sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Malu de Bicicleta | Crítica

Romance de Marcelo Rubens Paiva chega às telas com leveza e sem excessos





 

Malu de Bicicleta (2010) adapta o romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva, lançado em 2003. Como nos demais trabalhos recentes do autor, a história fala de relacionamentos, com foco no contraste da vida solteira - e seu cotidiano de múltiplos parceiros, colecionados como troféus -, em relação ao amor verdadeiro, aos momentos gostosinhos de um relacionamento estável, cheio de carinho, companheirismo e essas "bobagens".

 

É neste impasse que está Luiz (Marcelo Serrado), sujeito que, depois de construir uma respeitável carreira como conquistador em São Paulo, é quase esfaqueado por uma mulher desconcertada pelo abandono. O ataque da louca é a deixa para que Luiz saia da cidade, para passar uns dias relaxando no Rio de Janeiro, onde é atropelado por uma bicicleta. A ciclista era Malu (Fernanda de Freitas), a caminho da terapia. Havia algo de diferente nela e assim o galinha incorrigível se apaixona.

 

O filme é cheio de cenas sutilmente cômicas, desempenhadas muito bem por Serrado, nos momentos em que seu personagem, por estar apaixonado, vira um tapado. Mas não espere gargalhar, já que o humor é leve. O romance entre Luiz e Malu se desenvolve de maneira muito bonita e o carinho e tesão entre os dois é bem construído. Não há conspirações mágicas do destino, à la Hollywood, que levam os dois a ficar juntos, mas um esforço mútuo: Luiz vai muitas vezes ao Rio visitá-la e Malu eventualmente muda-se para São Paulo.

 

Malu de Bicicleta é um romance, mas não só. Há momentos felizes e infelizes, como aqueles da vida real, em que somos nós os protagonistas. Talvez a maior qualidade do filme é ter o autor da obra que o baseou como roteirista, fato que proporciona uma adaptação que faz sentido nas telas. Apesar da diferença entre as mídias, leitores de Rubens Paiva reconhecerão seu estilo de escrita nos diálogos e, especialmente, nas narrações em off. Tudo isso sem preciosismo, fazendo concessões ao novo formato, como dar ao filme um final diferente do livro e mudando seu enfoque, processo relatado pelo autor em seu blog.



O diretor Flávio Tambellini também não pesa a mão na direção, mantendo na tela apenas o essencial, sem excessos. Ele ainda é ajudado pela direção de arte e figurino, ambos de muito bom gosto e sem extravagâncias. Malu de Bicicleta é um filme inteligente, mas com potencial de agradar ao grande público. Fica o desejo para que mais filmes assim encontrem seu espaço no nosso mercado.

 

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