedutora. Entre tantos refrões impecáveis que Mika já criou, aqui vai o que mais falou com meu coração: “Touches you”.

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