por Fátima Lacerda, especial para o SOS Hollywood
BERLIM – Durante o Festival de Cinema de Berlim, o Cinema for Peace reúne uma invejável safra de personalidades internacionais nos ramos de cinema, mídia, política e negócios. Numa noite de muito prestígio com merecida pompa, presta-se uma homenagem à força da imagem móvel e sua capacidade de construir pontes entre culturas, como informa o portal oficial.
Tudo começou em 2002, quando a então iniciativa – futuramente transformada em Fundação – criou um evento de gala aproveitando o caráter internacional do Festival de Berlim. Nesse ano, Cinema for Peace comemora o aniversário de 10 anos e, além do caráter caritativo, a Fundação almeja e faz um trabalho de conscientização sobre, por exemplo, a situação de países vítimas de ditaduras e epidemias. Um dos mais recentes exemplos desse trabalho é o filme Themba da diretora alemã, Stefani Sycholts. O documentário conta a história de pacientes de todas as idades, portadores do vírus da AIDS, e foi exibido em 80 cidades e vilarejos na África do Sul.
A lista de convidados é tão representativa que deixa a Berlinale com cara de evento regional:
Christopher Lee, veterano dos filmes de terror e ícone do cinema nerd; Sean Penn, como convidado de honra da noite; o inevitável Bob Geldof, que para a ira dos fotógrafos passou ao largo pelo tapete vermelho, parando somente para falar com a TV pública alemã, ZDF; Bianca Jagger; Bill Roedy, o chefão da MTV; Ornela Muti que chegou tímida e saiu quase invisível do palco; Boris Becker, que não desgrudava de sua esposa, Lily. Mas o herói da noite foi mesmo Buzz Aldrin, tripulante da Apolo 11 e segundo homem a pisar na lua. Extremamente simpático, ele é uma das figuras-chave do “Earth Project” financiado pela poderosa Opel.
Filosofando sobre a impressão de fragilidade da Terra, Aldrin fez um apelo a todos para que deixemos um planeta arrumado para nossos filhos e netos. Esse discurso me fez lembrar da música Terra, magistralmente interpretada por Caetano Veloso.
A presença brasileira na cerimônia de gala do Cinema for Peace foi marcada pela diretora Julia Bacha, com seu filme Budrus, um dos três concorrentes à categoria International Human Rights Film Award.
Budrus, que já tem longa carreira internacional, mostra o engagamento de pessoas das mais diferentes origens contra a ocupação da Palestina e seus campos de oliveiras pelo exército de Israel.
Concorrendo na mesma categoria estavam Lady of No Fear sobre Aung San Suu Kyi, de Burma, ganhadora do prêmio Nobel da Paz, e Father Marco Arana Zegarra in The Devil Operation, o grande vencedor!
Na categoria Award for the Most Valuable Documentary of the Year estavam Lixo Extraordinário, da diretora Lucy Walker, e To Figh For, do diretor argentino Gerardo Milszstein.
A noite de gala teve de tudo um pouco. Homens literalmente apresentando suas mulheres – no mínimo 20 anos mais jovens – como troféus recém-adquiridos, celebridades A e B, alguns astros de responsa e uma moderação muito caótica e sem roteiro organizado.
No total foram angariados 11.000 euros em leilões para as instituições sociais do Cinema for Peace. Bob Geldof evitou os jornalistas onde e quando pode e saiu à francesa, acompanhado por sua esposa. Afinal, era Valentine’s Day!
Diante de uma cerimônia extremamente longa, descoordenada e já no final da noite, Sean Penn sentado na mesa, acendeu um cigarro e ninguém ousou a repreendê-lo. Uma transgressão bem-vinda do Enfant Terrible de Hollywood frente a tanta pompa supérflua.
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