sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Desconhecido | Crítica


O norte-irlandês Liam Neeson vem trabalhando em Hollywood desde o início dos anos 1980. Mas mesmo com os elogios que recebe dos críticos e do público, ele nunca foi um ator que chamasse mais a atenção do que o filme que estrelava. Nem mesmo depois de ter sido indicado ao Oscar por A Lista de Schindler ele estampou os cartazes de grandes blockbusters com seu nome acima do título do longa. Assim continuou levando sua carreira entre papeis secundários que roubavam a cena em filmes grandiosos (Star Wars: Episódio I, Batman Begins) e protagonizações em produções de menor escala.

Até que veio Busca Implacável, filme francês que rodou o mundo sem muito alarde antes de ser exibido nos Estados Unidos. E aí está a surpresa: o filme estreou em primeiro lugar, arrecadando quase 25 milhões de dólares por lá e continou lucrando alto nas semanas seguintes, transformando-se em um fenômeno a ponto de já ter uma continuação garantida e até a possibilidade de virar uma série de TV.

E o sucesso rendeu também para a carreira do ator, que coprotagonizou Esquadrão Classe A e agora estrela o suspense Desconhecido (Unknown, 2011). E assim, aos 58 anos, Liam Neeson vira um herói de thrillers de ação. E dos bons.

No filme dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (A Órfã), Neeson começa a história aterrisando em Berlim ao lado da esposa, como Dr. Martin Harris e Elizabeth Harris (January Jones). Porém, apenas alguns minutos depois de passar na imigração e ser apresentado à capital alemã em lindas cenas de cartões postais berlinenses, ele sofre um acidente. Quando sai do coma descobre que tem um outro Dr. Martin Harris hospedado no seu hotel e desfilando com sua esposa. Começa então sua corrida contra o tempo e contra todos os fatos, que o apontam como uma farsa.


 


A trama poderia se utilizar mais do aspecto psicológico da falta de memória do cientista americano e possíveis devaneios, colocando em xeque sua sanidade, mas prefere se mostrar como um filme de ação. Por isso, segure-se na cadeira pois o que não falta são perseguições, tiroteios e até desfiles de espiões que sobreviveram à Guerra Fria.

Entre as várias incongruências do texto está o inexplicável interesse de Gina (Diane Kruger) em ajudá-lo. Como imigrante vivendo ilegalmente no país, a lógica diria que ela deveria se manter afastada de toda essa confusão, mas lá está ela enfrentando tudo isso ao lado do cara que nunca havia visto antes. Ao menos a personagem acaba se mostrando mais interessante do que a esposa vivida por January Jones de forma tão monocromática quanto sua alva pele. Betty Draper merecia mais.


 


Comparar o filme com outros thrillers de ação seria algo fácil, mas também carregado de spoilers sobre o desfecho, que guarda, sim, algumas surpresas. Porém, quando Desconhecido resolve mostrar sua reviravolta, ela já não convence mais. A esta altura, o público já foi maltratado pelo excesso de explicações menores e o motivo que realmente interessa (por que existe aquele conflito entre eles?) chega sem convencer. No fim das contas, o filme serve apenas para mostrar a boa forma de Liam Neeson, que está cada vez mais conhecido e reconhecido.


Marcelo Forlani
24 de Fevereiro de 2011  

FONTE:
http://www.omelete.com.br/cinema/desconhecido-critica/

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