sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ALICE



Fica difícil falar de uma série com tantos episódios marcantes, mas que foram vistos num espaço de tempo longo. E isso não é porque a série de Karim Aïnouz e Sérgio Machado não seja suficientemente boa, mas porque a falta de tempo não me permitiu vê-la como deveria. Os episódios iniciais, inclusive, são fundamentais para que chamem a atenção do espectador. Tudo bem que ALICE (2008) tem os seus altos e baixos, mas, no geral, os pontos são mais altos e Andréia Horta, que faz a protagonista, é um achado. Além de a moça ter um corpo maravilhoso (comprovado nas cenas em que aparece nua e que deixam qualquer marmanjo babando), tem um jeito encantador e aquela voz meio rouca que é um charme a mais.

E apesar de ter um parceiro como Sérgio Machado, ALICE tem a cara mesmo é de Karim. A trajetória da garota que vem de Palmas em Tocantins para o funeral do pai em São Paulo e não quer deixar mais a selva de pedra de tanto encantamento que tem com o lugar lembra principalmente O CÉU DE SUELY (2006) e um pouco VIAJO PORQUE PRECISO, VOLTO PORQUE TE AMO (2009). Os dois filmes mostram pessoas em trânsito, longe de seus lares e carregando fortes sentimentos. Ambos também trabalham com o espaço e aqueles que o rodeiam.

Talvez o que possa incomodar um pouco em ALICE seja o excesso de voice over da personagem, mas por outro lado isso acaba nos aproximando mais dela. Se bem que em determinado momento da série, Alice fica tão chata que passamos a ter raiva dela. Ainda assim, até nisso pode-se ver um acerto de seus realizadores, já que é preciso todo esse processo de Alice passar por uma fase de exageros – no trabalho, nos amores, nas drogas, nas festas – para entrar em colapso e ver que estava perdendo os amigos e a família.

Daria para falar de cada um dos episódios e de sua importância, pois cada um tem um foco especial. Um deles, por exemplo, é tão cheio de angústia, os personagens parecem estar tão soterrados em problemas e infernos astrais que me pareceu um dos melhores e mais bem realizados. Mas o mais fresco na memória ("À Flor da Pele"), o último episódio, talvez seja mesmo o melhor (ou um dos três melhores, pelo menos), com a jornada de Alice em busca do que aconteceu com sua mãe. Não é o episódio mais emocional, mas é uma bela despedida para a temporada. Sem falar que o episódio já começa com uma cena de sexo com Alice, que nem tem muito a ver com a trama geral do episódio, mas que podemos considerar como um presente para aqueles que acompanharam sua jornada durante os treze episódios de uma hora.

Em 2010 a HBO exibiu um especial em duas partes retomando ALICE. Não consegui encontrar cópia dos dois telefilmes. Se alguém encontrar e que seja pelo menos em .avi, por favor, me avise. A segunda temporada, que estava prevista para 2012 foi cancelada, pois Andréia Horta assinou um contrato de exclusividade com a Rede Globo e até já trabalhou em duas novelas da emissora. Quanto ao novo filme de Karim, ABISMO PRATEADO, ao que parece continua sem previsão de estreia nos cinemas.

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