sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

MAMUTE (Mammuth)



Muito do mérito de MAMUTE (2010) está na caracterização de Gerard Depardieu como um homem em busca de sua aposentadoria, mas tendo que lidar com a burocracia e com o natural desrespeito das empresas para com seus empregados, pagando-os "por fora" para não ter que arcar com as despesas com a previdência. Depardieu, no filme, é Serge Pilardosse, conhecido como "Mamute". Pelo tamanho exagerado, ainda mais acentuado pelo excesso de peso que o ator ganhou nos últimos anos, o apelido é mais do que justificado. E ao vermos o protagonista tentando passar um carrinho de supermercado por um espaço entre dois carros num estacionamento, vemos que lhe falta também inteligência.

E é essa falta de inteligência que faz com que ele aceite muitas ofensas, se mostre passivo diante dos demais, talvez por se achar quase sempre inferior. Em flashback da esposa, vemos que ela casou com ele por pena. Mas, assim como o personagem de Mickey Rourke em O LUTADOR, é graças a essa persona meio loser que passamos a gostar de Serge. E a sua busca pelos comprovantes de que trabalhou em dez empresas, guiando sua motocicleta, acaba por se tornar uma espécie de redescoberta do mundo. Em cada lugar que ele passa, em cada aventura vivida, é como se a vida estivesse lhe mostrando o que ele estava perdendo enquanto trabalhava durante anos e anos para empresários inescrupulosos.

MAMUTE tem algo de surreal e também de fantástico, ao mostrar o fantasma de uma mulher que ele acidentalmente matou no passado, vivida por Isabelle Adjani. Sua primeira aparição causa uma sensação de deslocamento. Como se um filme de horror estivesse invadindo o território de uma comédia. Mas aos poucos, essa impressão se dissipa e o tom do filme vai tomando forma própria. Pode não ser um grande filme, mas é honesto e interessante. E tem uma cena que deve pegar muita gente de surpresa e até chocar outros.

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