sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

QUATRO CURTAS



Quatro curtas totalmente distintos para este post. O primeiro tem a ver com o período natalino, o segundo é um documentário sobre uma das mais importantes estrelas do cinema produzido na Boca do Lixo, o terceiro é um curta de François Ozon feito já num período em que ele se estabilizava como diretor de longas e o quarto é um dos filmes mais importantes da história do cinema.

O NATAL DE CHARLIE BROWN (A Charlie Brown Christmas)

À procura de um filme que combinasse um pouco com o espírito natalino para ilustrar o blog, resolvi ver este desenho da turma do Charlie Brown que foi marcante por ter sido o primeiro especial de TV dos personagens das tirinhas PEANUTS, de Charles M. Schultz, a ser veiculado em horário nobre. O NATAL DE CHARLIE BROWN (1965), se não é tão bom quanto vários episódios regulares da série, pelo menos trata da tão conhecida melancolia do protagonista, que fica se perguntando por que razão não fica feliz no período do Natal e procura a sua psicanalista particular, a Lucy, para ajudá-lo. Gosto especialmente quando ele vai checar a caixa de correio e reclama que o Natal serve também para mostrar que as pessoas não lembram dele, não lhe enviando cartões de Natal. Lembro que na adolescência me identificava bastante com o personagem, tão deslocado do mundo, tão tímido, tão existencialista. Comparava o personagem com os tipos de Woody Allen, até. Nesse curta, Charlie Brown é incumbido de dirigir uma peça de teatro natalina, mas Lucy, como a moça do script, sempre procura aparecer mais do que ele. Este especial ficou famosíssimo nos EUA, a ponto de ser veiculado na televisão todos os anos no Natal desde a sua estreia. Um clássico, portanto.


RETRATOS BRASILEIROS - HELENA RAMOS


Este programa produzido pelo Canal Brasil homenageia em poucos minutos Helena Ramos, uma das rainhas da Boca do Lixo. Ela foi uma atriz que quase não fez novela – pelo que ela falou na entrevista, fez apenas duas – e se dedicou mesmo ao cinema. Ela lembra que a mídia costumava tratar o cinema como algo desmerecedor de respeito, muito provavelmente por causa das pornochanchadas. Ela conta de sua inicial recusa em participar dos filmes por causa da vergonha de ter de tirar a roupa, mas que acabou topando fazer AS CANGACEIRAS ERÓTICAS (1974). Depois, foi perdendo a vergonha e se tornando mais bela e mais ousada. RETRATOS BRASILEIROS – HELENA RAMOS (2009) mostra a Helena hoje, com o rosto bem diferente, como se fosse outra pessoa, exceto pela voz, que não mudou. Alguns filmes são citados em imagens e pela própria entrevistada. Entre eles: KUNG FU CONTRA AS BONECAS (1975), IRACEMA, A VIRGEM DOS LÁBIOS DE MEL (1979), MULHER, MULHER (1979), MULHER SENSUAL (1981) e MULHER OBJETO (1981), que é onde ela aparece mais bela. Deu bastante vontade de ver todos esses filmes.

LA PETIT MORT

No mesmo ano em que realizou GOTAS D'ÁGUA EM PEDRAS ESCALDANTES e SOB A AREIA, François Ozon fez este curta-metragem. LA PETIT MORT (2000) mostra um jovem homossexual cuja obsessão é tirar fotos de rostos de homens atingindo o orgasmo. O orgasmo é tratado, inclusive, por algumas religiões, como uma "pequena morte". Daí o título original. Não à toa, o sexo e a morte compartilham da mesma casa no zodíaco. Mas há também outra morte no filme, a morte do pai moribundo do protagonista. Um pai com quem ele não tem contato durante muitos anos e cujo reencontro será bem fora do comum.

VIAGEM À LUA (Le Voyage dans la Lune)

Georges Méliès é provavelmente o homem que elevou o cinema à categoria de arte, ao utilizar de truques de filmagem até então inéditos. Antes dele, o cinema tentava simplesmente documentar a realidade. Depois dele, houve um avanço nas técnicas e uma apropriação da ficção. VIAGEM À LUA (1902) tem uma das imagens mais emblemáticas da história do cinema: a cápsula atingindo o olho da lua. Na história, astrônomos resolvem fazer a tal viagem do título e são arremessados ao nosso satélite. Lá, encontram um grupo de criaturas, os selenitas. No final, eles conseguem escapar deles e retornam sãos e salvos para a Terra. A cópia que eu vi me incomodou um pouco, pois em vez dos tradicionais intertítulos há uma narração em voice-over em inglês que não deixa o filme respirar. Mas trata-se de uma versão que contém a sequência final, do retorno dos viajantes, dada como perdida até ser encontrada em 2002. Exatamente um século depois da produção do filme.

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