sábado, 24 de dezembro de 2011

P&R - Lenny Kravitz

Lenny Kravitz fala sobre novo álbum, beber com Mick Jagger e fumar menos erva
    P&R - Lenny Kravitz

    por Austin Scaggs

    Durante boa parte dos últimos dois anos, Lenny Kravitz morou em um trailer Airstream com carpete gasto em uma praia na ilha de Eleuthera, nas Bahamas (América Central). “Tenho algumas camisetas e calças, e é só jogar uma mangueira nelas, pendurar e girar”, diz Kravitz, cuja mãe, a falecida atriz Roxie Roker, cresceu perto dali. “Não tenho chaves, sapatos nem dinheiro. Simplesmente vivo, e isso é bom.” Enquanto estava descansando, Kravitz, que acabou de passar pelo Brasil para uma apresentação no Rock in Rio, encontrou tempo para gravar seu nono disco. A odisseia funk-rock-soul Black and White America foi gravada no estúdio que ele construiu a cerca de 500 metros arenosos de seu trailer. “Havia uma liberdade real”, diz Kravitz, 49 anos. “Estar na natureza era muito condizente com sentir zero de pressão – só sentir.”

    Parece que quanto menos você tem, mais feliz você é. Verdade?
    Quanto mais faço isso, mais vejo que é o caso. Lembre, posso ir completamente de encontro a essa teoria – tenho uma casa grande em Paris, que satisfaz meu lado urbano com balé, ópera, museus, ótima comida e moda. Mas, vou dizer, morar nas Bahamas é muito mais satisfatório. Minhas decisões cotidianas são: “Que tipo de peixe quero comer no jantar?”

    Você colocou DJ Military, um nativo de Eleuthera, em sua nova música “Boon gie Drop”. Ele pirou quando soube que Jay-Z também participa dela?
    É como viver em Mayberry [comunidade fictícia de seriados norte-americanos]. Ele disse: “É, legal, cara”. E só! Levei o Mick Jagger para lá uma vez. Fomos a um boteco beber cerveja e perguntaram: “E aí, o que você faz da vida?” Ele respondeu: “Faço música”. “Que tipo de música?” “Rock and roll.” “Ah, ótimo.” Então, o outro começou a falar sobre pesca.

    Dá para sentir uma grande vibração no estilo do maestro Quincy Jones em algumas das músicas. Quais são suas produções preferidas dele?
    Poderíamos voltar a seus dias no jazz, mas, a partir daquele período nos anos 70, eu diria “Strawberry Letter 23”, do álbum Right on Time, do Brothers Johnson. É excelente! E, claro, Off the Wall, que é meu disco solo preferido do Michael Jackson.

    A capa do seu disco é uma foto sua quando criança, com um sinal da paz desenhado no rosto. De onde veio aquilo?
    A foto foi tirada pelo meu pai quando eu estava na 2ª série, acho, no pátio da escola. Havia uma espécie de bazar escolar rolando, e minha mãe tinha um estande pequeno onde pintava o rosto das crianças. Encontrei essa foto há uns seis meses e foi reafirmador para mim.

    Você diz isso porque algumas pessoas pensavam que seu estilo paz-e-amor era forçado?
    É. Mas sempre fui assim. Nas minhas fotos de infância, uso blusas com franjas na manga, colares, pulseiras e faço o sinal da paz. Sou assim.

    Seus pais conversavam muito com você sobre preconceito?
    Quando eu tinha 5 anos, minha mãe me disse: “Você não é de um lado nem de outro, mas dos dois – só que a sociedade só vai te ver como negro”. Demorei anos para entender isso. No ginásio, eu namorava uma menina branca, conhecia os pais dela, e nem sempre era uma recepção calorosa. Mesmo se fosse uma judia, o fato de eu ser metade judeu russo não importava – era: “Ah, ele é negro”. Era disso que minha mãe falava.

    Que tipo de música você escutava por causa deles na infância?
    De tudo. Ouvia Jimi Hendrix na fase Band of Gypsys, Crosby, Stills and Nash, Harry Belafonte, música clássica... os dois amavam música, ponto final. Íamos ver Duke Ellington no Rainbow Room, ao Lincoln Center para ver uma ópera, ao Apollo para assistir a James Brown. Eles amavam arte. Por isso ficaram juntos.

    Reparei que o relógio marca 4:20 (referência ao consumo de maconha) no novo clipe da música “Stand”. Foi sua ideia?

    Sim, eu fiz isso. Achei que seria engraçado.

    Você fuma muito?
    Cara, provavelmente, só não fumei mais do que Bob Marley. Para ser bem honesto, comecei quando tinha 11 anos e só parei há uns 12 anos. Acordar, bocejar, fumar um, apagar, ir dormir. Agora, fumo só de vez em quando. A vida é intensa demais.

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