Já falei que sou fã das séries britânicas. Geralmente elas têm ambição narrativa, ousadia e não caem na armadilha de ficar se repetindo, e talvez por isso possuem temporadas mais curtas. É o caso de “Misfits”, que retorna para o seu 3º ano. Costumo dizer que é a produção que “Heroes” queria ser e nunca foi. Óbvio que ambas têm um tom completamente diferente. Enquanto a série de Tim Kring se levava muito à sério (sem conseguir manter uma estrutura coesa e abusar de roteiros ridículos), “Misfits” adota a anarquia como ponto de partida, sendo movida por diálogos rápidos e inteligentes, além de ótimos personagens. Cada fala proferida é como um tiro certeiro, e esse é o mais trunfo da série.

Eu já sabia que “Misfits” passaria por uma grande provação neste terceiro ano. Muitos fãs (comigo incluso) se alarmaram quando viram a notícia que o ator Robbie Sheehan (Nathan) deixaria a série. Sua despedida foi mostrada no web-episódio “Viva Las Vegas”, o que deixou todos ainda mais saudosistas. Mas eis que Rudy, o novo personagem, é bem interessante (e muito mau caráter) e chega para ocupar o lugar de Nathan com honras.

O episódio em si manteve as características da série. Ótimos diálogos (a fala de Rudy após sua companheira perguntar o que ele faz no banheiro entrou pra história!) e atitudes polêmicas povoaram a narrativa. Gostei muito de ver a interação entre Rudy e o restante os outros personagens. Também é interessante a apresentação dos novos poderes. Estou curioso para onde vai levar essa história de “rocket Science” da Kelly, pois aparentemente é o poder mais bobo, então não deve ser à toa. E óbvio que não poderia deixar de terminar o episódio com o grupo enterrando mais uma pessoa. Sensacional!

Boss

Já estava bem desanimado com as estreias da fall season, pois na minha opinião o único piloto que tinha achado realmente sensacional tinha sido o de “Homeland” (continuo achando a melhor série estreante). Mas eis que o pequeno canal americano Starz, responsável por “Spartacus”, nos entregou uma ótima estreia. Estou falando de “Boss”, a nova série de Kelsey Grammer, o eterno “Frasier”.

A história mostra o cotidiano de Tom Kane (Grammer), prefeito de Chicago que recebe a notícia de que está com uma doença degenerativa no sistema nervoso e que, dentro de poucos anos, perderá memória, funções motoras e portanto não poderá confiar em ninguém. Mas ao invés de buscar algum tipo de redenção, o personagem se aprofunda ainda mais em um mundo de corrupção, extorsão e mentiras em busca de mais poder.

O piloto da série já começa na dianteira com grandes performances de Grammer e principalmente de seu diretor, o cineasta Gus Van Sant (“Milk” e “Gênio Indomável”). A composição das cenas e os enquadramentos são belíssimos, e nesse ponto é admirável a confiança que o diretor deposita no ator. Durante vários momentos Sant faz longos closes fechados no rosto de Grammer, tornando o telespectador cúmplice dos sentimentos que o personagem vive. E já adianto que Kelsey Grammer é um dos favoritos para as próximas premiações. O ator compõe Tom Kane como um sujeito cheio de contrastes. Se em um momento ele se preocupa com a filha viciada, em outro procura manter distância para que esta não afete sua imagem pública.

Vale também citar o restante do competente elenco, que tem nomes como Connie Nielsen, Kathleen Robertson e Hannah Ware. A produção foi criada por Farhad Safinia (roteirista de “Apocalypto”). “Boss” é uma grata surpresa e, no período de mediocridade entre as novidades da TV americana, mostra ainda mais o seu valor. Vou acompanhar.

Vocês gostaram da estreia de “Boss”? E do retorno de “Misfits”?