sábado, 25 de dezembro de 2010

1×01 – O Piloto das Sitcoms




Um grupo de amigos, uma família na década de 50, pessoas trabalhando num escritório ou sobre “o nada”, as sitcoms (ou comédias de situação, para os acadêmicos) são a diversão semanal de dezenas de milhões de pessoas. São assim tão cativantes, pois são estórias que poderiam acontecer com qualquer um, em situações corriqueiras do dia-a-dia. Você está na fila do banco, o senhor na sua frente abre a bolsa e deixa cair um sutiã vermelho. Coloque as risadas de fundo e você tem uma cena de uma sitcom.



Cada temporada de uma sitcom americana tem de 22 a 24 episódios, e cada episódio tem duração média de 21 minutos (30 minutos incluindo comerciais), e normalmente começam com as personagens sempre na mesma situação (ex: em Friends, quase todos os episódios começam com os amigos conversando no mesmo Café; já em That 70′s show, a maioria dos episódios começa no porão da casa do Eric). E as conversas, os diálogos, não só em Friends, mas em qualquer sitcom, são o ponto chave. Muitas vezes emendando uma piada na outra por mais de 5 minutos.



Nem todas as sitcoms têm aquelas risadas de fundo (em inglês laugh tracks). Os críticos delas dizem que isso induz a audiência a rir num momento pré-determinado, sendo um insulto à inteligência dos telespectadores. Os defensores dizem que o produtor/diretor pode ter a liberdade de adicioná-las caso ache que uma cena não teve uma boa reação da audiência presente na gravação. O seriado M*A*S*H teve esse problema: o criador Larry Gelbart era totalmente contra as risadas, mas a emissora CBS queria elas no fundo. Nos DVDs desse seriado é possível assistir aos episódios com ou sem as risadas de fundo. Nos EUA, esse, digamos conceito de sitcom surgiu ainda na rádio em meados da década de 20. Na televisão, a primeira sitcom nos modelos que conhecemos hoje foi “I Love Lucy”, que teve 6 temporadas entre 1951-57. Foi a primeira a usar mais de uma câmera simultaneamente, e a primeira a ter todos os episódios gravados (antes disso as sitcoms eram transmitidas ao vivo). Ter todos os episódios gravados também foi um marco, pois permitia que as emissoras exibissem novamente os mesmos episódios, nos chamados re-runs (reprises).
 
 

 
No final da década de 60 houve um estouro das sitcoms nos EUA. “Bewitched” (A Feiticeira), “I dream of Jeannie” (Jeannie é um gênio), “The Partridge Family” (A Família Dó-Ré-Mi), “The Jeffersons”, “The Brady Bunch” (Família Sol-Lá-Si-Dó), “The Monkees”, “The Mary Tyler Moore Show” e as animações “Os Flintstones” e “Os Jetsons” entre outras, que também fizeram enorme sucesso fora dos EUA. Enquanto isso, na mesma década de 70, surgia no México “Chaves” – um menino pobre que mora em um cortiço que se tornaria um fenômeno em toda a América Latina. O visual tosco do cenário, personagens infantis interpretados por adultos, bordões e cenas que muitas vezes caíam no pastelão fizeram um sucesso inexplicável e até hoje ainda são líderes de audiência nas emissoras em que são exibidos.



 
Já nos anos 80 destacaram-se “Taxi” (aquele com o Danny DeVito), “Cheers” (com Ted Danson… a música where everybody knows your name…) e “Married With Children” (Um Amor de Família), sendo que as duas ficaram no ar por 11 anos! Também no final dos anos 80, vão ao ar os primeiros episódios de “Seinfeld” (até hoje considerada a melhor série da sua geração) e de “Os Simpsons” que já é a sitcom americana a mais tempo no ar ininterruptamente (20 anos!). Se “Seinfeld” é considerada a melhor série pela crítica (e pelos seus muitos fãs), “Friends” foi a mais popular dos anos 90 (na última temporada – a 10ª – os seis protagonistas receberam U$ 1 milhão por episódio cada um). Ainda hoje todo ano surgem novas séries tentando ser a nova ‘Friends’ mas todas sem o mesmo sucesso. Na década de 90 também estrearam “Everybody Loves Raymond”, “Mad About You” (Louco por Você), “Frasier”, “Newsradio”, “3rd Rock from the Sun” (que em português ganhou o ridículo nome de Etaterrestre), “Spin City”, “Will & Grace”, “That 70’s Show”, o impagável Rowan Atkinson e seu “Mr Bean”, as animações “Family Guy” (Uma Família da Pesada) e mais recentemente, já nos anos 2000, as americanas “Malcolm in the Middle”, “How I met your Mother”, “Scrubs” e “Two and a Half Men”, e as inglesas “The Office” (a versão inglesa, e minha favorita!), Coupling (série também sobre relacionamento entre amigos, só que mais focada em temas sexuais).



Muitas dessas séries começaram a fazer sucesso no Brasil nos anos 90, via TV a Cabo, no Sony Entertainment Television e Warner Channel. Já em termos de produção de sitcoms, a primeira sitcom feita no Brasil foi Alô Doçura, com John Herbert e Eva Wilma exibida pela TV Tupi de 1953 a 1964. Em 1967 surgiria “Família Trapo”, na TV Record, com Jô Soares e Ronald Golias. Já na década de 70 era a vez da Globo estrear sua sitcom “A Grande Família” com Jorge Dória, Eloísa Mafalda e Osmar Prado, que ganhou um útimo remake em 2001, agora com Marco Nanini, Marieta Severo, Pedro Cardoso, Lúcio Mauro Filho e Guta Stresser, e continua no ar desde então. Outras sitcoms de sucesso da própria Globo foram “Sai de Baixo” e “Os Normais”.
 


 
Apesar de ser uma fórmula de muito sucesso, duas séries atuais conseguem fugir um pouco dela com muita criatividade, são os casos de Community (sobre alunos de uma faculdade pública, cheio de referências à cultura pop) e Modern Family (um falso documentário sobre uma família americana).


Uma última curiosidade: “Last of the Summer Wine” é a sitcom a mais tempo no ar, indo pra sua 32ª temporada (com 8 a 10 episódios produzidos por ano) pela BBC inglesa.








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