domingo, 26 de dezembro de 2010

J. Michael Straczynski: Grande escritor ou grande presepeiro?




O escritor J. Michael Straczynski divide opiniões entre os fãs de quadrinhos, tendendo um pouco mais para os que gostam do que os que não gostam dele. Na verdade, vale dizer, Straza – como é normalmente chamado por fãs brasileiros – é realmente aclamado por sua criatividade e ideias para determinados personagens. Por outro lado é odiado por sempre terminar os títulos que pega pra escrever de forma controversa demais – ou simplesmente por não terminá-los de verdade.



 


Tudo começou com a conclusão de Homem-Aranha na saga Um Dia a Mais, a qual o próprio editor da Marvel, Joe Quesada, afirmou tempos depois ser culpa sua e que o próprio último capítulo, no qual Peter Parker faz um pacto com o demônio Mefisto para sua tia não morrer, foi feito todo por ele isentando JMS de qualquer culpa pelo final controverso. Na época o autor já cuidava da nova mensal do Thor que trouxe o personagem totalmente renovado e moderno para um público muito maior e tornou-se não somente a melhor revista mensal da Marvel – por crítica e fãs – como também a mais vendida. Completando mais de 2 anos de trabalho e com a chegada do evento Siege o escritor decide deixar totalmente o título alegando que um evento tiraria todo o espaço criativo que ele vinha alimentando neste tempo todo sem precisar relacionar o herói com o restante do Universo Marvel. Sendo assim, em novembro de 2009, a Marvel publicou a última história do escritor e mais uma vez ele saía de um título de um jeito um tanto quanto abrupto.
 


 


Tendo escrito The Brave and The Bold por um bom tempo com a DC Comics após sua exclusividade com a Marvel acabar ainda antes de deixar Thor, foi neste ano que o autor finalmente mostrou algo de mais força na DC Comics e assumiu as mensais do Superman e da Mulher-Maravilha, além de ainda cuidar da primeira graphic novel do projeto Earth One da editora. Pra quem não sabe, Earth One foi uma ideia da DC Comics que cria um universo a parte e fechado para cada personagem importante que possui de forma a buscar novos leitores através do mercado literário. Superman: Earth One, de Straza, saiu há menos de um mês e esgotou antes mesmo de seu lançamento apenas com pré-vendas. O resultado comercial de absurdo sucesso fez com que ele deixasse Superman e M.M. com outras pessoas a partir do começo de 2011 para cuidar apenas de graphic novels agora.



A pergunta que fica é: o que acontece com este cara? Será que ele não consegue ficar num lugar só por muito tempo? Teria ele planejado um final muito ruim para os dois heróis da DC a ponto de jogar a batata quente nas mãos de outros e sair ileso de alguma controvérsia mais uma vez? Seria JMS um grande presepeiro? A resposta é “não” para todas as perguntas. JMS já soma mais de 50 anos de idade e trabalha com roteiros de filmes, games, gibis e muitas outras áreas da arte. É fato que ele se envolve em diversas controvérsias e não tem medo disso, porém é natural que isso aconteça quando se trata de uma indústria como os quadrinhos americanos que necessitam de revitalização há tempos e fazem de tudo para chamar a atenção e manter os poucos leitores que ainda possui.



 

O que acontece é que como todo autor que gosta de passar uma mensagem em suas obras ele também prefere as melhores chances comerciais de expor ideias e a projeção de Earth One é muito maior que meras mensais num mercado corrompido. Somam-se aí o lado artístico e também o comercial. É óbvio que a DC Comics já encomendou uma continuação da história e Straza, junto do desenhista Shane Davis, estão pensando nisso no momento. Mas vale destacar que quem estava gostando da fase do autor em Superman e Mulher-Maravilha (Nota: no caso do primeiro a controvérsia vem sendo alta demais e na segunda ela foi substituída pela alta qualidade dos textos e da prova que nunca a Princesa Amazona teve um tratamento tão interessante em suas histórias) não vai ficar órfão e essa é a grande defesa do autor.



JMS tinha assinado para cuidar de Superman e da MM por 12 edições, ou seja, um ano fechado e então passaria a bola para outros autores que cuidariam da situação no ponto em que ele deixaria. Isto posto, cerca de dois terços destes trabalhos foram totalmente feitos por ele. Claro, é importante que a conclusão não fuja do que ele planejara, mas vale destacar que ele fica de mentor de Phil Hester (que cuida da Maravilhosa) e de Chris Roberson (Superman) até o fim para que nada fuja do que ele mesmo havia planejado.



Sendo assim a situação não é ruim. Ok, certamente ele não é inocente no caso do Homem-Aranha, mas ele não abandonou Thor como alguns alegam: a história foi fechada. Com Superman e Mulher-Maravilha a situação também é boa e de quebra ainda temos chance de ver um Homem de Aço 100% moderno, crível e atualizado com as graphic novels de Earth One. JMS sai ganhando muito financeiramente e artisticamente. E os fãs? Também, é claro!



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