sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

CRIMES DE PAIXÃO (Crimes of Passion)



No último dia 27 de novembro, faleceu Ken Russell. E confesso que era mesmo um diretor cujos trabalhos eu não acompanhava há muito tempo. O último filme que havia visto dele fora A PROSTITUTA (1991), na época do lançamento em VHS. E lembro de ter gostado muito. Curiosamente, o filme que eu escolhi para ver – no caso, rever – para homenageá-lo também tem uma prostituta como protagonista. Até queria ver THE DEVILS (1971), mas soube que está para chegar em dvd uma cópia mais completa, com cenas adicionais desse filme nunca lançado comercialmente. Então, vamos aguardar.

Foi um prazer rever CRIMES DE PAIXÃO (1984), visto num desses corujões, na aurora de minha cinefilia. É do tempo em que a Kathleen Turner era símbolo sexual, muito em parte por sua arrasadora performance em CORPOS ARDENTES, de Lawrence Kasdan. Mas é no filme de Russell que ela se mostra muito mais ousada sexualmente. A primeira cena do filme, por exemplo, com a China Blue, seu nome de guerra, satisfazendo as fantasias sexuais de um cliente, eu não lembrava que fosse tão quente. E o inglês Russell fez isso em Hollywood, em plena era Reagan!

O filme conta a história de uma mulher que tem uma vida normal durante o dia num escritório, mas que à noite se transforma numa garota de programa do baixo meretrício. No local, há a figura contraditória e assustadora de um pregador psicopata e tarado, vivido por Anthony Perkins. Diria que depois de seu papel em PSICOSE, esse é o seu personagem mais marcante. Se bem que Russell, no final, faz uma homenagem ao filme de Hitchcock. Completando o triângulo, há o homem de família insatisfeito com a esposa que lhe "nega fogo" e que, ao investigar a vida privada da personagem de Turner, acaba se apaixonando por ela logo na primeira noite de sexo. E é seguindo o drama desses três personagens que o filme se constrói.

Os elementos de horror que compõem o filme contribuem para que ele ganhe mais força. E é o vendo como um exemplar do horror – ou tangenciando o gênero - que aceitamos os seus excessos, principalmente na interpretação de Turner. Há momentos especialmente alucinantes, como a cena em que China Blue presta serviços a um sujeito masoquista. Aquilo é forte pra caramba e deve ter entrado só na versão unrated. Acho que na época que vi o filme na televisão, devia estar cheio de cortes. Quanto a Russell, é o caso de cineasta esquecido recentemente em vida e que merece ser redescoberto ou ter suas obras revistas e apreciadas. MULHERES APAIXONADAS (1969), pelo menos, já está na minha lista de próximos a ver.

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