quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Enterrado Vivo | Crítica



Claustrofóbico é certamente o adjetivo mais óbvio para descrever Enterrado Vivo (Buried), afinal estamos falando de um filme que se passa 99% com o personagem principal, Paul Conroy (Ryan Reynolds), preso dentro de um caixão, enterrado 7 palmos abaixo da terra. Podemos adicionar à lista de adjetivos o angustiante, intenso e, sem dúvida, corajoso.




 
Trata-se do filme de estreia do espanhol Rodrigo Cortés. E uma estreia já nos Estados Unidos e com um ator que, se não estava na lista dos mais procurados, certamente vai ter cada vez menos tempo livre em sua agenda depois de Lanterna Verde. E aos detratores, já fica o aviso, Ryan Reynolds mostra aqui que pode ser muito mais do que um abdomem definido e travesseiro de Scarlett Johansson. O filme funciona porque Cortés consegue tirar dele a interpretação de um cara genuinamente desesperado por alguns minutos extras de vida, na esperança de sair dali.



 

Toda a história é contada através de telefonemas. Quando acorda, Paul percebe apenas que está em uma caixa de madeira e tem no seu bolso um isqueiro. Após alguns minutos, toca um celular explicando que se ele quiser sair dali vai precisar pagar. E muito, principalmente para um caminhoneiro de uma construtora particular que atua no Iraque, e só está lá justamente porque precisava da grana.


Pouco a pouco, vamos vendo que o filme é mais do que apenas um cara preso em um caixão. As ligações que ele faz vão expondo um a um o governo estadunidense, as empresas contratadas para reconstruir o Iraque, os ensaboados chefes que vão fazer de tudo para tirar os seus da reta, as cunhadas e até as mundialmente odiáveis empresas de telemarketing.


Ao explorar tudo isso e mais a tortura psicológica imposta a Paul, o filme de Cortés se iguala a thrillers independentes como Por um Fio e Mar Aberto, que usam o desespero humano para criar, com um orçamento limitado, algo diferente e envolvente, algo que qualquer um naquela situação poderia fazer o mesmo.


A técnica utilizada por Cortés, que usou sete caixões com aberturas diferentes, e muitas vezes apenas a luz emitida pelo celular ou pelo isqueiro, dá ao filme uma movimentação impensada para um projeto que se passa em um espaço menor de 1 metro cúbico.


É a realidade dura em contraposição ao aspecto fantasioso da cena em que a Noiva (Uma Thurman) de Kill Bill - Vol. 2 consegue usar as técnicas aprendidas com Pai Mei para sair de situação similar. Aqui, cabem a Paul apenas um resto de bateria de celular, alguns minutos de oxigênio e a esperança. Ingredientes que se provam suficientes para a construção de um bom filme.




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